Top 5 do Eric Lang

Até o momento aconteceu alguns pulos de autores. Basicamente, chegamos nos autores de 6 jogos na última postagem com Richard Garfield e percebi que vários foram pulados. Alan Moon foi pulado, pois dos 7 jogos 4 são Ticket to Ride. Também pulei o Ludovic Maublanc, pois 4 dos 7 jogos que conheço são co-design com Bruno Cathala, já contemplado aqui. No embalo foi também o Corey Konieczka, pois me lembrou demais Kevin Wilson (muitos jogos com vários co-designs e como developer). Como já tinha achado meio estranho o do Kevin Wilson, resolvi passar pelo Corey direto. Por fim, pulei o Michael Kiesling, já que 4 dos 6 jogos que conheço são co-design com Wolfgang Kramer. Então, antes de continuar a listagem na ordem regular apresentando outros mais que conheço apenas 6 jogos, resolvi voltar e falar do Eric Lang. Vamos ao Top 5 do cara.

Se você acompanha os comentários ou nossa página do Facebook, rolou um pulo “secreto” de um autor no comecinho dessa série e foi justamente do Eric Lang. O motivo maior foi por conta da infinidade de LCGs e de jogos deste autor que não me agradarem tanto. Sendo que agora, após ter listado tantos Game Designers que não são de meu apreço, acho que o Eric merece esse espaço que eu tomei dele. Então, cá estamos nós. Eu já joguei 11 jogos do Eric Lang, então conteúdo não vai falar.

Eric Lang é um cara desenrolado. Ele é um dos poucos Game Designers que vive apenas disso já tem alguns anos. Isso é um bom indicativo, especialmente tendo lançado jogos por várias empresas distintas. Isso aumenta ainda mais sua credibilidade. Então, temos aqui um cara que está a muitos anos na industria. Esse fator do tempo, aliado ao gosto pessoal do autor, fez com que ele fosse extremamente cotado para a produção de LCGs e em parceria com a Fantasy Flight Games tivemos vários desses. Admito que conheci vários e insisti no gênero, pois imaginei que algum momento encontraria um que agradasse, ledo engano.

Com o passar dos anos, Eric Lang não ficou apenas nos Card Games e se tornou referência também nos jogos estilo Dude on a Map. Isto é, jogo tipo War. Sim, vários exércitos em um tabuleiro e a porradaria acontecendo. A questão é que, obviamente, os jogos do Eric possuem elementos dos jogos de tabuleiro modernos, assim como vários outros nessa linha lançados nos últimos anos. Por exemplo, Kemet, Cry Havoc, Cyclades e tantos outros. Não é simplesmente juntar o maior exército e ir dizimando os oponentes com a sorte dos dados ao seu favor. Requer estratégia, planejamento e, em alguns casos, negociação.

Agora, e minha opinião sobre os designs do dito cujo? Eu não gosto. Os jogos do Eric Lang são aquele tipo de jogo que precisa ser jogado múltiplas vezes para ser apreciado. Inclusive, são jogos que dão uma boa vantagem para os jogadores mais experientes. Isso, para mim, não é legal. Afasta jogadores novatos e até mesmo cria uma espécia de elitização em um hobby que, na minha cabeça, deveria ser receptivo. Como assim? “Ah, não vou jogar Chaos in the Old World com esses caras, só jogo com minha turma”. A afirmação faz completo sentido, pois o design do jogo proporciona esse comportamento. Logo, não digo nem que é culpa dos jogadores (tem um pouco sim), mas é culpa do Game Designer. Admito que em jogos mais recentes esse problema não é tão gritante, mas ainda existe. Afinal, quem souber todas as cartas do Blood Rage tem muita vantagem sobre alguém novato ou que jogou poucas vezes e não conhece bem os combos.

No final das contas, como todo Game Designer, o estilo agradar ou não vai do gosto do freguês. Tom Vasel e vários outros Youtubers adoram os jogos do Eric Lang. Como meu gosto nunca casou bem com esse pessoal, faz sentido eu não gostar dos jogos dele. Agora, deixemos de conversa fiada e vamos ao Top 5 malamanhado.

#5. XCOM: The Board Game (2015)
Eu adoro jogos em tempo real, mas nesse jogo achei completamente mal explorado. O jogo fica alternando entre fases com tempo real e sem tempo real durante a partida inteira. Isso é bem chato, pois cria-se aquele momento de dinamismo para depois lhe jogar um balde de água fria em um processo de resolução definido por dados. Achei completamente sem sentido essa parte de Output Randomness, isto é, definição do resultado após a definição da ação. Se você não se incomoda com isso, talvez lhe agrade mais. As escolhas estratégicas são poucas no decorrer da partida, pois se você fez uma escolha ela pode falhar pelo mero acaso. A experiencia que vivi desse jogo foi ficar lendo o aplicativo, seguindo suas instruções e depois jogando uns dados para ver o que acontece. A mecânica de Press your Luck é muito estranho e não gera a tensão que deveria, apenas frustração. Roberto, porque diabos esse jogo está na quinta posição? Falta de opção, meu querido leitor… Acho que se fosse dizer qual o pior jogo em tempo real que já joguei, seria esse. Não vou afirmar categoricamente, pois já joguei tanto jogo que posso ter deixado algum passar despercebido, mas com certeza XCOM estaria bem perto do fundo. Algo de positivo sobre o jogo? Acho que o aplicativo foi bem bolado.
#4. Marvel Dice Masters (2014)
Quarriors é um jogo bem fraquinho, especialmente por ser multiplayer. Dice Masters já corrige parte do problema sendo 1×1. Apesar das diferenças não serem apenas essas, eu não diria que Dice Masters é um jogo extremamente superior que o Quarriors. Como todo jogo 1×1, é um tipo de design mais fácil de fazer, pois não requer a preocupação com King Making e outros problemas que podem surgir em jogos multiplayer com alta interação. Então, é como se Dice Masters fosse uma correção do Quarriors por meio da alteração da contagem de jogadores permitidos. Pode soar engraçado ou até muito sacana de minha parte dizer isso, mas é o sentimento que fiquei. Adicionalmente, tem outro elemento extremamente irritante aqui: é um jogo colecionável. Bom, ao menos para mim. Existem outras pessoas que adoram e talvez Dice Masters seja um dos jogos prediletos deles. O que temos de positivo aqui? A franquia… Quem nunca quis montar um time de heróis para enfrentar outro time? Essa temática atrai a maioria do público jogador de tabuleiro e com certeza foi o que me convidou a conhecer o jogo. Além, claro, de conhecer jogos novos para estudo. A versão que joguei é essa da fotinho com alguns boosters adicionais.
#3. Chaos in the Old World (2009)
Pronto, chegamos na parte do Top 3 que existe positividade, ao menos alguma. Eu tive Chaos in the Old World tem um bom tempo. É um bom jogo. Um jogo bem elaborado e com um design bem inteligente. Acho a temática sensacional, pois somos todos demônios corrompendo o mundo, mas competindo enquanto isso. É um jogo totalmente assimétrico de um jeito bem diferente para a época que foi lançado. Chaos in the Old World seria como um Root de hoje em dia, se for comparar. Sendo que Root tem um conjunto de regras específico para cada jogador, aqui as regras são as mesmas, mas as facções jogam de fato bem diferentemente. Essa que é, para mim, a genialidade do jogo. Fazer um bocado de regras diferentes e “forçar” as facções a serem jogadas diferentes não é um feito tão grande. Afinal, você provavelmente terá um jogo deselegante, cheio de regras e um tanto confuso para ensinar. Agora o jogo conseguir com as mesmas regras transmitir sentimentos e maneiras diferentes de jogar, aí sim eu dou valor. Eu poderia até colocar esse jogo como meu Top 1 do Eric Lang, mas alguns elementos lhe tiraram essa possibilidade: só presta jogando com pessoas do mesmo nível de experiência, caso contrário será desbalanceado e até frustrante; e é um jogo para exatamente 4 jogadores, isso diminui muito as possibilidades de compor mesas mais variadas e até mesmo a oportunidade de colocar o jogo na mesa.
#2. Blood Rage (2015)
Uma versão mais acessível que o Chaos in the Old World. Aqui os jogadores não iniciam assimétricos, mas vão se tornando assim. Eu, particularmente, prefiro essa abordagem. Apesar dos elogios tecidos ao Chaos in the Old World pela sua assimetria, eu acho um pouco problemático assimetria desde o começo da partida, pois ela meio que dita como você deve jogar para vencer. Isso acontece com Terra Mystica e tantos outros jogos assimétricos. Não é comum existir múltiplas estratégias de vitórias viável em jogos assim. Até porque, convenhamos… Já é difícil elaborar a assimetria, agora querer que ela seja expansível é demais. Como estava falando, Blood Rage é muito mais palatável do que o Chaos in the Old World, sendo que tem um elemento que me deixa chateado: o Drafting. Para mim, aqui é puro Lazy Design e acho a estratégia de Loki muito poderosa para a “facilidade” em executá-la. Entretanto, apesar dos pesares, acho que a simplicidade do jogo, com as múltipla estratégias e diferentes combos, coloca-o na frente e em merecido segundo lugar.
#1. Rising Sun (2018)
É o jogo do Eric Lang que joguei mais recentemente e também o melhor que achei até o momento. Joguei muitas vezes? Não, mas o pouco que joguei conseguiu alavancá-lo a esta posição. Fiz um comentário enorme sobre o jogo na postagem de Julho do Desafio 100N do ano passado. Várias críticas e várias observações, mas uma coisa é fato: Rising Sun é redondinho e muito bem resolvido. A dinâmica da aliança funciona muito bem e é algo que poderia ser implementado em outros jogos de guerra, pois é raro ter um sistema de alianças que funcione e faça sentido. A única parte que me incomoda é a estratégia de vencer se matando. Acho que isso é a versão do Eric Lang de alimentar os trabalhadores. Isto é, uma mecânica sem muita graça, mas que está totalmente inserida no jogo. Eu entendo o propósito, entendo que insere mais uma camada de estratégia e que também é um diferencial grande, mas para mim não faz sentido viabilizar esse tipo de comportamento.

Pronto, não foi tão ruim assim, né? Eu gostaria de ter jogado Godfather e Arcadia Quest antes de fazer a lista. Tenho certeza que entrariam no Top 5, mas bom… Não rolou. Os outros jogos que conheço do autor são todos colecionáveis ou Senator (que é terrível e com uma jogabilidade muito estranha). Dos LCGs joguei quatro e insisti até bastante no Warhammer: Invasion, mas minha opinião é que os decks são criados para jogar contra outros decks e você fica vivendo eternamente nesse meta-game que, para mim, é a pior parte desse estilo de jogo.

E tome-lhe os 11 jogos que já joguei até o presente dia (22/03/2019) do Eric Lang:

É isso. Espero que a espera tenha valido a pena para os fãs e que não tenha sido tão frustrante. A seguir, retomarei os autores que conheço com 6 jogos. Não sei como farei com os que apenas cinco jogos, mas talvez tenha chegado o momento de dar um intervalo nessa série. E, quem sabe, retornar com listas atualizadas em alguns anos?

10 Comments

  1. Cesar Cusin
    22 de março de 2019

    Tenho Senator e gosto… Quarriors tive e vendi, me desencantei… A Game of Thrones: card game até daria outra chance… vc tem?

    Responder
    1. Roberto
      22 de março de 2019

      Tenho não, Cesar… De todos esses jogos que conheci do Eric Lang, só tive o Chaos e o Senator (que acho que é o que está na sua casa hehehe).

      Responder
  2. Cássio Nandi Citadin
    25 de março de 2019

    Ta ai um Designer polêmico hein. Aqui no grupo tem quem adora, tem que odeia e nem quer saber de chegar perto de caixas com o nome dele hehe

    Da sua lista joguei apenas Blood Rage, e veja só, foi o primeiro Dudes on a map que joguei quando comecei no hobby. Foram 5 partidas jogando ele errado e curtindo, mas a cada partida que uma regra era corrigida o jogo ia ficando melhor e melhor. Ultima vez que jogamos foi excelente, um jogo que merece ser rejogado mesmo. Mas isso traz essa situação que falasse, de criar um desequilibrio muito grande em quem começou agora. Pra mim o jogo com mais problema nisso é o Puerto Rico, onde tive experiencias terríveis tentando aprender enquanto a mesa me ofendia a cada escolha q eu fazia aehehioea “pow tais ajudando fulano!”. Enfim, espero um dia que pinte esse Rising Sun aqui na coleção de um amigo fissurado no tema.

    Grande abraço Roberto!

    Responder
    1. Roberto
      25 de março de 2019

      Fala Cássio!

      Com certeza, Puerto Rico é o exemplo primário disso… hehehe Um dos motivos de eu não ser fã do jogo. É um jogo com “jogadas certas” demais, por conta da interação dependente.

      Que coisa, você só jogou um jogo do Eric Lang? Ou tem algum fora da lista que tu jogou e curtiu?

      Abraço.

      Responder
      1. Cássio Nandi Citadin
        25 de março de 2019

        Oficialmente gosto de dizer que joguei apenas o Blood Rage. Joguei SdA: O Confronto, mas não joguei a variante que ele criou para o jogo do Knizia. Assisti uma partida toda de Godfather e curti o que vi, mas achei o take that ali meio perigoso. Joguei o TCG do Game of Thrones e achei terrível (okay, teria que jogar muito mais assim como qualquer jogo desse tipo).

        Responder
        1. Roberto
          25 de março de 2019

          Captei. =)

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  3. Fabio
    19 de fevereiro de 2020

    O Designer das miniaturas lindas rsrs
    Gosto muito de jogos com domínio de área e ao mesmo tempo war game.
    Blood rage foi o primeiro jogo com miniaturas que eu joguei, quase certeza! Na primeira partida, não tinha a mínima ideia de que carta ficar e de que carta passar; e isso de fato é cruel para com os iniciantes, mas depois de 2 a 3 vezes você já monta uma estratégia e já sabe com quais cartas ficar. Diferente do que você disse, não acho que isso seja ruim. Como pontos negativos, eu apontaria o fato de só a terceira era realmente importar, já que na primeira e segunda a sua pontuação é muito baixa – por mais que vc se saia bem – comparada com a terceira; e duas cartas muito roubadas da era 3, normalmente quem sai com a carta de dobrar as missões ganha fácil. Fora isso, um ótimo jogo!
    Rising Sun, miniaturas lindas, assimetria entre as tropas o q deixa o jg legal, mas ainda preferi o blood a ele. O ponto negativo fica por conta da resolução das batalhas q são bem demoradas.
    Quarriors, jogo com dados muito lindos. Gostava muito da questão de capturar criaturas para levar para o seu deck, mas o fato do fator sorte ser mais predominante estraga td o jogo.
    Tenho interesse de conhecer o godfather, arcadia e bloodborn.
    Xcom eu tive, mas me desfiz antes de jogar, já que falam q ele só roda bem com 4 jogadores.

    Responder
    1. Roberto
      20 de fevereiro de 2020

      Desde que montei essa lista eu joguei o Godfather. Impressões aqui: https://pinheirobg.com/index.php/2019/07/05/desafio-100n-2019-junho/

      Responder
  4. Hudson Moraes
    3 de maio de 2021

    Que diabos é LCG, que você fala a toda hora?

    Responder
    1. Roberto
      3 de maio de 2021

      Living Card Game. Se tiver mais dúvidas assim e não quiser esperar uma resposta de comentário, vê no Glossário (link acessível no menu superior). A maioria dos termos que uso tem lá.

      Responder

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