Chegadas e saídas #12

Anda meio difícil trocar ou vender jogos nos dias de hoje. Todo mundo só quer comprar jogo zerado e no hype. Infelizmente, eu vou meio que na contra mão disso, procurando jogos mais antigos e alguns jogos para estudar seu design. Geralmente me lasco e termino ficando com vários jogos acumulados para vender e trocar sem nunca conseguir. Entretanto, dessa vez consegui aproveitar do Spa dos Jogos para leiloar vários!

The Castles of Burgundy: The Dice Game (2017)
Já faz um bom tempo que vendi esse jogo, mas esqueci completamente que tinha vendido. Só esse comentário já dá pra perceber a falta que esse jogo fez. Claro que eu também não iria fazer uma postagem apenas para anunciar sua saída. Então, esperei juntar uns jogos para essa postagem. Burgundy Dice é um Roll and Write bem bolado e bem balanceado, mas é tão balanceado que o resultado da partida é quase que aleatório. Não gostei muito do jogo, pois todas as partidas são muito parecidas e você é bastante guiado pelo resultado dos dados. É possível modificá-los? É sim, mas ainda assim as possibilidades são bem restritas. Em todo caso, não tenho muito do que reclamar. Foi o único jogo da nova leva que consegui vender. Por qual fator? Ser um Burgundy com certeza não atrapalhou. Digo isso, pois estou com vários jogos melhores para vender e nenhum saiu antes.
Quicksand (2003)
Foram muitos anos com esse jogo na coleção. Adquiri ele em uma compra de vários jogos, sendo um dos jogos mais antigos que ainda tinha na coleção. Mantinha ele apenas pela nostalgia e também caso de estudo, como já citei em uma postagem lá atrás na minha coleção. Entretanto, como já cumpriu o propósito dele resolvi repassar. Mais um jogo que dei de presente, pois ele vale muito mais pelo valor sentimental do que o valor monetário. Ainda joguei Quicksand uma vez esse ano, depois de muitos anos sem jogá-los, e o jogo continua divertido. Um pouco manjado, mas divertido.
Fields of Green (2016)
A premissa do jogo me pareceu interessante: Tile Placement (ou Card Placement?) com Draft para definir quais as cartas você vai coletar. Na realidade, eu tenho ideias de jogos assim inclusive, só ainda não botei para frente. O problema é que Fields of Green é muito burocrático para “resolver” o turno. Precisa contar espaços ir gastando recursos, termina que todo mundo faz o seu ao mesmo tempo (se não vai demorar uma eternidade) e segue o bonde. O jogo me pareceu uma bagunça, apesar da burocracia, e um tanto desconjuntado. Joguei uma partida e me arrependi de cara de ter adquirido. Não sou grande fã de Drafting, mas estou sempre em busca de jogos fora da minha zona de conforto que me agradem. Às vezes rendem umas boas surpresas, mas na maioria das vezes não. Esse foi mais um caso de “não”. Vendi bem barato, mas finalmente desocupou a prateleira.
The Prodigals Club (2015)
Primeiro jogo vendido para o pessoal do Spa dos Jogos. Eu tinha uma boa expectativa para esse jogo. Só o sistema de pontuação já me despertou interesse. É no estilo Knizia, no qual você precisa pontuar em tudo, pois seu ponto será o menor. Então requer um balanço de estratégia e de progresso no jogo. O negócio é que para usar esse sistema de pontuação, foram criados três “jogos” dentro de um jogo só. Tudo me pareceu bem balanceado e nem tenho o que reclamar quanto a isso… A reclamação é simplesmente que o jogo ficou muito estufado. É muito o que fazer, muito o que pensar e que no final das contas uma das partes mais legais do jogo (temática) fica um pouco perdido no meio de tantas mecânicas e abstrações de conceitos. Eu não sou de reclamar da falta de tema de um jogo, mas senti o impacto aqui. Os mini-jogos até tem sentido tematicamente, mas no final é um grande problema de otimização. O jogo poderia ter uma boa duração, pois as resoluções poderiam ser feitas simultaneamente. Entretanto, o jogo é tão cheio de coisa que terminamos sempre fazendo cada um separadamente e mostrando o que tá acontecendo, já que a margem para erro é grande. Para completar as experiências ruins, resolvi jogá-lo em duplas, isto é, cada dois jogadores controlando uma cor. Nossa, que erro grotesco. O jogo ficou muito mais longo e muito mais enfadonho. Especialmente para mim, que apesar de ter ganhado, fui o único que jogou sozinho (eramos quantidade impar). Bom, acredito que irá agradar ao amigo e espero que veja muitas mesas boas em seu novo lar.
The Staufer Dynasty (2014)
Não imaginei que esse jogo demoraria para sair. Euro Game, mesmo criador do Hansa Teutonica e um tanto desconhecido. Geralmente esse tipo de jogo desperta o interesse do pessoal mais hardcore. Bom, talvez tenha sido essas razões que me fizeram conseguir vender no Spa. Engraçado que ainda joguei mais uma vez recentemente e realmente o jogo não clicou comigo. Além disso, não agradou muito o pessoal da mesa. A iconografia é um pouco confusa para aprender e muitas habilidades especiais não funcionou legal com o pessoal da mesa. Staufer Dynasty não chega a ser um jogo ruim, mas ele não conseguiu me cativar. A falta de tema não me incomodou, mas com certeza pesou, pois mecanicamente o jogo não desperta nada em mim. Tem até uns aspectos inovadores e bem bolados, mas não é um bem bolado que diverte. Então, como a mecânica não rodou bem, a total desconexão do tema com as mecânicas incomodaram bastante. Bom, tinha jogado apenas uma vez e agora com a segunda tive a certeza que deveria sair da coleção e, finalmente, saiu!
The Godfather: Corleone’s Empire (2017)
Tivemos um Quiz no Spa e, disputando com outros 26 competidores, fui o primeiro lugar! Isso com direito a perguntas de vários jogos que nunca joguei e até perguntas com relação a cores. Sim, nem eu esperava ganhar, ainda mais errando várias perguntas triviais no começo (esquecer que Great Western Trail saiu pela Conclave é tenso). Engraçado que passei um tempão tentando conhecer mais jogos de Controle de Área do Eric Lang, para montar um Top 5 que fosse menos ruim e agora que já montei o jogo cai no meu colo. Bom, cair no meu colo não, pois finalmente meus conhecimentos boardgamísticos me renderam algo.
Animals on Board (2016)
Primeiro jogo meu que saiu no Leilão do Spa dos Jogos. Me surpreendi com o valor, houve uma disputa acirrada e talvez eu tenha conseguido o maior lucro da história de minhas vendas. Bom que compensou os outros que saíram no negativo. Vendi o jogo por ser muito leve e família. Reconhecidamente não é meu tipo de jogo, pois geralmente possuem elementos que tentam balancear a mesa independente de habilidade, isto é, muito fator sorte. Animals on Board não tem sorte por si só, mas tem todo o caos criado pela mesa, sendo um jogo mais estratégico em 2 jogadores. Entretanto, para jogar algo com 2 jogadores prefiro uma infinidade de jogos antes dele. Chegou para partir, mas pelo menos partiu rendendo bastante.
My Village (2015)
Outro jogo que saiu no leilão. My Village é um jogo no “universo” de Village. Eu me frustrei bastante com o jogo original, pois não funciona de jeito nenhum para daltônicos. Muitos cubinhos coloridos e referências no tabuleiro com tonalidades diferente destroem a experiência de jogo. My Village é um jogo perfeitamente funcional para daltônicos e tem Dice Drafting, mecânica que curto bastante. Então, resolvi dar uma chance. Infelizmente quebrei a cara. Não que o jogo seja terrível, mas achei ele muito manjado e repetitivo. Também é um jogo melhor com dois jogadores, pois a interação é pouca e também mais jogadores diminuem o número de dados para Draft, o que aumenta as condições de sorte existentes no jogo. Estou percebendo que estou cada vez mais chato de manter jogos na minha coleção. Bom, sempre fui, mas acho que essa minha última compra não foi muito boa.
Order of the Gilded Compass (2016)
Saiu pelo lance inicial, bem baratinho. Order of the Gilded Compass é uma reimplementação do Alea Iacta Est, só que com vários módulos que permitem Setup variável. Essa foi a parte que mais me incomodou, pois você precisa visitar o manual de regras sempre que mudar um módulos. Apesar dos módulos serem bem diferentes, o feeling do jogo não muda tanto. Para completar, o design gráfico do jogo é terrível, a impressão de certos componentes é ruim (o tom varia entre tiles que deveriam ser da mesma cor) e o livro de regras também é uma bomba. Então, juntou esse tanto de problemas com um jogo razoável. Motivos mais que o suficiente para repassá-lo.
Guildhall: Job Fair (2016)
Mais um que saiu pelo lance inicial, preço bem justo até. Eu já tinha dado de presente o jogo base do Guildhall e esse é uma expansão/stand alone. Então, estava só esperando a oportunidade para vendê-lo. Guildhall é um jogo de cartas de criação de combos, até gosto dele, mas já joguei tanto que enjoei. Foram 25 partidas nas costas, geralmente os jogos na minha mão não duram esse tanto. Esse é um excelente sinal para Guildhall, mas infelizmente eu já não aguenta mais jogá-lo. Talvez depois de mais algum tempo com ele longe bata uma saudade, mas são tantos jogos mundo afora que não fiz questão de manter. Outra razão é que ficar só com apenas uma das versões é ruim, pois eu gostava de misturar os personagens. Assim dava para remover os personagens com Take That mais pesado, tipo o Assassino ou a Ladra.
Deception: Murder in Hong Kong (2014)
Teve uma pequena disputa, mas quando o próprio leiloeiro deu lance o pessoal ficou tímido e foi arrematado por um valor muito bom (para ele, não para mim hehe). Eu me decepcionei com Deception (ba dum tss!), pois é um jogo para muitas pessoas, mas que é difícil jogá-lo com tantas pessoas. A razão disso, na minha concepção, é que Deception é um jogo de dedução que você precisa observar as cartas de todos os jogadores na mesa, sendo que cada um tem umas 8 cartas na mesa diferentes do tamanho mini. Então, é bem ruim você saber o que tem na mesa quando existem 12 pessoas sentadas espalhada. Eu até insisti com o jogo durante algumas partidas, mas depois da quinta partida não dava mais.
Vikings (2007)
O leilão encerrou no Deception, foi o último item a ser leiloado inclusive. Depois disso, eu ainda consegui vender dois jogos por fora. O preço ficou convidativo, pois fiz um pacote com dois jogos. Vikings foi um deles. Euro Game do Michael Kiesling, não fez tanto o meu gosto por conta do peso leve. Ele está naquela região que chamamos de Gateway+, isto é, um pouquinho acima de jogos como Ticket to Ride e Carcassonne. Sendo que ele amplia um pouco a complexidade sem aumentar tanto as decisões, o que para mim é a parte relevante. Prefiro muito mais jogos simples, mas com decisões difíceis, do que um jogo complexo com decisões mais diretas. Bom, Vikings estava só aguardando aparecer alguém disposto a pagar um preço justo e ficou com um casal de Teresina.
Rattus (2010)
Rattus saiu junto com a expansão. Tanto ele como Vikings foram parte do pós-Leilão. Meu problema com Rattus foi similar ao Guildhall. Eu enjoei. Sendo que nesse foram 14 partidas. A natureza mais de conflito do jogo me fez cansá-lo dele mais rapidamente. Rattus é um excelente jogo para praticar o desapego, seus cubinhos morrem múltiplas vezes em múltiplas rodadas. É um jogo para treinar a frustração, sério mesmo. Especialmente quando a mesa resolve que você é uma ameaça e desce o sarrafo. A expansão é essencial, caso contrário eu teria parado de jogar Rattus na 3ª partida por conta da falta de variedade. Excelente aquisição pro casal que também levou Vikings.
Meeple Heist (2019)
No BGG diz que esse jogo foi lançado em 2017, mas tá incorreto. Afinal, o jogo só chegou agora. Então, alterei o ano aqui no blog. Afinal, quem manda aqui? Meu primeiro (e último) financiamento coletivo aqui no Brasil. Demorou uma era para chegar, só financiei porque curto demais esses jogos que você precisa deduzir as cores do oponente. Inclusive, o jogo está saindo por outra Editora já que a Papaya fechou as portas sem dar satisfação sobre esse jogo ou sobre o concurso (sim, aquele antigão que eu participei). Triste. Bom, em todo caso, teremos em breve impressões de Meeple Heist em algum Desafio 100N mais pra frente.
Quem Vai? (2016)
Link acima vai para a Ludopedia, já que não tem no no BGG. Ganhei este junto com o Meeple Heist, se não me engano os 100 primeiros apoiadores receberiam esse “jogo” de brinde. Entre aspas, pois é mais uma atividade. Alias, nem atividade eu diria, mas metodologia lúdica para definir quem vai fazer algo: abrir a porta, começar em um jogo, etc. Bom, não tenho muito mais o que falar. Achei a caixa estranhamente pequena, mas acho que optaram por cartas estilo mini para reduzir os custos. Impressões no Desafio 100N? Acredito que sim.

Na última postagem fiz a contagem errada, estava contando com Teotihuacãzinho que coloquei na minha coleção da Ludopedia. Não vou contar ele para os meus propósitos de limite. Então, antes dessa postagem eu estava com 49 jogos. Com as saídas massivas de agora estou com 41 jogos! Agora sim, posso começar a organizar a próxima compra.

5 Comments

  1. Cesar Cusin
    24 de maio de 2019

    Vender Vikings sem eu jogar antes foi uma traição… Kakakakakaka… #chateado

    Responder
    1. Roberto
      24 de maio de 2019

      Foi triste hehehe Mas as oportunidades de venda são raras. Imagina eu jogar com você e você me dar um chute na bunda? hehehehehe
      Ia ser mais um ano com ele na prateleira.

      Responder
  2. Cássio Nandi Citadin
    28 de maio de 2019

    Grande Roberto. Adoro essas postagens da rotação da coleção hehe
    Você falou da dificuldade em vender coisas, e é fato, ultimamente tenho um monte de jogo caixa grande pendurado na Ludostore aguardando compradores, não ta fácil.

    Esse Fields of Green foi só decepção pra mim. Achei que seria o meu jogo de fazendinhas favoritos + o meu 7 Wonders. Que nada! Achei a parte de fimde turno/produção muuuuito chata, burocrática como vc falou. Achei o draft muito ineficiente como forma de interação, tão sutil que o jogo se torna o famoso multiplayer solitário (nesse caso, perjorativo). Ainda tentei a variação de draft pra 2 jogadores que achei que funcionou muito bem. A gota d’agua pra mim foi quando faltaram componentes de agua/grãos numa partida com 4 players.

    Esse Godfather vou aguardar seu review. Temos no grupo, nunca joguei mas sou louco pra experimentar um worker placement com mais “tempero”(interação).

    Financiamento Coletivo no Brasil ainda tem bastante pra melhorar. Acredito que com o tempo devemos ter resultados de mais qualidade e próximos da data original de entrega.

    Bahhh, que triste saber isso da editora. Eu passei semanas lendo manuais e assistindo videos pra ajudar na avaliação ahhaha

    Responder
    1. Roberto
      28 de maio de 2019

      Fala Cássio!

      Acho que já conversamos um pouco sobre o Fields of Green… Nós dois pegamos por aquele esquema de troca deles. Decepção mesmo.

      Godfather acho que só vai entrar no Desafio 100N do outro mês… Mas vai chegar. hehehe

      Não é, bicho? Esse concurso da Papaya foi uma zona. Fizeram várias pessoas gastar o tempo vendo vídeos e lendo manual para nunca dar uma posição. Acho que quem teve menos trabalho foi o próprio dono da Editora hehehehe Bom, pelo menos o Distrito 6 tá em outro concurso. E esse parece ser muito mais sério e está cumprindo legal os prazos. =D

      Responder
      1. Cássio Nandi Citadin
        28 de maio de 2019

        Que bom Roberto!

        Tomara que esse concurso vc emplaque o Distrito 6!

        Responder

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Scroll to top