Desafio 5×3 – Jogos Worker Placement

Eu achei que esse meu próximo Desafio ia ser sobre jogos longos, mas percebi que não tenho muita propriedade para falar deles. Afinal, estava considerando jogos com duas horas ou mais. O que, convenhamos, para quem joga jogos longos isso não é nada. Então, achei melhor pegar uma categoria que tenho bastante bagagem: Euro Games. Mas aí desisti, por ser muito abrangente. Então, cá estamos nós…

Antes de começar, é importante explicar o que é Worker Placement, né? Talvez você não saiba e essa lista não terá o menor sentido. Bom, de acordo com o Glossário aqui do blog:

Worker Placement é a mecânica mais geral, englobando jogos que o jogador tem uma quantidade de trabalhadores e eles são alocados em espaços para realizar ações. É uma mecânica muito utilizada em Eurogames, pois a conexão com o tema é imediata. Atualmente, estão sendo realizadas diversas modificações (twist) para renovar essa mecânica um tanto batida, como o próprio Dice Placement.

Então, eu vou abranger tudo dessa categoria aqui. Então, qualquer jogo que use alocação de trabalhadores, sejam eles dados, tokens, meeples ou qualquer outro tipo de componente. Engraçado é que Worker Placement parece ser uma mecânica bem adorada, talvez pela facilidade em deixar tudo bem didático e compreensível. Afinal, o que é mais fácil de entender do que botar um bonequinho em um espaço e ganhar algo?

Usei dois limites aqui. Primeiro, o jogo deve ter a mecânica listada no BGG. Segundo é colocar apenas jogos que eu classificaria como um Worker Placement, isto é, não basta ter a mecânica presente. Ela tem que ser o motor principal do jogo ou, no mínimo, ter uma presença bem destacada. Fora estar listada de uma maneira que faça sentido. Por exemplo, Province tem a mecânica e, com certeza, entraria no Bottom. Entretanto, o jogo parece mais um Rondel com trabalhadores comunitários. Em Mombasa, os jogadores tem uns poucos trabalhadores para realizar umas ações diferenciadas, mas o foco do jogo é totalmente no controle de área e manejo com as cartas. Bom, alguns critérios nebulosos.

Começaremos, como sempre pelos Top. Infelizmente, ficou uma reca de jogo bom de fora. Sinceramente a posição #5 tem bem uns 5 jogos empatados. Então, terminei usando critérios nada a ver para desempatar. Bom, vamos lá.

#5. Bora Bora (2003)
Dando aquela moral pro Feld. Eu gosto do camarada, mas é bem raro algum jogo dele se destacar muito para mim. Acho que a fórmula que ele segue impede de ter algo muito fora da curva em termos de qualidade. Assim como também impede de ter algo muito ruim. Acho que deve ser um bom caminho, já que sua popularidade é notável no meio. Mas, voltando para o jogo. Bora Bora tem uma excelente mecânica de alocação de dados, sendo que sofre de vários probleminhas que impedem ele de deslanchar. Eu adoro Eurogames com dados, mas infelizmente ainda não joguei nenhum com alocação de dados que se destacasse muito. Ainda sonho com o dia que vou jogar um novo jogo do Feld e dizer: agora sim, ultrapassou Burgundy.
#4. Dominant Species (2010)
Esse jogo está representando todos os jogos pesados que eu joguei apenas uma vez e deixei de lado por sua longa duração. Na verdade não são tantos, seria só Madeira, mas faz tanto tempo desde a minha única partida que resolvi deixá-lo de fora. Dominant Species tem uma combinação que eu descobri que curto bastante: controle de área e alocação de trabalhadores. Pensando, seriamente, em fazer um jogo com essas duas mecânicas. O problema é conseguir criar algo interessante e diferente do que já existe para justificar. Infelizmente, o Game Designer desse jogo faleceu recentemente enquanto trabalhava em uma nova versão desse jogo. Quem sabe mais curta? Torcer para alguém assumir o desenvolvimento e trazer algo renovado.
#3. Tzolk’in (2012)
Faz um bom tempo que não jogo Tzolk’in, mas sempre que joguei fritei a cabeça por conta daquelas engrenagens. É um jogo que requer uma concentração constante e, por conta disso, não necessariamente vai agradar todo mundo. É um dos poucos jogos de alimentar seus trabalhadores que eu gosto, pois é algo que termina ficando em segundo plano por conta das engrenagens e planejamentos mais importantes no decorrer da partida. O negócio é que eu não sou experiente nesse jogo. Parece que existe uma estratégia meio manjada com o esquema de troca de recursos e, se realmente for o caso, vai tirar toda a graça do jogo se eu descobrir.
#2. Bruxelles 1893 (2013)
Esse jogo é regido por três forças principais: controle de área, leilão e, claro, alocação de trabalhadores. Mesmo com essa salada, a mecânica central é a alocação que se alimenta de todas as partes de um jeito muito conciso e orquestrado. Desde que conheci Bruxelles, eu acho surpreendente ser o primeiro do autor. Claro que nem tudo são flores e jogo tem um problemão com a ordem de jogada na mesa. Sim, o mesmo problema do Puerto Rico. Afinal, por conta de alta interação e influência dos jogadores no tabuleiro, alguns jogadores podem terminar dando vários pontos de bandeja para seu vizinho. Claramente o tipo de jogo que funciona melhor com pessoas do mesmo nível. Infelizmente, parece que está Out of Print tem um tempinho e, consequentemente, fora de estoque em todos os lugares.
#1. Russian Railroads (2013)
Aqui não tinha como ser outro. Mesmo sem a expansão German Railroads, esse já seria o melhor Worker Placement. Com a expansão, ele fica disparado na frente. O único twist na mecânica nesse jogo é a utilização de vários trabalhadores, em vez de ser sempre apenas um em qualquer espaço. Isso é bem interessante, pois os jogadores terminam antes ou depois de acordo com suas jogadas e a decisão de gastar mais ou menos trabalhadores, antes ou depois, insere uma nova camada de decisões. O jogo não é só isso, mas essa parte funciona perfeitamente. Se gostar do gênero e tiver a oportunidade de adquirir, pegue. Vale muito a pena. Infelizmente, a rejogabilidade sem a expansão não é tão boa, mas com ela… O negócio vira infinito, basta você não ser aquele jogador bitolado que segue sempre a mesma estratégia.

Talvez um Top diferente do usual. Nenhum Rosenberg? Pois é, eu achei que Feast for Odin estaria aí, mas não me agradou como eu esperava. Agora vamos pro problemão. Não tem como fazer uma lista com Worker Placement sem dar problema. O amor pela mecânica é bem abrangente e tirando alguns jogos menos conhecidos, a maioria tem o lugar no coração de uma galera. Segura.

#5. Kingsburg (2007)
Joguei esse jogo em 2013, mas a memória do quão ruim ele é ainda está comigo. Talvez Kingsburg tenha sido o precursor do Dice Placement. Então, ele tem isso a seu favor. Entretanto, não é o suficiente. É feito Dominion… Precursor, mas ruim. Aparentemente o jogo melhora bastante com a expansão, que dizem ser obrigatória. Bom, não me culpem pela Editora ter fatiado o jogo para ganhar mais grana. Basicamente, em Kingsburg você joga alguns dados e aloca um ou mais deles juntos (o valor é baseado no somatório) para realizar ações que são basicamente coletar recursos. Então, é um jogo bem simples, mas tendo em vista as combinações possíveis nos dados pode até gerar Analysis Paralysis, especialmente quando alguém vai em um espaço antes de você e é preciso re-pensar toda a jogada. Então, é um pouco estranho esse jogo ser listado como Strategy, quando é mais tático por conta dessa interação e falta de opções. Além disso, os dados são aqueles que você rolou e pronto. Não dá para mudá-los. Bom, talvez seja até um bom Family Game, mas como um jogo mais estratégico ele falhou. Ao menos sem a danada da expansão.
#4. Tiny Epic Western (2016)
Acho que até agora só joguei três jogos dessa série e dois deles foram experiências bem ruins. Tiny Epic Western foi uma dessas experiências. Você não pode chamar um jogo de tiny e ele durar 2 horas. Alias, até pode, mas não faz sentido. Pior que o BGG lista como até 45 minutos. Em todo caso, aho que o maior problema são as cartas usadas no poker. Elas são adquiridas aleatoriamente e o valor mais alto é quase sempre melhor. Então, a variação do que vai conseguir baseado em pura sorte/azar é bem grande. Para completar, durante o duelo existe um dado. Sim, dupla aleatoriedade em algo que hipoteticamente seria um Eurogame. Junta isso com a longa duração e pronto, temos aqui uma nova maneira de tortura sádica. Fechando a tristeza, temos personagens com habilidades especiais e construções com também habilidades especiais e todos são, definitivamente, desbalanceados.
#3. Praetor (2014)
Jogo relativamente desconhecido. Praetor é um dice placement com umas ideias bem boas. O valor do dado é o poder de ativação (legal, apesar de manjado), os dados evoluem (legal) e os dados se aposentam depois de velhos (legal, Teotihuacan roubou essa ideia depois). Sendo que nada disso prestou na execução. Vários pequenos elementos irritantes deixaram o jogo como um todo chato. Pagar pelos trabalhadores é chato como sempre, casar mosaicos no Tile Placement da cidade é totalmente deslocado do jogo em si, excesso de turnos faz com que você fique sem saber o que fazer no final se jogou bem. Para completar, o manual é bem ruim. Bom, simplesmente é um jogo fraco mesmo.
#2. Viticulture (2013)
O que foi isso? Acho que Viticulture foi meu primeiro jogo do Jamey Stegmaier que joguei. Estava relativamente empolgado, por conta da fama do coleguinha. Nossa, que decepção e daí em diante nunca mais teve volta. Viticulture é um desses Eurogames que tenta ser diferentão botando sorte no jogo. Claro, botar sorte é tranquilo, mas do jeito que botou? Sacar as cartas em um Eurogame? Por que diabos você não usou o clássico Draft aberto? Cartas desbalanceadas em um mesmo deck? Por que diabos você não usou algo para balancear? São umas decisões nada a ver com nada nesse jogo que eu fico abismado. Os bônus pela ordem de jogador são fracos e não vale nem a pena, tirando o que dá um ponto. Dinheiro é meio irrelevante na reta final da partida. Fora, o maior problema dos jogos do Stegmaier, são uma corrida por pontos. Tá, esse último negócio é implicância minha e gosto, mas acho que estou na maioria quando se trata disso: os melhores Eurogames são de otimização em um tempo determinado, não uma corrida.
#1. Champions of Midgard (1973)
Eu não sou muito fã de jogos híbridos. Eles terminam não sendo nem bons por um lado, nem pelo outro. É esse o problema que vejo no Champions of Midgard. É um Eurogame mas com Output Randomness. Para completar, isso não é o único problema do jogo. Não basta ter essa aleatoriedade incontrolável, a quantidade de pontos que você ganha ou perde são gigantes (12 ou 0 pontos) por conta das rolagens de dados. A partida também parece um processo de repetição entediante: pega tropa, pega recursos, luta, perde recursos e tropas. Parece que não existe crescimento ou construção de algo. Alguns jogos híbridos funcionam, mas esse certamente não é um exemplo que sirva.

E, por fim, os Worker Placement que estou mais interessado em conhecer. Acho que essa foi a pior de fazer, pois tem tantos. Tive trabalho em reduzir para apenas cinco.

#5. The Manhattan Project: Energy Empire (2016)
Eu achei a premissa e até a jogabilidade do Manhattan Project original interessante. Sendo que toda a corrida por pontos pelas bombas deixava um final chato no jogo. Ao menos para mim. Também sempre achei deslocado a interação hostil com os bombardeiros. Então, lançaram esse stand alone. Não é necessariamente uma nova versão, nem sequer é do mesmo Game Designer, mas fiquei curioso. Sei que esse novo jogo não é mais uma corrida e não tem mais interação hostil. Na realidade, parece ter interação de menos, pois é possível ir em espaços já ocupados. Talvez tenha os mesmos problemas de Champions of Midgard com as rolagens e repetecos durante a partida. Sendo que estou curioso ainda assim, quem sabe não tem um negócio bem interessante aqui?
#4. Gugong (2018)
Não faço ideia de como é esse jogo. A única informação que tenho é que é do Andreas Steding. Game Designer de um jogo foda chamado Hansa Teutonica. Isso foi o suficiente para me deixar interessado. Não está em posições maiores, pois já me decepcionei antes com Staufer Dynasty. Então é isso. A vantagem é que esse jogo foi lançado no Brasil. Então, acho que eventualmente conseguirei jogá-lo e ver se temos mais uma pérola ou não. Os comentários que tenho visto são bons, mas com um misto de “é legal somente durante algumas partidas” que me deixa um pouco apreensivo.
#3. Outlive (2017)
Raramente jogos me atraem pelo tema, aqui temos uma exceção. Outlive é ambientado num mundo pós-apocalíptico no estilo do videogame Fallout. Então, isso me intrigou. Sinceramente, as mecânicas e o jogo em si não me pareceu grandes coisas, mas ainda assim estou curioso para conhecer. Quem sabe não é uma daquelas exceções? Eu nunca imaginei que iria gostar de Godfather, mas só não pensei em botá-lo como Top aqui por já ter colocado ele em outro Desafio 5×3. Então, fica aqui a esperança de um jogo legal com um tema foda.
#2. Lowlands (2018)
Coloquei esse jogo nessa lista por duas razões: estudo e prazer. Sim, meu jogo Nossa Tribo tem vários elementos que existem nesse jogo. Então, fiquei naquela vontade de conhecê-lo para ver se poderia extrair algo de bom e até ver o quão similar são os mais variados elementos. Lowlands tem várias coisas, mas o que eu mais estou interessado é na sua construção do tabuleiro pessoal e na semi-cooperação de impedir a água de invadir suas fazendas. Pareceu ser um jogo legal, apesar da capa terrível. Mas quem disse que capa é sinônimo de algo?
#1. Bruxelles 1897 (2019)
Bruxelles 1893 foi criado pelo mesmo autor desse e é um jogo que curto bastante, vide ser Top #2. A diferença do dessa versão atual para anterior é que essa é o Card Game. Claro que não é só isso, mas basicamente é isso. Eu acho o original um jogão, mas tem uns problemas um tanto irritantes. Então, minha esperança é que essa versão seja: mais rápida, mais barata e melhor. Bom, eu duvido que atenda todas essas minhas expectativa, mas não custa sonhar, né? O maior problema talvez seja adquirir esse jogo. Não parece estar amplamente espalhado mundo afora não.

Engraçado. Achei que essa lista iria ser fácil de fazer, mas não foi. Como gosto do estilo e ele é bem vasto, tive que garimpar bastante. E para você, qual o melhor Worker Placement?

4 Comments

  1. Philipp Totó
    4 de dezembro de 2020

    Cara, isso é uma pergunta difícil de responder tanto quanto “qual é o seu jogo preferido”. São tantos jogos diferentes que é muito difícil fazer um Top. Então, desde já, parabéns pelo conteúdo.
    Quanto a mim, também gosto bastante de Worker Placement e dentre os que tenho na coleção, gosto bastante do Agrícola e do mais recém-adquirido Victorian Masterminds.
    Tomara que você consiga fazer esse jogo de Worker Placement e Domínio de área. Já tô curioso.

    Responder
    1. Roberto
      4 de dezembro de 2020

      Valeu Totó. Realmente, é difícil, especialmente quando tem tantos que a pessoa gosta ou acha interessante. É um caso raro para mim, mas com Eurogames é mais comum. hehehehe

      Agricola não sou muito fã, mas entendo o sucesso. Eu, particularmente, gostei mais do Caverna. Esse Victorian nunca joguei. Inclusive, só sei da existência por conta das várias promoções dessa Black Friday.

      Um dia sai.

      Responder
  2. Ricardo Amaral
    31 de dezembro de 2020

    Boa lista!
    Outlive também me chamou a atenção, embora eu também tenha a impressão de que não acrescente muita coisa ao que já existe em jogos de alocação de trabalhadores.
    Perdi a oportunidade de pegá-lo no leilão do último SPA. Fiquei em dúvidas se seria uma boa aquisição na hora H.

    Responder
    1. Roberto
      31 de dezembro de 2020

      Valeu, Ricardo. =)

      Acho que fez certo… Hoje em dia tá meio ruim comprar jogos às cegas. Se não gostar é um sacrifício pra vender depois hehehehe Diferente de uns 5+ anos atrás, que era tranquilo ficar nessa rotatividade.

      Responder

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