Desafio 100N (2023) Julho

Depois de Fevereiro e Junho, esse ano ficou fácil. Como será que foi o mês de férias?

090. Star Wars Love Letter (2022)
Jogado apenas uma vez com 4 jogadores.
Muitos jogos de Love Letter ainda saindo, mesmo o original tendo sido lançado mais de 10 anos atrás. Incrível. Eu não gosto de Love Letter. Acho um jogo rápido, aleatório em más medidas. Eu gosto de jogos de dedução, mas a dedução do jogo original é pouca. Nesse jogo é ainda pior: a dedução é menor ainda, existem menos cartas para adivinhar e cartas extremamente poderosas e aleatórias. Tem duas cartas que eliminam o jogador se ele tiver uma personagem de uma das duas facções na mesa? Eliminação de jogador com 50% de chance, muito avacalhado isso. A partida que joguei durou 3 rodadas e eu fui eliminado antes de jogar em duas delas, demonstrando o quão pior ficou essa versão. Talvez o tema agrade alguns, mas achei uma involução do jogo original.
091. King Me! (2004)
Jogado duas vezes com 4 jogadores.
A história de aquisição desse jogo é um pouco engraçada e eu contei na coluna de Chegadas e Saídas. Bom, eu tinha uma ideia da dinâmica do jogo, mas não conhecia tudo e quando li as regras achei que o jogo ia ter um defeito que observei em outros jogos onde há identidade secreta mas os jogadores podem ter a mesma entidade. Que é o caso aqui, você quer ajudar 6 personagens e podem ter personagens coincidindo entre as pessoas na mesa. Certo, mas qual o defeito? Simples: quem tem a maioria de personagens em comum com o pessoal da mesa vai vencer. Talvez seja uma realidade, mas o jogo é tão rápido que você joga meio que três vezes (o que mitiga isso, já que modificam-se os personagens) e também existe uma dinâmica interessante de votação ao coroar um personagem, que basta apenas um jogador votar contra que dá errado e o personagem morre indo de 10 (coroado) para 0 (morto?) pontos. Então, acho que o jogo por meio das mecânicas driblou esse problema que eu achei que teria. Me surpreendi, até pelo jogo ser bem antigo. Eu gostei das duas partidas que joguei, mas claramente é um jogo caótico e aleatório. Acho o Regicida mais estratégico, com mais dedução e com mais blefe envolvido. O que deixa ambos bem diferentes: um mais cabeçudo e o outro mais descompromissado. Pretendo jogar King Me mais vezes, ver se roda legal com 5 e 6 jogadores. A caixa é meio gigantesca (bastante vento aqui) para os componentes que vem dentro e também para a experiência que o jogo proporciona. Tudo isso por culpa do tabuleiro. Que, talvez nem precisasse… Mas com certeza deixa o jogo mais vistoso na mesa.
092. Knock Knock Dungeon (2020)
Jogado quatro vezes comjogadores.
Jogo cooperativo em tempo real que a gente passa o jogo todinho calculando quanto falta pra somar 5 usando números nos quatro cantos de uma carta. Achei enfadonho, jogamos quatro vezes no mesmo dia e para mim já deu para toda a vida. Se você quer fazer um cooperativo em tempo real, não faça um que precise fazer contas rápidas, é o jogo do cobrador é? Oxe… Ou o jogo cooperativo em tempo real é bastante descerebrado (estilo Escape) ou ele usa o tempo real como um desafio adicional de você conseguir realizar tudo que deseja naquele intervalo de tempo (Bomb Squad, Space Alert). Realizar contas rapidamente não é algo estratégico, tático ou sequer inteligente, só é chato mesmo. Fora ser bem repetitivo.
093. Attack on Titan (2017)
Jogado apenas uma vez com 4 jogadores.
Achei bastante desequilibrado para o Titã, ao menos com 4 jogadores. Fui pesquisar sobre e vi que com 3 é o contrário, o Titã toma uma surra. Então, na realidade, o jogo é mal balanceado mesmo. Esperado, afinal, quem é o Game Designer? Antoine Bauza. O jogo tem umas boas ideias, mas no final das contas não se segura por conta da quantidade exorbitante de sorte que existe. Não jogo de novo nem a pau. Fora que jogar como o gigante me pareceu ligeiramente sacal, você tem pouquíssimas escolhas. Seria melhor que fosse automatizado e não acho que seria muito difícil de fazer.
094. Apocalypse Chaos (2015)
Jogado quatro vezes com 1 e 2 jogadores.
Já tinha jogado solo mês passado, mas tenho esperando jogar o jogo com outras pessoas para realmente ter uma opinião mais abrangente do jogo e colocar aqui no Desafio 100N. Aconteceu algumas vezes já, especialmente esse ano, e vai acontecer mais algumas com o tanto de jogo solo que tem saído recentemente. Pois bem, joguei com 2 jogadores apenas, mas a experiência foi bem melhor que solo. Por incrível que pareça eu gostei de resolver esse puzzle em conjunto, não sei explicar bem a razão. Afinal, geralmente esse negócio de resolver as coisas cooperativamente (sem tempo real) sempre me foi desagradável. Talvez seja o fato de todos os jogadores meio que se programarem antes e depois é só rodar? Não sei. Só sei que, aparentemente, Apocalypse Chaos funcionou para mim. Eu estava pensando em vender, por conta da experiência solo, mas essa partida salvou o jogo. Pretendo jogar mais vezes para ver o destino do jogo ou se canso dele rapidamente.
095. Bonfire (2020)
Jogado quatro vezes com 1, 2 e 4 jogadores.
Tal qual Apocalypse Chaos, também tinha jogado Bonfire solo no mês passado e esperei até jogar com mais jogadores para escrever sobre. Levei o jogo para Recife e joguei solo apenas duas vezes, pois achei bem mais ou menos o jogo solo. Aí agora, nesse mês, joguei uma partida com 4 jogadores e outra com 2 jogadores. Achei o jogo muito complexo para explicar e muito longo para o que proporciona. O jogo tem um problema com as cores das sacerdotisas que eu não consigo diferenciar e preciso ficar perguntando, pelo menos é informação pública. Além disso, a iconografia não é muito boa, talvez pelo tema que é muita viagem e não sei se encaixa muito bem. Constantemente eu ficava olhando o manual para ver as habilidades dos gnomos. A segunda partida com 2 jogadores já foi um pouco melhor, mas não o suficiente para me empolgar. Pretendo vender, talvez ainda jogue com 3 jogadores só para fechar a experiência como um todo, mas o veredito atual é: complexo sem necessidade, tem partes legais mas o todo não é bom.
096. Covert (2016)
Jogado duas vezes com 2 e 4 jogadores.
Primeiro fiquei chateado. Queria gostar desse jogo. Dice Placement com uma pegada próxima ao Distrito 6, isto é, bastante planejamento e possibilidade do coleguinha estregar seus planos. Só que… Achei o jogo com muita aleatoriedade para essa proposta. Missões aleatórias dadas no início da partida podem ser fáceis ou difíceis de cumprir dependendo do local (aleatório) que você nasceu no mapa e das cartas (aleatórias) que você recebeu no começo da partida. Consequentemente, os valores das pontuações não são balanceados por mais que se tente, devido a aleatoriedade natural do jogo. Uma missão pode valer 6 pontos e outra 12, mas para mim pode ser mais fácil cumprir a de 12, pois ela eu tenho tudo que preciso, enquanto que a de 6 eu preciso de umas 6 ações ainda para conseguir. Sei lá, fiquei com um sentimento ruim do jogo ao terminar a partida. Mesmo ganhando, não me senti inteligente ou recompensado pelas minhas decisões. Entretanto, uma segunda partida me deixou mais satisfeito. Achei que o jogo fez mais sentido para mim, ainda vejo os vários problemas de sorte nele, mas foi mais divertido. Essa segunda partida foi com 4 jogadores, o que é estranho ter funcionado melhor que a com 2 jogadores, pois no BGG diz o contrário. Bom, pelo visto os usuários não estão corretos sempre. Covert estava com pé na cova para sair, mas minhas esperanças foram renovadas. Em todo caso, pretendo jogar mais vezes antes de bater o martelo. Acho o jogo bonito, a temática legal e tem umas mecânicas que curto.
097. Dead Man’s Doubloons (2018)
Jogado apenas uma vez com 3 jogadores.
Aleatório em excesso. Take That exagerado e sem propósito (simplesmente acontecendo e não acrescenta nada ao jogo). Só por essas duas frases você já sabe que odiei. Mecânicas bem ruins: jogador que andar com o mapa ajuda amiguinho que possua mesmo mapa (muito forte essa parasitação, tão forte que ninguém se beneficiou); cartas bem desbalanceadas, que só incrementam mais a aleatoriedade ruim do jogo; segunda metade do jogo (quando finaliza a parte da ilha) é muito desbalanceada com relação a primeira, uma única ação nessa rodada pode lhe render um variação de 10 pontos entre dois jogadores (o atacante e o atacado pela carta), interação negativa porcamente implementada. O jogo não é divertido, não é engraçado, é desbalanceado e dura muito mais do que devia. Alguma qualidade? Os componentes, são bem bons. Esse jogo já entrou em promoção várias vezes por motivos óbvios, não caia nessa armadilha.
098. Furnace (2021)
Jogado duas vezes com 3 e 4 jogadores.
Achei o jogo inteligente e por isso comprei. Entretanto, ao jogá-lo não satisfez as expectativas. Furnace (ou Fornalha, como foi traduzido para a versão nacional) é um jogo de leilão que basicamente você adquire cartas para ficar trocando uma coisa por outra coisa e, no final das contas, ganhar ponto. É como se eles tivessem pensado na mecânica do leilão (que é interessante) e tivessem botado o resto do jogo só para o leilão ter algum propósito. No final das contas achei o jogo enfadonho e toda a “estratégia” não tão estratégica assim. Já que você depende do que virá e pode acontecer de não vir nenhuma carta da que você se programou ou precisava nas rodadas seguintes ou que você perdeu pelo simples fato de não ser o primeiro aquela rodada (e um outro jogador já pegou como a primeira ação dele). Apesar da sorte ter tido um impacto negativo na minha apreciação pelo jogo, o maior impacto foi o jogo simplesmente ser chato mesmo. A parte do leilão é interessante, mas todo resto do jogo eu simplesmente não achei nada divertido.
099. Next Station: London (2022)
Jogado duas vezes com 2 jogadores.
Fazia um tempão que não jogava sozinho e “contra” alguém jogando um jogo em vídeo de Youtube. Fiz isso esse mês, simplesmente por tédio e também por curiosidade. Next Station tem sido muito bem falado e resolvi testar. Depois de conhecer tantos jogos no estilo Flip & Write, eu queria ver o que esse tinha de diferente. Aqui temos um jogo próximo ao Railroad Ink: só vai até 4 jogadores e precisa de canetinhas para jogar. Pra mim, isso já perde um pouco o sentido, especialmente quando o jogo não tem tanta coisa justificando. A justificativa aqui é que as linhas são de cores diferentes. É, realmente, uma ideia diferente. Todo mundo é obrigado a fazer o mesmo desenho, só que cada um tá usando uma estação inicial de uma cor diferente. Entretanto, no final do dia, Next Station é só mais um Flip & Write: bastante aleatoriedade, interação zero (o que piora o fato do jogo ser apenas até 4 jogadores) e você sente o jogo lhe jogando. Claro, existem decisões inteligentes, mas no final das contas você é refém da ordem que as cartas forem sair. Achei razoável, joguei duas vezes no mesmo dia, não compraria, mas recomendo você dar uma testada. Especialmente se gosta do estilo. Para mim Cartógrafos ainda é o melhor do gênero, com uma boa margem.
100. Gugong (2018)
Jogado três vezes com 1, 3 e 4 jogadores.
Massa, meu 100º jogo foi um do mesmo Game Designer do Hansa Teutonica. Eu tava querendo conhecer Gugong faz um tempo. Um Worker Placement um pouco diferente (trabalhadores como cartas) me pareceu interessante e, de fato, é. Primeiro vou começar criticando a tradução muito mal feita da versão PT-BR. Revisor? Vou nem dizer quem, deixar no ar: é famoso. O manual deixa várias dúvidas também, mas parece ser um problema em qualquer idioma mesmo. Já que comecei pelos componentes, vou logo avisando que o jogo tem uns pequenos problemas no uso de cores. Você precisa separar as cartas do jogo por uma ícone bem pequeno e colorido em preto em um fundo vermelho bem escuro. Eu achei muito ruim, mas até não-daltônico acharam ruim. Mas vamos falar do que importa: jogabilidade. Eu achei bem simples e direto, até intuitivo. É um único conceito de alocação de trabalhadores e eu acho a explicação suave. As pessoas a priori não acham, pois são “várias” ações (pessoas não muito acostumadas com Euro Games), mas antes de uma rodada completa já tão captando tudo. Entretanto, apesar disso, o jogo requer planejamento e garante decisões táticas bem importantes. Essa é a parte que não me agrada tanto, o quão tático o jogo é. Existem muitas decisões de curto prazo que você faz por estar sendo refém das definições das rodadas e também pela restrição da alocação. Então, além de você precisar sempre jogar um valor superior ao trabalhador no local que está indo, você provavelmente vai querer jogar um que garanta que você pegue o valor que lhe dará bônus durante a fase da noite. Então, termina que o jogo é muito situacional e um pouco caótico com mais jogadores. Eu gostei mais da minha partida com 3 jogadores, pois existe alguma previsão e leitura de mesa, mantendo ainda uma interação bacana. Com 4 jogadores, a situação fica um pouco mais difícil e imagino que com 5 (que não joguei) deve virar caótico em excesso. No final das contas, termina que o jogo gera algum Analysis Paralysis, pois os jogadores precisam constantemente refletir qual será sua ação baseado no estágio atual do tabuleiro que muda constantemente. Resumindo: achei uma boa ideia, mas queria gostar mais do que realmente gostei.
101. Everdell (2018)
Jogado apenas uma vez com 4 jogadores.
Cheguei bem atrasado pra esse hype, mas cheguei. Everdell é meio que um Engine Building com Tableau Building e como elemento facilitador disso tudo tem um Worker Placement. Várias mecânicas vomitadas no texto para dizer que: é um jogo que você baixa várias cartas que tentam combar umas com as outras e isso é feito com um pedacinho de alocação de trabalhadores, no qual você vai conseguir os recursos para baixar essas cartas e outras cositas más. Eu gostei. Os maiores problemas para mim é que o jogo vai ficando progressivamente mais lento, devido a quantidade de ações que vai aumentando muito; e o final é um pouco estranho, pois pode acontecer dos jogadores encerrarem vários turnos antes de outros. O restante eu achei interessante. Existe sorte nas cartas que você compra? Com certeza, mas você pode sempre comprar mais, achei que você passa por várias cartas. Eu, por exemplo, só fui pegar as cartas de pontuação elevadas no final da partida. Isso foi um ruim por um lado, pois eu não consegui mirar em nenhum “objetivo” maior; mas foi bom por outro, eu construí um tableau interessante e sinérgico. Jogaria novamente, mas não sei se compraria. Em todo caso, gostei dessa mistura com Worker Placement, um gênero que tou vendo que está extremamente lotado de jogos similares e que estou cada vez mais cansado de jogá-los.
102. Deckscape: Heist in Venice (2018)
Jogado apenas uma vez com 4 jogadores.
Segundo Deckscape que jogo. Alguns dirão que estou roubando contando esse, mas o jogo é diferente. Além, claro, da história e puzzles, o jogo também conta com mecânicas um tiquinho diferentes. Em todo caso, a minha regra é simples: tem outra entrada no BGG, ganha outra entrada aqui. Nessa versão eu preferi a história e o final. A história me apetece mais, fora que fez mais sentido e o final foi menos aleatório em termos de escolhas. No outro me soou arbitrário e sem sentido, enquanto que aqui achei que fez bastante sentido. Entretanto, nessa caixa é inserido algo diferente: personagens. Eles são distribuídos igualmente na mesa, de modo que qualquer partida usará todos os 6 personagens. Cada personagem tem informações que serão úteis durante a partida. Talvez uma tentativa para evitar Alpha Player e todos os jogadores terem sua importância? Talvez. Mas achei ruim… Termina que a gente simplesmente lê tudo que tem, pois o jogo ser totalmente cooperativo dificulta isso. Eu acharia mais legal que tivesse um traidor ou algo assim, algo diferenciado. Ainda ia casar muito bem com a temática, já que todos somos ladrões. Topo jogar outros, mas eu acho que esse estilo de jogo funciona melhor com menos pessoas, talvez no máximo três? Achei que com quatro não funcionou tão bem quanto com apenas dois (que joguei a caixa anterior), pois fica ruim a distribuição de informação. E como o jogo tem um temporizador, esse negócio de ficar passando a carta e explicando as soluções toma tempo precioso. Jogaria as outras versões, mas não compraria.
103. Trapwords (2018)
Jogado apenas uma vez com 4 jogadores.
Eu sempre quis conhecer Trapwords, pois é mais um jogo de palavras de CGE. É a mesma Editora do Codenames. Tá bom que o Game Designer aqui não é o Vlaada, mas ainda assim. O jogo é basicamente um Taboo 2.0. E eu gostei de Taboo na época que joguei, aqui a diferença é que os próprios jogadores escolhem as palavras armadilhas. Talvez isso deixa o jogo mais difícil, mas deixa mais interessante também. O jogo tem excelente ideias para resolver qualquer problema com Runaway Leader, mas que simplesmente não funcionaram tão bem para nosso grupo, pois a gente deve ser ruim no jogo. Em todo caso, aprecio essas ideias. Não gostei do temporizador usado (acho que são 30 segundos), achei muito pouco tempo. Seria melhor mais tempo e não iria atrapalhar tanto na jogabilidade e duração da partida, acho. No mais, jogaria novamente. Não sei o quão bem funcionaria com mais gente, parece que ficaria zoneado demais, talvez. Mas também topo testar com mais gente. Ah, um outro problema é que a versão trazida para o Brasil é simplesmente a versão de Portugal, isto é, vão existir (algumas poucas) palavras que são incomuns aqui.

Pronto. Desafio 100N cumprido em tempo recorde! Metade do ano e já foram 100 jogos novos conhecidos. Tudo isso só aconteceu graças ao Spa dos Jogos e ao Diversão Offline. Agora resta ampliar a margem e bater uns recordes. Tenho alguns outros desafios em mente também, mostrarei no final do ano se der certo.

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