Top 5 do Uwe Rosenberg

Por motivos de força maior, vou quebrar minha própria sequência. O próximo autor deveria ser um que conheço 11 jogos, mas não consegui formular um Top 5. Não é bem força maior, mas eu simplesmente não consigo encontrar 5 jogos que eu goste (ou pelo menos tolere) desse autor. Então, pulado e não vou dizer o nome. Quem sabe você pode tentar adivinhar? Então, seguimos para o próximo da lista, com 9 jogos. O mestre dos Worker Placement. O cara que adora uma fazendinha. Sim, o próprio Uwe Rosenberg.

Eu, particularmente, não vejo problema nos jogos do Uwe Rosenberg serem uma constante “evolução” de um para o outro. Muitos irão discordar de mim, pois vão dizer que Agricola é melhor que Caverna, mas eu acredito que ele continua tentando diversas maneiras para trabalhar, e melhorar, a mecânica de Worker Placement. Na realidade, eu não sei o que aconteceu com o processo de design do Rosenberg, pois ele começou com um jogo de cartas e negociação chamado Bohnanza. Talvez ele tenha se apaixonado pela mecânica e pelas possibilidades de encaixe temático com o tema mais amado por ele: fazendas. Só sei que a cada dia que passa, Uwe cria um jogo cada vez mais grandioso e cheio de componentes. Tivemos Agricola, depois Caverna e agora A Feast for Odin (que estou curiosíssimo para conhecer). Cada um maior que o outro.

Eu não tenho muitos comentários a traçar sobre este autor, somente destacar meu desapreço pela necessidade de alimentar seus trabalhadores. Entendo que em um Worker Placement é necessário penalizar de alguma maneira o jogador por ter mais trabalhadores, pois se não seria a estratégia vencedora sempre. Entretanto, eu gostaria de ver outras ideias e soluções para esse problema. Não sou do tipo de jogador que gosta de ser desafiado pelo jogo, mas sim pelos jogadores. Por isso prefiro o Caverna ao Agricola, a liberdade e facilidade do Caverna em alimentar torna isso apenas um elemento a mais no jogo. Enquanto que no Agricola é uma parte muito mais central do jogo.

Um outro comentário é que talvez o Uwe Rosenberg seja um designer de ciclos. Ele começou com cartas, criou alguns jogos, depois partiu para os Worker Placement e agora está em uma vibe de poliminós (peças tipo tetris). Eu acho isso interessante. Se ele de fato tiver esse processo de ir mudando de engrenagem, talvez traga uma perspectiva de títulos diferenciados em um futuro próximo? Imagine, Uwe Rosenberg criando um jogo de conflito? Hm… Vamos à lista.

#5. Agricola: All Creatures Big and Small (2012)
Conhecido entre os íntimos por Agricolinha, essa é a versão reduzida para 2 jogadores do clássico do Uwe. Na minha humilde opinião, esse jogo extraiu as melhores partes e excluiu as piores partes do seu pai. Não existe alimentação e não existem cartas. Maravilha. Para completar, o foco do jogo é nos animais. A parte mais fofinha e legal do jogo. Obviamente, por ser uma versão mais simples e para apenas 2 jogadores, é um jogo muito mais rápido e dinâmico. Não é um jogão, nem nada do tipo, mas me agradou. O sistema de pontuação final é mais simplificado e também menos “burlativo” (em Agricola, você podia chegar no final da partida e comer um ou outro animal e não ter prejuízo em termos de pontuação). Se você curte Agricola ou jogos Worker Placement e está querendo um jogo 1×1 leve, talvez chegou a hora de parar de procurar.
#4. Mamma Mia! (1998)
Na época que Uwe criava jogos de cartas (20 anos atrás), tivemos Mamma Mia! Talvez você nunca tenha ouvido falar desse jogo, mas eu cheguei para trazer ao seu conhecimento o melhor jogo de memória que já joguei. Sério. A dinâmica de Mamma Mia! é bem simples: cada jogador tem seu baralho pessoal de pizzas e todos tem acesso a um baralho geral de ingredientes. Na sua vez, você baixa um ou mais ingredientes iguais no forno ou coloca uma pizza no forno. A ideia é que depois, essa pilha gigante de cartas será virada ao contrário e vamos ver quem conseguiu fazer as pizzas com os ingredientes que existiam no forno no momento que sua pizza foi jogada. Simples e divertido. O jogo não é só isso, deixei uns detalhes de fora, mas a ideia base é você memorizar bem o que existe no forno e ter as cartas certas na mão quando a hora de preparar sua pizza chegar. É um dos poucos jogos que já comprei duas vezes e já vendi duas vezes. Quem sabe eu não compre novamente em outra oportunidade?
#3. Caverna (2013)
Eu ainda lembro quando Caverna saiu. Foi muito falatório. Alguns idolatrando, outros chamando de desnecessário. Eu demorei um certo tempo para conhecer, mas quando conheci percebi instantaneamente que eu estava no time Caverna (e não no time Agricola). Caverna não chega a ser um jogo mais leve, na verdade acredito até que seja mais pesado que o Agricola. Entretanto, a diferença aqui é o nível de punição que existe no jogo. Foi reduzido drasticamente. Caverna, para mim, é simplesmente mais divertido. Você consegue fazer mais coisas, sem ter tanta pressão por estar vivendo na Idade Média. Existem múltiplos caminhos para a vitória, múltiplos mesmo. Talvez o maior problema do jogo seja essa pluralidade de caminhos, pois todos as construções são abertas e estão disponíveis desde o começo da partida. Então, uma primeira partida de Caverna pode gerar algum receio ou dificuldade no que fazer com tantas opções, consequentemente gerando um bocado de Analysis Paralysis. Então, não é que Caverna seja superior em Agricola em todos os sentidos, é uma questão de preferência pessoal. Alguns preferem apanhar do papelão, eu prefiro apanhar dos meus oponentes mesmo.
#2. Ora et Labora (2011)
Eu não sou fã de jogos longos. Na verdade, eu evito bastante jogos que cheguem próximos de 3 horas de duração. Ora et Labora é um desses. Apesar de ter Worker Placement, não é o foco desse jogo. Na realidade, o foco do jogo é a construção do seu tableu pessoal, considerando de maneira bastante interessante a distribuição espacial dessas construções. Além disso, a camada de gerenciamento de recursos ficou mais forte em Ora et Labora do que na maioria dos outros jogos do autor. Gostaria de destacar a sacada dos recursos. Em Ora et Labora, existe uma espécie de roleta com os vários recursos e quantidades e ela vai girando com o passar dos turnos. Diferentemente de Agricola ou Caverna, que os recursos entram todo turno, basta um simples giro nessa roleta (não girar ela aleatoriamente, mas girar ela uma posição) para aumentar todos os recursos de uma só vez. Isso reduz drasticamente o tempo gasto com Upkeep durante a partida e também evita que alguém esqueça de colocar algum recurso em algum espaço.
#1. Patchwork (2014)
Patchwork não é mais jogo, por assim dizer, do que Ora et Labora ou Caverna. Entretanto, se eu tiver a opção de jogar os 3 eu escolheria Patchwork. É um jogo mais rápido, envolvente e do jeito que eu gosto. Por esse motivo está como Top 1. Concordo que os demais são designs mais arrojados e até melhores do ponto de vista de desenvolvimento, mas o Top 5 é meu e minha preferência pessoal é essa. Entretanto, apesar de gostar do Patchwork, eu tenho a impressão que se eu jogasse os demais títulos do Uwe com maior frequência ele estaria em uma posição mais baixa. Ou até se eu jogasse outros títulos mais recentes que utilizam os poliminós, estes passariam o Patchwork. Bom, como ainda não joguei nenhum deles, não tenho como afirmar com certeza e por enquanto esse é meu jogo favorito do autor. Um outro motivo para que este seja meu favorito foi a minha surpresa ao de fato conhecê-lo. Se você me perguntasse antes de eu jogar Patchwork se eu gostaria, eu diria que não. E cá estamos nós.

Já joguei a maioria dos “grandes” jogos do Uwe Rosenberg. Agricola não entrou no Top 5 por conta da fome. Acho um jogo muito burocrático e parece que estou de fato trabalhando. Eu diria que é um excelente design, mas não é um jogo que me diverte. Na verdade, não diria excelente, pois considero as cartas um problemão de desbalanceamento aqui.

Como já citei, estou interessado em conhecer seus jogos recentes de peças Tetris, como Cottage Garden, Indian Summer e Spring Meadow. Um dos jogos que mais tenho curiosidade é o Glass Road, não sei por qual razão, mas eu simpatizei com a mecânica das cartas presente no jogo. Tenho a impressão que gostaria. Com a chegada de vários desses títulos no Brasil, acho que ainda verei muito Rosenberg ainda e esse Top 5 com certeza vai ser modificado.

Cada vez menores as galerias, mas aqui estão os jogos que conheço do Uwe Rosenberg até a presente data (23/11/2018):

Por hoje é só. O próximo Top 5 será do meu Game Designer favorito. Tendo em vista os que já saíram até o momento, você conseguiria adivinhar?

10 Comments

  1. Cássio Nandi Citadin
    23 de novembro de 2018

    Curioso com esse designer não mencionado hein hehe

    Compartilho do sentimento sobre agricola, essa coisa de sofrer com alimentação da uma bad vibe. Joguei com cartas uma única vez e quase passei mal com a quantidade de coisas que tinha que pensar. Meio traumatizante.

    Pulei o Caverna por puro preconceito com tema sobre anões e gnomos.

    Sempre ouço elogios sobre essa solução de upkeep do Ore et Labora, legal vc ter descrito com mais detalhes.

    Melhor jogo dele pra mim hoje (não joguei tantos assim) é o Feast for Odin. Acho que tem todos os jogos dele ai em um só (talvez só não tenha Bohnanza hehe).

    Responder
    1. Roberto
      24 de novembro de 2018

      Opa, Cássio.

      O Game Designer que pulei foi o Eric Lang. Não porque ele seja terrível, mas porque eu odeio jogos de “campeonato” (LCG e colecionáveis) e joguei 5 dele. Então, ficaram apenas 6 para um Top 5. Nesse meio tem jogos que acho bem ruim, como Senator e Quarriors. XCOM até poderia ter salvação, pois adoro Real Time, mas esse é um daqueles que não desce. O esquema de fazer fases tempo real + fase de resolução tira toda a graça do jogo. Só sobrando os de controle de área dele, que são até bons, mas tem uma coisa que não gosto: a vantagem do mais jogador experiente é muito grande.

      Dá uma chance ao Caverna, não sei se você vai curtir tanto, pois o AP pode ser grande na primeira partida (e talvez até nas próximas hehehe) por conta da quantidade de opções.
      O Ora et Labora tem um pouquinho desse problema, mas não citei, pois ele pelo menos diminui um pouco, já que são várias estações e as construções só abrem nas estações. Sendo que como não são aleatórias, o jogador mais experiente vai saber quais são e tals. Então dá quase no mesmo.

      Curioso com o Feast for Odin, ainda mais ele tendo a ideia do Patchwork embutida lá.

      Responder
  2. SidoS
    2 de dezembro de 2018

    Jogo rápido. Toplist pra conhecer ASAP: Caverninha e Odin. Comprei e ainda não joguei Fields of Arle, mas a promessa é fortíssima. No mais excelente análise apesar de eu amar Agricola.

    Responder
    1. Roberto
      2 de dezembro de 2018

      Valeu, SidoS! Pois é, tou me coçando para conhecer o Odin hehehe

      Responder
  3. Emerson Andrade
    25 de janeiro de 2019

    Eu tbm odeio jogos que usem memória como uma skill para jogar bem, estranhamente adorei Mamma Mia e ri horrores
    Agrícola cresceu em mim depois de umas 5 partidas e agora é o meu favorito do Uwe.
    Boa lista

    Responder
    1. Roberto
      28 de janeiro de 2019

      Sério? Que surpreendente hehehehe (sobre o Agricola)

      Mamma Mia é massa mesmo… Especialmente comparado com outros no nicho dele (memória).

      Responder
  4. Fabio
    19 de fevereiro de 2020

    Uwe investe muito em uma mecânica que é a minha preferida, que é a alocação de trabalhadores.
    Único fator negativo que vejo nos jogos que já joguei é o tempo de jogo, já que são bem demorados. Por isso que prefiro jogar até 3 jogadores apenas, assim o jogo não fica muito cansativo.
    Agrícola foi o primeiro jogo que conheci do Uwe, fiquei bem perdido, não sabia para onde correr, ficava muito preocupado com a questão da comida. Depois de jogar mais duas partidas, já consegui montar uma estratégia melhor, mas desde a primeira partida foi um jogo que já me encheu os olhos.
    Caverna, muitos falam que é o sucessor do agrícola e de fato são bem parecidos. Achei um bom jogo, mas sou do time do Agrícola.
    Le Havre, esse jogo me surpreendeu. Ótimo jogo de alocação e construção. Não é tão punitivo como os outros já citados o que faz vc focar melhor na estratégia de pontuação. Para mim o melhor do Uwe que já joguei até então.
    Muitas pessoas não gostam do Uwe pela questão da punição na falta de alimentação, acho que no começo de fato isso atrapalha muito. Eu já vejo como sendo uma curva para aprendizado dos seus jogos.
    Quero muito conhecer Odin e Bohnanza.
    Já patchwork não me chama muito atenção, mas gostaria de jogar só para saber pq falam tão bem dele.

    Responder
    1. Fabio
      19 de fevereiro de 2020

      Outra coisa que deixei de mencionar é o fato dos jogos do Uwe terem o modo solo. Gosto muito de jogos solos para vc poder conhece-los melhor!

      Responder
      1. Roberto
        19 de fevereiro de 2020

        Eu uso modo solo só no começo… Quando tou aprendendo. Jogo até várias vezes, para tentar sanar todas as dúvidas. É uma boa maneira de aprender e se divertir ao mesmo tempo.

        Agora ficar jogando solo depois? É bem raro… Eu sou mais da descoberta do que do aprofundamento.

        Responder
    2. Roberto
      19 de fevereiro de 2020

      Talvez você tenha a mesma alergia que eu com jogos demorados hehehehe

      Patchwork é realmente um caso engraçado. Comprei achando que ia achar bem sem graça, mas gostei bastante. Sendo que a graça está mais na marcação cerrada e administrar o Time Track, do que na “montagem” do tabuleiro em si.

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