Análise do evento Protótipos em Jogos: Parte 1

Saudações pessoal, se você tem acompanhado as postagens sabe que levei meu jogo Teotihuacã para o evento Protótipos em Jogos, organizado pela Game of Boards que aconteceu dia 1º de Julho no Rio de Janeiro. Essa será uma série dividida em quatro partes, postarei duas hoje e mais duas na sexta-feira. Falarei sobre tudo que consegui assimilar nesse dia corrido: minha viagem em si, as mesas redondas, os Playtests, a competição, as premiações e, lógico, não pode faltar as Lições que aprendi. Espero que essa postagem ajude tanto o pessoal da Game of Boards, como os Game Designers interessados em participar dos futuros eventos, como também pessoas de outros estados que estejam pensando em organizar eventos similares.

Tudo começou de 3:00 da matina em Recife, quando acordei para chegar no horário ligeiramente cretino do voo: 5:30. Sim, muitas horas de antecedência, pois prefiro fazer tudo com calma à correria. O que é uma hora de sono a menos comparado com um voo perdido?

O voo chegou de 8:20, um pouco antes do esperado. Um aspecto bastante positivo, pois foi solicitada a presença dos Game Designers uma hora antes do usual, isto é, 9:00. Motivo: fazer gravação para o canal do Fabrício, o After Match. Na gravação, cada Game Designer deu um resumão do jogo (quantidade de jogadores, duração, mecânicas e premissa). O problema foi que a gravação não começou de 9:00, atrasou um bocado, deixando o cronograma da manhã do evento bem apertado. Não foi de todo mal, pois tive tempo de conhecer a loja, falar com o pessoal e montar a mesa do meu protótipo.

Mesa do Café da Manhã.

Antes, durante e depois das gravações tinha uma mesa com café da manhã bacana oferecido pela Game of Boards. Excelente ter esse rango ali, pois às vezes a pessoa sai de casa sem comer nada. Eu, por exemplo, tomei café da manhã de 3:00 e comi um bolinho de carne moída esquisito no voo umas 6:00. Claro que de 9:00 eu estava com fome de novo. Se não tivesse esse café da manhã, eu provavelmente teria saído para almoçar antes do final das mesas redondas.

Então, passado as filmagens e de barriga satisfeita, começou a primeira mesa redonda com vários Game Designers. Gostei. Obviamente teve a clássica pergunta de “tema ou mecânica?”, que já foi abordada por aqui. Um ponto interessante foi levantado por Fel Barros sobre a questão e que, após reflexão, concordei. Se você estiver começando a criar jogos, a melhor opção é começar pela mecânica. Justificativa? É mais fácil terminar um jogo que se começa pela mecânica. Afinal, a mecânica sozinha já é um jogo, mas o tema sozinho não é um jogo. Se você começar pelo tema, precisará ainda elaborar mecânicas que casem com o tema de modo coerente, e essa “procura” pela mecânica correta pode demorar. Vai gastar muito mais tempo na etapa conceitual e serão necessárias mais versões para verificar a aderência das mecânicas ao tema. Eu aprendi isso na marra (engavetando os dois primeiros projetos que começaram pelo tema) e achei que era simplesmente meu estilo, mas depois de ter criado vários jogos muito mais rapidamente começando pela mecânica, acho que a Lição é válida e seria o conselho que daria hoje. Então, Lição #A: comece seus primeiros jogos pela mecânica. Pode não ser o caminho mais glorioso, mas vai lhe dar ritmo e gás para outras criações.

Depois foi a mesa redonda das editoras. Achei o assunto abordado extremamente importante, mas não casou comigo tanto quanto o primeiro. Basicamente foi discutido sobre o mercado brasileiro atual e o seu futuro. Achei que teve muita gente, na primeira tinham apenas 4 pessoas, enquanto que esta tinha 7. Isso dificultou o bom andamento das perguntas e do tema abordado, pois houve muita repetição entre os participantes. Talvez perguntas de enfoque específico facilitasse a contribuição de cada editora para discussão, pois todas trabalham de maneira diferente. Umas produzem apenas material próprio, outras em geral apenas distribuem jogos de fora. Umas tem mais de 20 jogos, outras tem menos de 5 jogos.

Para concluir sobre as mesas redondas: acho que faltou uma melhor organização do espaço. As mesas de alguns protótipos já estavam montadas e, com isso, mais da metade do espaço foi tomado. Eu recomendaria não ter mesas de jogos montadas antes do início dos Playtests. Assim, deixaria um maior espaço para as pessoas sentarem e evitaria as conversas paralelas no fundão do salão. Claro que para isso acontecer, é necessária uma organização suíça dos horários, que é bem difícil.

Pois bem, as mesas redondas encerraram de 12:30 e fui almoçar. Continue essa saga na Parte 2.

Créditos das Fotos: Game of Boards.

2 Comments

  1. Uecslei
    14 de julho de 2017

    Não gosto dessa coisa de “começar pela mecânica”. Cada um deve tentar entender como trabalha melhor. Melhor fazer 1 jogo bem feito do que fazer 10 jogos porcarias.

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    1. Roberto
      14 de julho de 2017

      Concordo que cada um faz do jeito que engrenar melhor. A questão é que é difícil fazer um jogo bem feito quando não se tem nenhum jogo feito. E como a pessoa vai entender como trabalha melhor se nunca fez nenhum jogo?
      Se é para optar pela tentativa e erro, é melhor começar pela mecânica. Ela possibilita a pessoa a criar jogos mais rapidamente (pelo menos foi essa minha experiência) e isso possibilita ir aprendendo mais e mais como criar jogos. Eventualmente a pessoa aprende sobre seu próprio processo criativo e pode continuar pela mecânica, partir para o tema ou para qualquer outra abordagem (experiência, componentes, etc).

      Responder

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