Top 5 do Kevin Wilson

Depois do hiato de final de ano, com a conclusão do Desafio 100N e Retrospectiva, voltamos aos Tops dos Game Designers! Dessa vez venho com um nome um tanto diferente: Kevin Wilson. Digo diferente, pois Kevin Wilson é um dos Game Designers que trabalha para a Fantasy Flight Games. Isso é bem diferente de todos os outros que ou possuem Editoras próprias ou publicam com Editoras diversas. Isso não é uma qualidade ou defeito, é apenas uma característica. Alguns podem observar com maus olhos, outros com bons olhos. Já já digo a minha posição.

Kevin Wilson é um cara que vai na contramão dos meus gostos, eu classificaria ele como um Game Designer focado em jogos Ameritrashs. Esse é até um caminho bastante comum, pois Kevin foi criado no meio dos RPGs e trabalha para a Fantasy Flight que até pouco tempo era a “gigante” dos jogos nesse estilo. A questão é que o fato dele trabalhar para uma empresa e dos jogos dessa empresa terem muitos Game Designers envolvidos, é um forte indicativo que Kevin Wilson não é apenas um Game Designer, mas também um Game Developer. Isto é, ele apenas não realiza suas próprias criações, mas melhora as criações dos outros. Provavelmente esse deve ser o modo de trabalho de quase todo Game Designer envolvido com a Fantasy Flight. Eu respeito essa situação e até aplaudo. Acredito que deve ser uma excelente maneira de evoluir na área e se tornar cada vez um profissional melhor. Não tenho críticas quanto a isso, minha única divergência é de visão: eu não seguiria uma carreira na área. Não por não acreditar em seu potencial, mas simplesmente por ter praticamente a certeza que de fato trabalhar com isso (ir a um local e passar horas lá) iria me fazer desgostar de criar jogo e até de jogá-los.

Um pequeno detalhe: parece que nos últimos anos Kevin Wilson saiu da Fantasy Flight e está trabalhando em seus próprios jogos. Acredito que não joguei nenhum dos jogos dele mais recentes. Tenho visto alguns jogos dele pelo Kickstarter e outros pela Wizkids, IDW e outras Editoras.

Bom, passado desse ponto, o que posso falar sobre Kevin Wilson? Não muita coisa. Ele cria/desenvolve jogos temáticos e isso já cria uma tendência para eu me afastar dos trabalhos dele. Você que acompanha jogos de tabuleiro, talvez até desconheça o nome dele. O nicho dele é muito específico e não parece ser o nicho de pessoas que “seguem” autores, ao contrário dos fãs do Feld e Rosenberg por exemplo. Pois bem, joguei apenas oito jogos do cidadão. Eu usei o BGG como referência de jogos que ele é Game Designer, mas acredito que em alguns deles ele tenha sido “apenas” Game Developer. Bom, escolhi os que consigo melhores para montar meu Top 5. Sendo sincero, a lista não é tanto do meu agrado, mas pelo menos é composta de jogos diferentes entre si. Vamos lá.

#5. Cosmic Encounter (2008)
Aquele jogo que você não curte, mas que dado o histórico do Game Designer precisou botar no Top 5. Cosmic Encounter não é meu estilo de jogo, pois ele é praticamente todo voltado para negociação. Isso é tão perceptível que as raças são desbalanceadas, não tenho nem dúvidas quanto a isso. Acredito que o desbalanceamento seja proposital para que exista a necessidade de negociação no jogo. Isto é, os mais fracos se unirem contra os mais fortes, ou os mais fortes se unirem para vencer juntos e quem sabe rolar uma traição no finalzinho. Isso é Cosmic Encounter, meio que uma dinâmica social com um jogo por trás e é aqui que mora o problema para mim. Pra que um jogo tão cheio de habilidades se você quer resumi-lo a uma interação social? Não captei. É um jogo completamente dependente de mesa, já que se o jogador não pegar o espírito da necessidade de negociação o trem descarrilha e a partida será uma tristeza. Resumindo: não tenho nada bom para falar de Cosmic Encounter. Desculpem, mas foi a opção menos ruim dos que joguei.
#4. Arena Maximus (2003)
Jogo antigão da mesma série de jogos que Citadels fez parte. Devo dizer que para a época, a Fantasy Flight revolucionou com esses joguinhos de caixa pequena. Entretanto, para os padrões de hoje eles estão bem aquém em vários sentidos: componentes, balanceamento, experiência, etc. Entretanto, apesar disso, temos aqui Arena Maximus compondo o Top. É um jogo de corrida com porradaria basicamente, na época eu adquiri em uma troca por um simples motivo: ainda não desconhecia meu desgosto por jogos de corrida e sou fã de Rock N’ Roll Racing (jogo de videogame antigo com mesma pegada). Arena Maximus diverte a quem estiver interessado em se divertir. Claramente é um jogo descompromissado e para distribuir porrada nos amiguinhos. Portanto, requer o público ideal na mesa para que funcione bem. Lembro que os maiores problemas que tive com o jogo foram: a ordem de atividades de um turno não eram nada intuitivas e ficamos grande parte da partida relembrando a ordem para não errar; atacar não parecia ser muito benéfico, pois existe a chance do próprio atacante se dar bem mal; e a eliminação de jogador, não acontece tão cedo, mas pode acontecer antes da metade da partida. Resumindo: um jogo datado, sem tanto desenvolvimento em cima e que diverte se você for jogar com o pessoal certo e no clima certo.
#3. Wiz-War 8th Edition (2012)
Mais um jogo antigo e agora repaginado por Kevin Wilson. Wiz-War tem um tema que me agrada: magos se degladiando em um labirinto. A ideia me interessa, pois permite uma variedade de magias e interações que você pode usar como desculpa a temática para que aconteçam. A magia, literalmente, acontece aqui. O jogo é como se fosse um Capture the Flag com Last Man Standing. Isto é, você ou vence coletando tesouros que estão na “base” dos outros jogadores ou derrotando todos eles. mas que envolve vários jogadores e várias bandeiras. Por fim, achei o jogo com muita sorte no sacar das cartas, pois as cartas são muito situacionais. Se você pegar a certa, ótimo, caso contrário serão apenas lixo na mão. E também com muito Smash the Leader, na realidade aqui seria Smash the Weak, pois quem sofre mais é o jogador que não tem mais chance de vitória e nem conseque se defender.
#2. Elder Sign (2011)
Vou começar já tacando a reclamação no ventilador: a maior decisão que você vai tomar no seu turno é qual missão ir. Depois disso, vira um festival de sorte. Não me leve a mal, o jogo diverte e proporciona um umiverso em conteúdo, mas no final das contas as decisões são poucas. Motivo de ser o Top 2? Deve ser falta de opção. Gosto de jogo de dados, esse funciona relativamente rápido, especialmente se você comparar com todos os outros jogos do Xuxulu lançados pela FFG. Então, cá estamos nós.
#1. Descent 2nd Edition (2012)
Kevin Wilson criou a primeira edição desse Dungeon Crawler. A caixa era gigante e lotada de componentes. Nunca joguei essa primeira versão, mas joguei a segunda e devo dizer que é um bom jogo sim. Eu evito esse estilo de jogo, pois me lembra muito meus tempos de D&D, sendo que de uma maneira meio que incomparável. RPG é, querendo ou não, uma experiência imersiva, narrativa e até mais divertida do que um jogo de tabuleiro Dungeon Crawler. Então, se eu larguei RPG, não vejo muito sentido em jogar jogos nesse estilo. Entretanto, o sistema criado para Descent é muito bem elaborado. Existe evolução tanto dos personagens como do Overlord, sendo este uma espécie de “mestre” só que ele joga realmente contra os demais jogadores. O negócio é que para mim esses Dungeon Crawlers tem sempre um dos problemas a seguir: é totalmente cooperativo, se tornando um jogo estilo Pandemic, no qual os jogadores ficam um se metendo na jogada do outro, pois existem jogadas melhores que outras, fora que enfrentar Inteligências Artificias tende a ser enfadonho; exige um jogador controlando os monstros, criando uma experiência assimétrica que eu não gosto. Se o Overlord for competitivo, o jogo se torna estranhamente estressante e chato. Se o Overlord não for competitivo, o jogo se torna fácil e sem desafio. Resumindo: não tem caminho bom para mim e Dungeon Crawlers, mas apesar dos pesares é meu Top 1 sim, pela qualidade dos sistemas que existem no jogo.

Que Top 5 foi esse? Depressivo… Depois de Kevin Wilson, estou pensando seriamente em fazer o Top 5 do Eric Lang, mas acho que vou esperar a fila andar em todo caso. Veja bem, não é que Kevin Wilson seja um terrível Game Designer, ele só não bate em nada com meu gosto pessoal. Eu prefiro muito mais mecânicas ao tema e o forte do camarada deve ser o tema. Digo deve ser, pois não são temas que particularmente me agradem ou atraiam e, sinceramente, não vejo nada de imersivo nesses jogos (tirando Descent e Wiz-War).

Um jogo que com certeza estaria aqui seria o Game of Thrones. Entretanto, Kevin Wilson criou apenas a primeira edição e tiraram seu nome da segunda edição, que é a versão que joguei. Esse sim, para mim, é um jogo extremamente imersivo e bom, apesar de todos os zilhões de problemas de balanceamento. Talvez seja isso que falte para eu apreciar os jogos do Kevin Wilson: um tema que de fato me agrade e me prenda. Ou não, pois joguei Game of Thrones LCG e achei bem ruim.

Abaixo estão os 8 jogos do Kevin que joguei até a presente data (18/01/2019):

Alguma sugestão de jogo do Kevin Wilson que me agradaria? Por favor, aceito sugestões para dar uma chance de reformular esse Top 5 da Depressão. E eu achando que Bruno Cathala seria um problema… Passei até a admirá-lo mais depois dessa postagem.

8 Comments

  1. Cesar Cusin
    18 de janeiro de 2019

    Cara… Eu adoro dados… e adoro Elder Sign… concordo que nossa única escolha é sobre qual missão ir… mas ver os dados rolando e ficar na expectativa de algo bom para vc ou seus parceiros é prá mim massa demais… aliás, tem cartas e personagens que mitigam essa sorte… enfim, eu curto demais!!!

    Responder
    1. Roberto
      22 de janeiro de 2019

      Por isso é Top 2, Cesar… O jogo não tem muita decisão, mas ainda consegue divertir por conta dos elementos que você citou.

      Responder
  2. Lair Amaro
    18 de janeiro de 2019

    Eu sou iniciante. E aprendo contigo com suas postagens. Adiei por tempo indeterminado minha pretensão de criar jogos para usar em sala de aula. Vou me limitar a adaptar jogos já existentes. Mas fiquei interessado no jogo que tem labirinto. Obrigado, meu amigo.

    Responder
    1. Roberto
      22 de janeiro de 2019

      Obrigado pelo comentário, Lair. Acredito que com o tempo você vai adquirir mais experiência e ficar mais confortável com a ideia de criar jogos próprios. É bom que você sabe das suas limitações e, se quiser investir nisso, poderá superá-las com o tempo.

      Responder
  3. Cássio Nandi Citadin
    22 de janeiro de 2019

    Olha, ta ai uma nome que eu nunca vi, e olha que joguei Elder Sign até enjoar (sério, não posso mais nem ver o coitado). Não imagina que o mesmo cara teria trabalhado em todos o esses títulos.

    Ta ficando apertado fazer esses top 5 hein Roberto hehe

    Quem sabe vc pode começar a fazer alguns top 5 temáticos (corrida, fazenda, dungeon crawler) ou por mecânicas mesmo.

    Responder
    1. Roberto
      28 de janeiro de 2019

      Esses jogos da FFG sempre são uma lambança de Game Designers… A pessoa nunca sabe quem é de fato o criador mesmo.
      Boa ideia, acho que facilita hehehehehe Os autores estão cada vez mais difíceis, mas ainda tem alguns pra fazer…

      Responder
  4. Fabio
    19 de fevereiro de 2020

    Esse eu nunca joguei nenhum jogo e confesso que não tenha nenhum que me atraia.

    Responder
    1. Roberto
      19 de fevereiro de 2020

      É o típico Game Designer de jogos temáticos. Ou a pessoa tem gosto pela coisa ou não. Também não me agradam… São raras as ocasiões de jogos nesse estilo funcionarem bem comigo.

      Responder

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Scroll to top