Lá em 2017 eu comecei esse negócio e tenho feito desde então um encerramento, seja concluindo ou não o Desafio 100N. Mantendo a tradição, cá estamos nós novamente.
Se quiser ler as primeiras impressões de 202 jogos (sim 202 jogos), você pode acessar os links em ordem cronológica:
Jan | Fev | Mar 1 e 2 | Abr | Mai | Jun | Jul | Ago | Set | Out 1 e 2 | Nov | Dez
E aqui trago os jogos que achei mais bacanudos nesse ano. Veja bem, não são os jogos lançados em 2024, mas os jogos que conheci em 2024.
Melhores do Ano
#6. boop
Geralmente eu listo apenas 5, mas posso fazer um Top do tamanho que eu quiser. O blog é meu, né mesmo? Queria colocar boop aqui, pois foi o único jogo que quis adquirir no Diversão Offline e não consegui, pois esgotou lá e precisei esperar chegar nas lojas. Além disso, foi o jogo que usei esse período para meus alunos implementarem. Como sempre, bem legal ver o empenho deles e ver jogos até bonitos feito apenas no prompt de comando e usando a linguagem C. Adoro jogos abstratos e gostei de boop desde a primeira partida e depois foram mais 5. Não foram tantas, mas considero um número bacana para o primeiro de muitos anos.
#5. Lisboa
Antes de Lisboa, acho que meu jogo preferido do Vital era o Kanban. Ainda não sei se Lisboa é melhor, mas gostei viu? Não que eu seja fã do camarada, acho os jogos desnecessariamente complexos. Entretanto, aqui, pareceu na medida certa e sem tanto frufru (ainda tem, mas é menos). A “simplicidade” na espinha dorsal do jogo é bacana: jogue uma carta, compre uma carta. Claro que a partir desse jogar uma carta existem 500 ramificações, mas ainda assim, é bom pegar um jogo do Vital que tenta ser elegante.
#4. The White Castle
Excelente ratio de tomada de decisão por tempo. O jogo são poucas rodadas e poucas ações, dura apenas uma hora, mas você se sente como tendo jogado um jogão daqueles de 2 horas e meia. Acho que é o melhor jogo da Devir, ao menos desses novos e que são da Editora mesmo (e não apenas distribuição pro Brasil). Recomendo fortemente conhecer, especialmente se você é daqueles que até gosta de um Euro pesado mas se incomoda um pouco com a duração de alguns deles.
#3. Darwin’s Journey
Joguinho da “escola” (odeio esse termo) italiana. Os jogos realmente são similares e possuem até mesmo as mesmas mecânicas repetidas. Entretanto, achei que Darwin’s Journey (ao contrário de Golem, por exemplo) foi um aprimoramento e implementação de tudo que há de bom nesses jogos. Quase que compro para mim quando lançou aqui. Infelizmente, como nesse ano joguei muitos jogos diferentes, não joguei tantos jogos com várias partidas. Então, esses três Euros foram todos apenas uma partida para cada, tentei ordenar eles, mas acho que poderiam estar em qualquer ordem.
#2. Wonder Bowling
Sim, um jogo de destreza em pleno Top #2 e passando de vários Euros consagrados. Motivo? O jogo é de uma simplicidade genial. Você precisa bater com uma espécie de bola no tabuleiro para derrubar os pinos, igual a boliche. Só que, obviamente, derrubar tudo seria muito fácil: é só dar um porradão. Então, o strike é deixar um pino só. Genial. E aí você também tem objetivos que é deixar uma quantidade específica de pinos na pista após o seu turno… Só que aí, no seu turno, você não pode não derrubar nada, que aí é uma falha e também derrubar tudo é uma falha. Genial. Quando você falha, você recebe uma penalidade, que são mais objetivos para cumprir, o que faz com que você fique pra trás, mas ao mesmo tempo aumenta suas chances de cumprir algum objetivo (já que tu vai ter uma reca deles na tua frente, então quase qualquer configuração de pinos vai te ajudar). Genial. Por fim, o jogo é simplesmente divertido. Bater no negócio e conseguir um strike é de todo mundo na mesa comemorar ou (para os mais competitivos) se surpreender. Ia colocar esse como melhor experiência, mas mereceu estar aqui no Top #2.
#1. Em Busca do Planeta X
Estou indo atrás e conhecendo vários jogos de dedução e Planeta X foi um deles. Bom, não apenas qualquer um, mas o melhor. Comecei achando mais ou menos e com o tempo fui gostando cada vez mais. Acho que ter uma parceira para jogá-lo competitivamente também fez com que eu gostasse mais do jogo. A priori eu achei que o jogo tem uma certa dose de sorte, existem perguntas melhores ou piores a serem feitas dependendo da partida e isso é puramente sorte. Entretanto, quando você expande para a versão Expert (com mais setores) dá uma mitigada nisso. Ainda tem sorte? Claro, mas com o decorrer da partida e das perguntas isso vai tendo um impacto menor. Conheci esse ano e já foram 18 partidas (metade delas solo). Recomendo bastante e até agora não entendi estar em promoção, existem uns fenômenos esquisitos no mercado brasileiro.
Melhores Experiências
#3 Stack a Biddi
Joguei esse no Spa dos Jogos, já bebado de sono e descobri meu talento para empilhar coisas e formar linhas. Foi muito engraçado jogar esse jogo completamente morto e depois de jogar vários jogos mais pesados. É meio difícil descrever a sensação, mas deve ser a mesma de estar completamente drogado e alucinado. Alguns outros jogos nesse momento também foram bem divertidos, mas esse foi o mais empolgante e que mais me surpreendeu eu conseguir jogar direito mesmo extremamente cansado.
#2 Flip Circus
Coloquei aqui só pela experiência muito diferente. Eu comprei uns jogos lá na Alemanha antes de chegar em Essen e consegui jogar esse no trem com uma estranha. Cara de pau que chama? Li as regras na hora, expliquei o jogo em inglês, jogamos duas vezes e gostei do jogo. Uma série de eventos raros e incomuns que se transformaram em uma experiência supimpa.
#1 Watergate
Escolhi esse pois joguei três partidas com a boyzinha e as três foram interessantes. Watergate é um jogo assimétrico muito bem balanceado e disputado até o finalzinho da partida, qualquer pessoa pode vencer. Jogamos a partida alternando os lados para mudar a experiência na medida do possível e testar estratégias. Apesar de ter gostado da experiência, não faço muita questão de jogar novamente o jogo, a gente já meio que viu o potencial dele e as variadas interações que podem acontecer. Na verdade, escolhi Watergate apenas para ter um representante de todas as partidas que joguei com Domminique esse ano. Foram muitos jogos, muitos mesmo. Foi muito bom jogar trocentos jogos apenas nós dois. Eu já gostava de jogar apenas com dois jogadores, agora gosto ainda mais. Obrigado pela companhia.
Melhores Nacionais
Não conheci tantos jogos nacionais como ano passado. Ou conheci a não houveram tantos bons. Em todo caso, conseguir fazer um Top 3 novamente. O que é sempre bacana.
#3. Go Bomb!
Conheci esse no DOFF, joguei praticamente todos os jogos da Calamity Games quando visitei o estande e esse foi meu favorito. Tem lá seus defeitos, mas achei a proposta divertida. Basicamente é um jogo de ação programada em conjunto, o que dá uma interação entre os jogadores legal, fora as possibilidades de blefe.
#2. Golaço
Esse eu me surpreendi com o quão divertido foi a partida. Talvez tenha sido a união de atmosfera mais brotheragem. Foi mais um que conheci no DOFF. Quase que comprei, inclusive, mas achei o valor elevado. Acho que estava 150 ou algo assim na feira. Inclusive, depois de ir para Essen estou achando muito esquisito os valores dos jogos lançados para depois sair nas lojas por preços sempre mais baratos. Assim, eu entendo, tão se aproveitando do hype e do FOMO, mas acho cansativo essas práticas.
#1. Àiyé
Minha maior crítica pro jogo é o nome. Muito difícil de lembrar a ordem das letras, os acentos e afins. Bom, temos aqui um jogo mais pesado que os acima e com mais sustança. Basicamente é uma reimplementação de mancala, feita de um jeito bem diferente e legal. Tão de parabéns.
Maiores Surpresas
Geralmente eu coloco apenas um, mas foram 200 jogos novos. Então, resolvi listar pelo menos três.
#3 The Fox in the Forest
Eu odeio jogos de Trick Taking, também conhecido como vaza. Se você não sabe o que é, eu explico: é uma dos estilos de jogos com baralho comum. Um jogador inicia a rodada jogando uma carta e os demais jogadores precisam seguir o naipe e ganha a rodada quem jogou a maior carta. Se você não tiver uma carta do naipe na mão, você pode jogar qualquer carta, e é aí que geralmente entra o naipe de trunfo, que bate em todos os outros. Nunca vi graça. Acho que nunca clicou comigo simplesmente. Meu problema parece ser a contagem de cartas e a necessidade de estar usando memória constantemente. (esse texto introdutório está exatamente igual à melhor surpresa do ano passado: The Crew). A diferença é que The Crew me ganhou por ser cooperativo e diferente. Esse jogo me ganhou por ser apenas para dois jogadores. Tudo ficou mais fácil: contar carta, bolar alguma estratégia. Só que o diferencial mesmo, foi ser possível ganhar pontos perdendo tricks. Eu, como imenso apreciador de perder tricks (hehe), achei isso muito legal, pois você pode conseguir vencer a partida mesmo tendo uma mão bosta. Mitigação de sorte extrema aqui. Gostei mesmo. Alguns jogos tentam fazer o mesmo, mas é sempre de maneira enrustida. Isto é, você ainda ganha mais pontos vencendo. Então, parabéns The Fox in the Forest pela coragem de apreciar a derrota como vitória.
#2 Challengers!
Esse me surpreendeu tanto positivamente que comprei. E olhe que comprei antes de flopar totalmente e entrar em promoção. O chato é que ainda não botei minha cópia na mesa. Challengers! é como se fosse um super campeonato jogado em menos de uma hora por até 8 jogadores. Essa premissa é muito boa e realmente funciona. Existem decisões no jogo, apesar de não parecer tanto. Existe também muita sorte, mas como o jogo é rápido e as rodadas são extremamente rápidas, você nem sente muito. Vamos ver se em 2025 eu boto minha cópia pra ver mesa.
#1 Torres
Joguei vários jogos antigos do Kramer & Kiesling e nenhum me cativou. Sempre achei a mecânica de Pontos de Ação datada, sem graça e que gera muito Analysis Paralysis. Torres me surpreendeu pois propicia uma boa experiência de jogo mesmo com tanta coisa “velha” presente nele. Não posso nem dizer que gostei por conta da natureza abstrata do jogo, pois os demais são assim também. Algo aqui me pegou, não sei bem dizer o que é. Talvez os Pontos de Ação serem poucos? E você já meio que gastar alguns deles posicionando as torres? Talvez o controle de área seja mais interessante do que os outros jogos da dupla? Sei lá, sei que gostei e quero jogar outras vezes.
Ano passado eu falei que provavelmente não iria bater o recorde, mas não imaginei que fosse para tantos eventos esse ano. Acho que o recorde desse ano é o que nunca mais eu bato. Mas vai que eu me surpreendo de novo? Espero que tenha gostado do Desafio e de acompanhar essa saga.