Top 5 do Wolfgang Kramer

Continuando a série de Game Designers, chegamos a um consagradíssimo que eu ainda estou devendo jogar alguns títulos importantes. Estou falando do alemão Wolfgang Kramer. O pai do track de pontos ao redor do tabuleiro e dos Action Points. Geralmente, Kramer faz parcerias com Michael Kiesling (que agora tá em alta por conta do Azul). Para ter uma ideia, dos sete jogos que conheço do autor, quatro são dessa parceria. Então, não são lá muitos jogos para montar um Top 5, mas eu consegui com certa tranquilidade.

Wolfgang Kramer já entrou para a história dos jogos de tabuleiro modernos. Acho que se tivesse algum monumento do tipo, ele estaria lá junto com Knizia. É inegável as contribuições e nível de inovação do cara em plenos anos 90. Seus jogos variam em estilo e peso, mas existe uma certa familiaridade entre eles. Alguns dizem elegância, outros dizem que são clássicos, mas eu, como reclamão que sou, diria que são jogos bem bolados e até com twists interessantes mas sem carne suficiente. É mais uma questão de gosto, mas o peso dos jogos do Kramer navegam no meu limbo pessoal. Isto é, não são nem pesados o suficiente para me satisfazer com as estratégias e raciocino durante a partida, mas não são leves o suficiente para deixar eu me divertir sem pensar tanto. É um sentimento um pouco estranho, mas esse deve ser um dos motivos do autor ser bem cotado, pois o estilo dele é um que pode agradar a muitas pessoas diferentes.

Então, é meio que esse sentimento que tenho com o Kramer: que a cabeça de Game Designer dele é bem diferente da minha. Talvez por isso eu não tenha ido tanto atrás dos jogos dele. Especialmente depois de uma experiência que foi bem decepcionante com um dos jogos dele. Apesar da lista ter sido até fácil de elaborar, foi um tanto difícil de ordenar. Bom, vamos às surpresas!

#5. The Princes of Florence (2000)
Esse foi o jogo que fui empolgadíssimo atrás. Jogo de 2000 que o pessoal ainda elogia até hoje? Eu tinha que conhecer. Nem me informei muito sobre o jogo, só vi que tinha umas peças estilo Tetris e um tabuleiro pessoal e fui em frente. O visual datado do jogo não me afastou. A minha única reclamação com relação ao visual são as cartas. Existem decks diferentes, mas não é muito fácil de diferenciá-los, pois usam a mesma arte. Um probleminha de design gráfico. Bom, consegui jogar o jogo uma vez e pronto. Motivo? O jogo é quase que totalmente centrado no leilão. Ele serve como mecânica de auto-balanceamento do jogo. O aspecto puzzle, que era a parte que mais me interessava, é bem pequeno e de pouco impacto. Provavelmente é o jogo que joguei do Kramer com melhor Game Design, mas não me cativou por conta do leilão. O jogo também tem uma certa curva de aprendizagem que você só capta durante a metade da primeira partida. Aí já é tarde demais. Como ninguém da mesa tinha jogado, foi todo mundo meio que na louca. Se você gosta de leilão e não se incomoda com curva de aprendizagem, pode ser um jogo que irá lhe agradar bastante.
#4. The Palaces of Carrara (2012)
Euro Game bem diretão e com várias maneiras diferentes de pontuar no final da partida. Ele insere um twist na maneira de adquirir recursos, mas é um jogo basicamente focado em “pontuar”. Eu não recomendo jogar a versão básica, a não ser que você realmente seja iniciante no hobby. Essa versão é bem sem sal, eu diria que até entediante. Então, o estilão aqui é como citei no começo do texto: um jogo com design redondo, mas sem muita carne. Durante a partida você ganha pontos também de várias maneiras, sendo que o que realmente importa é a pontuação de final de partida, rendendo mais que o dobro de pontos dos adquiridos durante a partida. Eu, particularmente, não gosto de jogos assim. Você meio que perde a noção de como está seu desempenho com relação aos oponentes, pois é possível o jogador que está lá atrás vencer a partida de lavada. Nada contra viradas, mas fica parecendo que os pontos obtidos durante a partida são irrelevantes. Tive na coleção, joguei algumas vezes, mas acho que faltou algo no jogo. Muito mecânico e pouco sabor. Nada contra jogos muito mecânicos, mas não sei, esse aqui não conseguiu me prender.
#3. Mexica (2002)
Típico jogo de Pontos de Ação do Kramer (junto com o Kiesling). Eu preferi o Mexica ao Tikal, talvez por conta da mesa ou o jogo que é menos propenso à Analysis Paralysis. Sim, pode estranhar, mas gosto é gosto, né? Tikal, o queridinho da galera, não me agradou. A impressão que tive de Mexica é que o jogo flui melhor e os turnos são menos demorados de uma maneira geral. Aparentemente são menos cálculos para fazer, pois normalmente você só calcula os somatórios das forças para o controle de área, enquanto que Tikal todo turno é um bocado de continha de somar os Pontos de Ação gastos para mover. O maior problema que tive com Mexica é a aparente (talvez real) vantagem que o último jogador possui. Afinal, como todo jogo de controle de área, o último a jogar tem aquela vantagem de ter a certeza de alguma coisa na pontuação. Pode ser impressão, pois geralmente damos muita importância aos últimos eventos de uma partida ou pode se real. Não tem como ter certeza, a única coisa que posso afirmar é que eu me senti beneficiado por ser o último.
#2. Nauticus (2013)
Eu chamaria Nauticus de uma versão melhor do Puerto Rico. Veja bem, eu respeito Puerto Rico como jogo, mas ele nunca me agradou. Acho scriptado e toda a dinâmica de “jogador novato estragar a partida” me deixa meio chateado. Jogos zero sorte assim me passam a sensação de competição exagerada, pois não há muita margem para erro e para divertir-se. Ao menos da maneira que eu me divirto. A similaridade com Puerto Rico está por conta do sistema de escolha de ações, que você escolhe uma e todos podem replicá-la. Obviamente, você ganha um benefício extra e tudo mais. Aqui a ação de “Passar” é válida e isso para mim é uma vantagem sobre a seriedade do Puerto Rico. Além disso, existe um senso de evolução durante a partida, pois você está construindo barcos. Então, é legal chegar ao final do jogo e ver a sua frota formada. Bom, apesar dos elogios, sempre há alguma crítica e achei o jogo meio sem inspiração (são várias mecânicas manjadas ali, nada inovador ou diferenciado) e também repetitivo. Com a repetição das rodadas, consequentemente uma hora você fica um pouco cansado com a repetição.
#1. Pega em 6 (1994)
Sim, o Top 1 é o velho Pega em 6 que a gente comprava por 10 reais quando a COPAG pensou em investir no mercado. Não sei por qual razão eles desistiram, mas faz uma falta esses joguinhos legais e super baratos. Eu diria que Pega em 6 é um Party Game, afinal comporta até 10 jogadores e é bastante aleatório com mais pessoas. É impossível prever o que vai acontecer, você até pode ter uma noção ou (se for muito competitivo) contar as cartas para aumentar suas chances. Entretanto, eu acho que a atmosfera do jogo é de descontração e risadas. Ao menos tem sido assim nas minhas partidas. É sempre uma boa alternativa quando aparece aquele grupo gigante para uma jogatina, mas cuidado… Se você sempre puxar Pega em 6, vai terminar pegando ranço. Felizmente, o ranço passa e você até começa a tratar o jogo como um carteado ou dominó. Isto é, um jogo que está ali apenas como função social e não como jogo mesmo.

E os outros jogos? Cadê o El Grande? Esse já entrou e saiu da Wishlist várias vezes, mas um dia consigo jogá-lo. Tenho a impressão que será nesse Spa dos Jogos, se ele estiver por lá. Imagino que entraria facilmente no Top 5. Outro jogo que sou curioso do autor é o Torres. Abstratão e tal, a única desvantagem são os Pontos de Ações, mas parece que são poucos. Você tem alguma recomendação que acha que agradaria? Deixe nos comentários.

Abaixo estão os 7 jogos do Kramer que joguei até hoje (15/02/2019):

Então é isso, a lista de Game Designers está acabando, mas ainda tenho alguns para visitar. Até a próxima!

7 Comments

  1. Cássio Nandi Citadin
    15 de fevereiro de 2019

    Tudo bem Roberto? Estava ansioso com esse Top 5 seu.

    Esperava que você tivesse jogado Torres, queria ver sua avaliação dele. Tenho na coleção Torres e Mexica, e gosto bastante… mas não o bastante para jogar eles (que curioso). Mexica pra mim é um ótimo jogo bem com a pegada clássica: tudo ocorre no tabuleiro, interação pesada mas indireta e não há cartas na mão nem informação escondida. Geralmente tenho preguiça de ensinar por essa questão do AP dos Pontos de Ação, mas entendo que repetindo jogo com os mesmos players esse fator poderia ir melhorando. Uma pena deixar um jogo desse encostado hehe

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    1. Hudson Moraes
      3 de maio de 2021

      Como é sua avaliação de Torres em relação a Santorini? (São jogos comparáveis?) Se Santorini for 10, Torres seria quanto? 15? 6?

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  2. Roberto
    15 de fevereiro de 2019

    Tudo certo, Cássio. 😉

    Bote fé, engraçado essa sua observação. Os jogos que tive do Kramer me despertaram esse mesmo sentimento (são bons, mas não faço muita questão de botar na mesa). Por isso terminei vendendo todos os que tive, até mesmo o Pega em 6.

    Tou curioso com o Torres desde sempre… Um dia jogo. hehehe

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  3. Fabio
    19 de fevereiro de 2020

    Mais um designer que eu só conheço os nomes dos jogos, mas nunca joguei nenhum.
    Tenho o mexica e devo por ele na mesa logo, logo.
    Passando o dia 15/03, devo rodar muito jogo meu 😉
    Enfim, sou louco para conhecer a trilogia das máscaras. Vejo muita gente que prefere tikal, outros mexica é a minoria cuzco. Como ainda n joguei nenhum deles, não tenho o que falar.
    El Grande é muito bem falado e por foto parece ser um jogo muito bonito! Sou louco para conhece-lo!
    Torres é outro com suas peças em 3D que quero muito conhecer.
    Colosseum é um jg que quero e ao mesmo tempo não faço questão de jogar. Tive uma cópia, mas acabei passando para frente.
    Pueblo é outro que parece ser muito top!

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    1. Roberto
      19 de fevereiro de 2020

      Até hoje ainda não joguei os que quero jogar hehehehe Espero que apareça a oportunidade.

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  4. Hudson Moraes
    3 de maio de 2021

    Poxa! Não fala assim do dominó! kkkkk
    Você já ouviu falar de dominó amazonense? Também conhecido como dominó ponta de 5. Tudo bem, é OUTRO jogo em relação ao dominó comum. É bem diferente. Mas é jogo de verdade.
    No Amazonas, anos atrás, um jornal local organizava torneios anuais em que a dupla vencedora ganhava um carro zero quilômetro. Por aí se tira a popularidade desse jogo por aqui.

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    1. Roberto
      3 de maio de 2021

      hehehehe não queria desmerecer, na realidade é um mérito um jogo conseguir isso. Só não é um estilo que estou disposto a jogar com constância.

      Desconheço, vou dar uma olhadinha. =)

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