Chegadas e saídas #40

Como de praxe: participei de mais uma Math Trade e vim mostrar o que foi embora. Entretanto, temos novidades sobre a coluna! Eu tenho feito uma pesquisa-interativa com os leitores do blog (se lhe interessa diz nos comentários que lhe convocarei) e aparentemente o pessoal dá bastante valor a essa coluna. Então, dei uns upgrades. Vê só…

Eu sempre pensei nessa coluna como uma coluna filler. Tanto é que essa coluna não tem seção própria e nem tag. Meu raciocínio era: quase todos os jogos que estão saindo eu comentei em algum Desafio 100N e todos os jogos que estão entrando eu comentarei no Desafio 100N ao jogá-lo. Entretanto, os leitores veem essa coluna como algo mais embasado do que o Desafio 100N, que é apenas primeiras impressões. O que faz sentido, pois posso ter vendido um jogo que joguei mais vezes do que as apresentadas no Desafio 100N. Eu, realmente, nunca tinha pensado por esse lado e, por consequência, eu nunca tinha dado a devida atenção à coluna. Isso muda hoje!

Architects of the West Kingdom (2018)
Esse funcionou ao contrário de quase tudo que chega por aqui. Eu joguei a primeira vez e gostei. Sim, um raridade. Dei nota 7,5 lá no BGG. Que talvez para você seja pouca coisa, mas para mim é um excelente indicativo que o jogo pode ser ainda melhor. Entretanto, não foi assim que funcionou. A cada partida eu fui gostando menos de Arquitetos. Os motivos é basicamente que o jogo é muito similar a cada partida. Visando evitar isso, colocaram assimetria opcional no jogo (você escolhe se usa ou não) e não serviu. Primeiro que é passa um sentimento de desbalanceamento (pode não ser matematicamente) e segundo que piora ainda mais a similaridade entre cada partida, pois se você jogar com o mesmo poder aí que você vai sentir se jogando o mesmo jogo. Então, depois da quarta partida decidi vender. Vendi e joguei uma quinta partida antes do jogo partir. Foi bom, pois confirmei que foi uma excelente escolha vendê-lo. Arquitetos é o tipo de jogo que você definitivamente não precisa ter na coleção, mas que vale a pena jogar o de algum colega bastante ocasionalmente (uma vez no ano?). Agora vamos para o trechinho novo que pensei, resolvi adicionar qualidades e defeitos que observei no jogo durante as partidas que tive.
Qualidades: 1) tamanho da caixa é perfeito, zero vento e tudo cabe sem ficar apertado, dizem que com expansão é impossível, mas esse jogo não deveria nem ter expansão; 2) arte, apesar de ser o mesmo artista, achei a arte aqui melhor do que os jogos da mesma Editora que tinha temática viking, 3) dinâmico, o jogo é bem fluído e você vai fazendo turnos que às vezes nem sente, pode acontecer de uma volta na mesa ser menos que um minuto.
Defeitos: 1) interação, o jogo pecou no twist do Worker Placement, pois ele não é melhor que a versão “original”, existe o ganho da fluidez dos turnos, mas perde bastante na interação; eu diria que assim como o Invasores do Mar do Norte, Arquitetos é um Worker Placement ruim em seu sistema de alocação; 2) repetitivo, o jogo é bastante repetitivo, até pela própria maneira que ele funciona de beneficiar o jogador fazendo a mesma ação que já fez anteriormente, para completar o jogo é essencialmente: ganhar recurso e gastar recurso, o que faz essa repetição ainda mais perceptível; 3) sentimento de desbalanceamento, apenas na versão assimétrica, achei o personagem que constrói sem gastar carta na catedral mais forte que os demais.
Furnace (2020)
Eu não gosto de leilão, mas por alguma razão achei que gostaria em Fornalha. Me enganei. O sistema de leilão usado aqui é até inteligente, mas no final das contas não me deixou lá muito empolgado. Não há tensão no leilão, que eu diria que é a única parte interessante da mecânica. Afinal, você perder, você vai ganhar algo em cima disso. Claro, pode acontecer de você ganhar algo que não lhe ajude, mas aí foi mal planejamento de sua parte ou jogou um pouco mais arriscado e esperava que isso pudesse acontecer. E aí vem a outra parte que não sou fã também: Engine Building. Além de eu não gostar, o jogo é bem enfadonho nessa parte. Essencialmente, é só trocar um recurso por outro e pronto. Não há combos de verdade, mas simplesmente sinergia e encadeamento otimizado. O Gizmos faz o mesmo que Fornalha faz, só que melhor. Então, aconteceu o que todo mundo já sabia: troquei o jogo.
Qualidades: 1) iconografia, o jogo é muito bom nesse aspecto e todas as ações meio que se explicam sozinhas, a velha piada que fazemos sobre iconografia ser “auto explicativa” se aplica de verdade aqui; 2) fácil explicação, junta a iconografia com uma dinâmica simples e intuitiva, o jogo dá para ser explicado bem rapidamente, eu mesmo termino de explicar e me pergunto “oxe, já acabei?”; 3) caixa bonita, não vou dizer arte, pois sendo bem sincero nem reparei muito nas cartas, mas a caixa chama a atenção.
Defeitos: 1) repetitivo, você joga quatro rodadas fazendo a mesma coisa, existe um efeito bola de neve, sendo que como as cartas são todas muito parecidas, eu me senti simplesmente repetindo a partida inteira coisas similares; 2) segunda fase chata, achei bem chato o “executar” das ações, parece que criaram uma mecânica de leilão e bolaram uma outra fase só para o leilão fazer sentido, mas é uma otimização fácil e enfadonha, é um tipo de puzzle que não me agrada; 3) interação fraca, existe apenas na primeira fase (leilão) e ainda assim não é algo muito incrível, a segunda fase é totalmente multiplayer solitaire, cada um olhando pro seu tableau e calculando suas próprias coisas; 4) leilão sem tensão, como no leilão você pode simplesmente garantir uma carta com seu 4, a tensão some, então, no final das contas a inovação do jogo terminou esculhambando a mecânica original, em vez de melhorá-la. Existem boas ideias e inovadoras nessa mecânica, só que o risco zero deixou o leilão pouco interativo e mais aleatório (jogador te atrapalhou com uma jogada e nem estava muito pensando nisso); 5) caixa gigante, os componentes caberiam em uma caixa 5 vezes menor? sei lá, faz as contas aí, mas é vento demais aqui, Fornalha é um cardgame e deveria ter uma caixa que condizente; 6) não engrenou comigo, certeza não sou o público alvo.

É isso! Comenta dizendo o que achou das mudanças. Foi melhor? Ficou interessante? Faltou algo? No próximo chegadas e saídas vou comentar dos jogos que chegaram da Math Trade e quem sabe de comprinhas (e ele nunca mais chegou nos 50 jogos).

2 Comments

  1. Thiago Guido Vieira Ribeiro
    16 de agosto de 2023

    Curti o novo formato!

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    1. Roberto
      16 de agosto de 2023

      Valeu, Thiago! 😉

      Responder

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