Desafio 100N (2024) Março II

Segunda parte da saga de Março. Jogo demais.

035. Leaf (2023)
Jogado uma vez com 4 jogadores.
Lá vou eu de novo com jogo família. Vocês já repararam no tanto de jogo com temática de natureza e bichinhos tem sido lançados? Aqui envolve os dois, pois tem a parte das árvores, mas também tem uns animais que você baixa e dão pontos por Set Collection. Leaf meio que se faz no gimmick de você fazer Tile Placement com um formato nunca antes utilizado: folhas. Sim, não é quadrado, não é hexagonal, são formatos de folhas. Para completar: existem formatos diferentes de folhas. A ideia pode parecer incrível, mas é realmente só um gimmick, é quase como se você usasse tiles hegaxonais, mas que só alguns dos cantos funcionam para conexão e para ativação das ações. Então, no começo achei interessante e diferente, mas depois perdeu o brilho. Além disso, o jogo é bem simples e, como maioria dos jogos famílias, eu não senti que tinham tantas decisões interessantes assim para uma experiência mais estratégica. O avanço do Sol, por exemplo, poderia ser uma possibilidade de decisão, mas não rola. Afinal, você pode decidir avançar assim que dá ou deixar pra depois, pois é no momento do avanço que você baixa animais, mas adiar só faz você fazer depois dos outros e ganhar menos pontos. Então, o avanço do Sol aconteceu (sempre) no momento que o jogador tinha recurso para fazê-lo, em vez de aguardar o melhor momento para baixar os animais. Meh. Jogar duas cartas iguais para ganhar cogumelo automaticamente não é tão bom quanto parece, na verdade é meio que uma armadilha, pois fiz isso duas vezes e depois joguei sempre desesperado para não faltar cartas. Em suma, achei que algumas decisões de design não fizeram muito sentido mesmo. Talvez o jogo faltou desenvolvimento para deixá-lo mais coerente. Não achei de todo ruim, mas não faço questão de jogar novamente. Sinto que vi tudo do jogo apenas nessa partida.
036. Wild Tiled West (2023)
Jogado uma vez com 5 jogadores.
Jogo exageradamente grande, com uma produção bem avacalhada para um simples jogo de poliomino. Eu até que gostei desse, mas realmente a produção é exagerada, tem umas bandejas com buracos para você colocar os tiles. Em todo caso, desconsiderando a produção, o jogo é interessantezinho. Você tem vários tiles para adquirir, mas a disponibilidade deles é definida por dados rolados e seus números. O que pode gerar uma aleatoriedade muito não bem vinda e desnecessária. Alguns tiles podem nunca sair até que vários outros sejam esvaziados. Só que a pior parte para mim foi o Downtime. Joguei com 5 jogadores e acho que foi um pouco demais. Como é um Open Draft, você precisa  aguardar todos escolherem até você realmente poder escolher sua peça e isso faz com que você passe muito tempo simplesmente aguardando, já que não tem como ficar se planejando e as decisões não são tão difíceis assim para você ficar pensando nelas fora do seu turno. Jogaria novamente, mas apenas com 2 jogadores, talvez 3 jogadores.
037. Big Five (2020)
Jogado uma vez com 4 jogadores.
Jogo levinho do Reiner Knizia, tava até achando que podia ter algo aqui, mas não tem. Muito leve e um pouco entediante. Existem algumas marcações que você pode fazer, mas, no final do dia, as decisões são bem rasas. Joga bem rapidinho, então não foi tão ruim assim a experiência. Talvez um problema que você precise saber é que ocupa um espaço monstrengo na mesa. Muito espaço para o quão complexo o jogo é. E o fato de ocupar muito espaço nem deixa uma mesa vistosa e bonita, é só ocupando espaço com feiura mesmo.
038. Savernake Forest (2023)
Jogado uma vez com 3 jogadores.
Nomezinho esquisito, fui até pesquisar sobre, pelo visto é um local real. Interessante, pois estava sem entender o nome achando que Savernake era algum adjetivo que ninguém conhecia em inglês. Jogo nacional do prolífico Rodrigo Rego, acho que o camarada já lançou jogo por cada uma das Editoras nacionais. Parabéns. Savernake Forest é um jogo simples e rápido em um bom sentido. Entretanto, eu preciso jogar uma segunda partida para apreciá-lo totalmente, pois joguei errado um negócio: eu achei que só podia ter apenas uma toca por animal. Isso me deixou bem frustrado e fiquei achando os animais desbalanceados na partida que tive. Então, apesar do erro, o jogo até que me agradou, esperando a segunda experiência jogada corretamente.
039. Pyramido (2023)
Jogado uma vez com 4 jogadores.
Existem vários jogos de Open Draft que são puzzle: Cascadia, Calico, Azul, Sagrada, etc. Ora, o próprio Savernake Forest aí acima é um desses. Parece que virou uma crescente dos últimos anos. Por sinal, isso me lembrou que preciso escrever na coluna Engrenando essa mecânica. Eu gostei da premissa de Pyramido e até gostei do puzzle. Entretanto, chega no final e tudo foi cagado com o problema de sempre: a última peça colocada pode destruir tudo que você fez até o momento por puro azar. E foi isso que aconteceu aqui, ao vivo na partida. Tudo bem que eu não venci, mas joguei a partida toda fazendo menos pontos que todo mundo, mas na última rodada dei muita sorte e quase virei o jogo (só perdi por 2 pontos, coisa que antes a diferença era de uns 10 pontos). Isso me chateia profundamente e fico, sinceramente, sem entender como essas coisas acontecem. Talvez o jogo simplesmente pudesse parar na penúltima rodada? Eles sempre tentam mitigar isso dando habilidades ao jogador, mas que se ele usar durante a partida se lascará no final. Sei não, talvez poder escolher o que quiser dentre todas as peças que sobraram? Nem ideia. Mas achei triste esse final anti climático. Esse foi o último jogo do Sábado e entrou pelo Domingo.
040. Viking See-Saw (2021)
Jogado uma vez com 4 jogadores.
Visando finalizar a madrugada sem precisar pensar tanto, jogamos uns jogos de destreza. Primeiro foi esse. Um jogo de destreza do Reiner Knizia. Que? Isso mesmo. O joguinho é bem simples, todo turno você precisa colocar uma peça sua do lado do barco que está levantado e não tombá-lo de lado. Ou se for tombá-lo, não derrubar tantas peças assim. O legal do jogo é que os jogadores possuem peças de formatos e pesos distintos, o que dá decisões interessantes ao escolher qual peça colocará no barco. Jogaria novamente, talvez até comprasse esse joguinho.
041. Stack-A-Biddi (2012)
Jogado uma vez com 4 jogadores.
Mais um de destreza para finalizar a madrugada sem raciocinar. Sabe quando você vê um jogo e já sabe como jogá-lo? Esse é Stack-A-Biddi. Um jogo com paralelepípedos com caminhos desenhados. O que fazer? Empilhá-las formando um caminho. A caixa demonstra perfeitamente o jogo e o jogo é “só” isso mesmo. Me diverti bastante e gostei do jogo, mas claramente iria enjoar depois da segunda partida: é um jogo muito de velocidade. Existe alguma atividade mental para posicionar os melhores paralelepípedos nas melhores posições, mas no final do dia é velocidade que ganha o jogo.
042. Cordis (2010)
Jogado uma vez comjogadores.
E fechamos a madrugada com um Trick Taking. Que eu já não jogo direito acordado, imagine depois de horas e horas de jogatina? Entretanto, Cordis é muito simples. Não possui cores, são só números de 1 à 50 e pronto. Não achei de todo mal o jogo e até jogaria mais uma vez com um pouco mais de cabeça para avaliá-lo melhor. Ah, Cordis é mais um jogo do Reiner Knizia. Só nessa parte já escrevi sobre três jogos dele. Minha maior reclamação vai para as cores e para o tamanho dos componentes. Tanta cor para usar e botam um azul bebe e um rosa clarinho. Assim me quebra.
043. Quix! (2023)
Jogado uma vez com 8 jogadores.
Depois de mais uma má dormida, começamos o dia com Quix! Mais um jogo estilo adedonha. Só que dessa vez é mais estilo adedonha do que os outros: existe restrição de letra (e apenas uma letra) e também restrição de categoria. É, literalmente, uma versão de tabuleiro do clássico da infância. Infelizmente, o jogo tem uma série de problemas. Demora demais para sua proposta, nossa partida durou 50 longos minutos. Às vezes 50 minutos não é tanto tempo, mas aqui pareceu duas horas. Fora isso, o jogo pode ser bem injusto. No seu turno você rola um dado para definir como será a sua vez. Se você tirar jogar individualmente, você sozinho pode ganhar até 4 pontos, nas demais categorias você disputa com os outros jogadores e vai ganhar algo variado (mas disputando com outros, logo, não depende só de você). Eu teria removido essa possibilidade do desafio solo, pois quem rolou ele mais vezes claramente irá vencer a partida. Adicionalmente, o jogo tem uma mecânica que dá cartas para quem estiver ganhando pontos, um duplo benefício para quem já está rumando para a vitória. Não jogaria novamente e entendo o escândalo desse jogo ter chegado ao Top #1 da Ludopedia por conta de vários usuários recém cadastrados na plataforma terem ido lá dado nota.
044. Mountain Goats (2010)
Jogado uma vez com 4 jogadores.
Apesar de ser de 2010, eu nunca nem ouvi falar desse jogo, mesmo sendo uma cópia melhorada do Can’t Stop, jogo que já tive e gostava. Foi bem massa conhecer esse jogo, pois é legal ver algo ser copiado e melhorado, especialmente Can’t Stop sendo tão antigo quanto é (1980). Mountain Goat ganha de Can’t Stop em todos os sentidos. Aqui você tem mais interação, pois você pode chegar no topo de uma trilha e permanecer lá ganhando vários e vários pontos, mas apenas até algum outro jogador chegar lá para lhe derrubar. Existe mais decisões, pois o momento de chegar ao topo é muito importante: chego agora e ganho meu ponto com risco de cair já na próxima, ou espero meu oponente subir para derrubá-lo e ficar mais tempo? E tudo pode acontecer, você esperar seu oponente e ele também não subir ou você pode subir e ele não lhe derrubar. Tudo isso em uma caixa bem pequena e com vários meeples fofinhos de bodes. Se eu encontrar esse jogo por aí, eu compro.
045. FEAR (2017)
Jogado uma vez com 3 jogadores.
Friedemann Friese: louco ou gênio? Parece que o criador de Power Grid nunca mais engatou nada na vida e acho que a razão é por ser muito loucão. FEAR é um jogo que não tem regra, elas vão se formando a medida que você joga. A priori achei a ideia loucona e esquisita. Depois de jogar, continuei achando loucona e esquisita. Eu, particularmente, não gosto de jogar no escuro. Inclusive, por isso, eu não curto muito aquela ideia: vamos aprender jogando. Não, não. Me ensine as regras todas e vamos jogando sabendo elas e, se houverem dúvidas, perguntar no caminho. Nunca não por não ter recebido aquela informação, mas simplesmente por ter esquecido. Então, claro, não gostei tanto assim do FEAR, mas percebo o potencial de abrir um jogo e já seguir jogando com ele lendo apenas uma carta de regras. O problema para mim, não é só jogar no escuro também, achei ruim as regras irem surgindo no decorrer da partida, o que me gerou desconforto de ter que ficar lembrando as novas regras inseridas. Para mim, é mais fácil já ter tudo estabelecido no começo, do que começar sem alguma regra e ela surgir do nada. Para mim é contra intuitivo e esqueço mais facilmente de regras inseridas dessa maneira, pois na minha cabeça o jogo já era de um jeito X, depois que ficou de um jeito X+Y perdeu parte do sentido e essencia inicial. Não conseguimos jogar todo o baralho, pois foi o último jogo do Spa, mas deu para ter uma boa noção de como o sistema funciona. Not a fan.
046. Regicide (2020)
Jogado uma vez com 3 jogadores.
Finalmente joguei o joguinho que as pessoas confundem com o meu. Quase mesmo nome, lançado no mesmo ano, mas nada a ver um com o outro. Meu jogo é competitivo e esse é cooperativo, já aí temos a diferença gigante entre os dois. Regicide é um jogo que utiliza baralho comum, fiquei impressionado como conseguiram pensar em um jogo que usa todas as cartas e tudo faz sentido. Especialmente sendo um cooperativo com habilidades especiais por naipe. Gostei de ter restrição de comunicação, mas achei muitas regrinhas para tal, poderia simplesmente dizer: não pode comunicação e pronto. Caso contrário, fica naquela de “posso dizer isso? e aquilo?”. Eu tenho percebido cada vez mais a elegância de dicas ser um recurso, primeiro percebi com Hanabi e mais recentemente com The Crew. Mais jogos deviam fazer isso.
047. Conspiracy (2019)
Jogado uma vez com 3 jogadores.
Jogo no mesmo universo de Abyss, mas sem muita conexão. Tudo bem, tem algum aspecto de Push Your Luck, tem a coleta de mais cartas com base das escolhas do jogador anterior, tem criação de cidades ao juntar as chaves. Eita, parece que tem até algumas coisas em comum, né? Mas o feeling é bem diferente. O que não necessariamente é algo ruim. Minha maior crítica ao jogo é o fator sorte, achei os personagens que dão 6 pontos muito fortes. A penalização dele não é tão pesada e, na verdade, é mais uma potencial ajuda para o jogador na sequência, mas pode nem ter peso, pois entrou uma carta inútil para o oponente. Outro problema são as cidades, você pode pegar uma que lhe ajude ou não. Mesmo puxando três, pode vir apenas tudo inútil para você e ótimo para os oponentes. Tirando isso, uma partida dura uns 30 minutos, o que me deixa animado a jogar mais vezes.
048. Cat in the Box (2022)
Jogado uma vez com 3 jogadores.
Lá vem, mais um Trick Taking. A diferença é que aqui o jogo tem uma vantagem enorme sobre os outros, ao menos para mim: não requer memorização de cartas. Um tabuleiro mantém registro de tudo que foi jogado. Pode soar estranho, mas faz parte da dinâmica do jogo das cartas não terem cor e você definir quando joga as cartas. Achei toda a ideia simplesmente genial. Entretanto, apesar disso, achei que o jogo tem umas pontuações muito discrepantes. Tanto por conta do paradoxo como por conta de acertar a aposta realizada no começo de cada rodada de quantos tricks você acha que ganhará. Acredito que foi a intenção de gerar momentos grandiosos, mas termina que essas variações grande de pontos me gera um certo incomodo. Em todo caso, como achei a ideia muito inteligente, topo jogar novamente para observar mais do jogo.

Ufa. Cabou.

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