Top 5 do Antoine Bauza

Chegamos ao sexto Game Designer da série. Infelizmente, um foi pulado, mas tenho a esperança de jogar mais uns 2 ou 3 jogos dele para eventualmente compor um Top 5. Esse é mais um daqueles Game Designers que não faz muito meu estilo, então esteja avisado: reclamações daqui a 100 metros.

Antoine Bauza é um daqueles Game Designers que eu não entendo a fama e o sucesso, muito mais do que Bruno Cathala. Digo isso, pois falei que Cathala é inteligente e não estava brincando, o cara consegue elaborar umas dinâmicas auto-corrigíveis e deixar aquela ilusão de balanceamento nos jogos. Uma habilidade que é necessária para qualquer Game Designer. Agora, Bauza… Parece que ele nem se esforça para balancear seus jogos. Que diabos são aqueles objetivos de Takenoko? Os pontos não condizem com a dificuldade e as tipos diferentes são desbalanceados entre si. E aqueles macaquinhos em Tokaido? 1 ou 2 pontos? E aqueles personagens assimétricos? Peraí, Bauza…

Engraçado é que parece que as empresas publicam os jogos e nem dão aquele development básico. Ou vai ver, sou apenas eu que sou chato demais. Talvez você até diga que são jogos leves e para família e que não precisam de tanto polimento. Eu discordo totalmente. Não importa se um jogo é família ou pesadão ele precisa transmitir a sensação de ser balanceado. Caso contrário, vai frustrar jogadores mais exigentes. Geralmente, esses jogadores mais exigentes são as pessoas que vão “catequizar” novos jogadores. Então, se você não agradar esse tipo de jogador, está perdendo um cliente em potencial exponencial. Afinal, se eu não uso Takenoko para introduzir novatos, são vários novatos que vão deixar de conhecer e, consequentemente, comprar o jogo. E assim, morreu um possível efeito em cadeia que poderia acarretar na venda de 10 cópias.

Bom, acho que já conversei demais e até me perdi um pouco. Vamos voltar aos eixos e falar dos jogos.

#5. Rampage (2013)
Na época que joguei esse jogo se chamava Rampage, hoje em dia é Terror in Meeple City. Nossa, que nome terrível o novo. Pois bem, se você acompanha minhas postagens, sabe que tenho grande interesse em Jogos de Destreza. Especialmente aqueles que com um maior apelo ao público adulto. Rampage é um desses jogos, que não é apenas empilhar algo e pronto. Existe um tema muito bem casado com as mecânicas, existe Set Collection para pontuar e tem vários aspectos diferentes (soprar, petelecar e soltar peças). É fato que Rampage é um jogo criativo e, no mínimo, diferente. Entretanto, a tentativa de transformar todas essas ações “físicas” em um jogo foi falha. Não por culpa do físico, mas por conta das mecânicas. Temos aqui poderes desbalanceados, tanto nas cartas de poder e superpoder. Temos um sistema de pontuação ridículo. Você ganha 10 pontos se tiver um de cada tipo de meeple comido. Entretanto, se você tiver apenas 5 dos 6, você ganha zero. Por fim, mas esse é só implicância: temos um Setup demoradíssimo em comparação com o tempo de partida. O jogo diverte, mas não tanto quanto poderia se tivesse um conjunto de regras minimamente funcional e balanceado. Faltou, como já comentei, um development em cima.
#4. Ghost Stories (2008)
Só joguei Ghost Stories uma vez e, sinceramente, nem sei se joguei corretamente ou não. Sempre vejo Tom Vasel dizendo que o jogo é impossível e tudo mais, mas como ganhamos na primeira partida fica sempre aquela suspeita se erramos as regras e deixamos mais fácil do que deveríamos. Bom, Ghost Stories é praticamente um Tower Defense. Vários monstros estão vindo destruir sua vila e você, no papel de monge protetor da cidade, deve enfrentar esses invasores. A ideia é boa e o sistema é bem funcional. O esquema do dado cria um fator de sorte gigante no jogo, fazendo com que você possa ganhá-lo pelo mero acaso e sem muita estratégia. Entretanto, isso não me incomodou. Basicamente, você tem que criar estratégias para depender o mínimo possível do dado. Fizemos isso e nos rendeu a vitória. Não tenho como tecer muitos comentários, pois não consegui “captar” muito as engrenagens do jogo com apenas uma partida. Gostei do que joguei, jogaria novamente, mas sempre com aquela orelha em pé esperando algo muito esquisito (leia-se desbalanceado) acontecer.
#3. Samurai Spirit (2014)
Mais um cooperativo. Sendo que Samurai Spirit tive a oportunidade de jogar várias vezes. É um jogo muito mais rápido e dinâmico, às vezes rápido até demais. É mais um desses jogos impossíveis. Esse eu atesto a dificuldade, pois nunca venci. A ideia é similar ao Ghost Stories, também é um Tower Defense, mas com menos feeling de Tower Defense, pois os inimigos não se “movem” rumo a cidade. Eles simplesmente já chegam de imediado quando relevados pelo baralho. Isto é, temos aqui um jogo mais abstrato que o Ghost Stories. Entretanto, apesar dos pesares. Como joguei Samurai Spirit mais vezes, achei mais justo colocá-lo a frente. Talvez seja um empate técnico entre os dois? Eu gostei da ideia do jogo, pois ele é rápido e bastante direto. Sendo que não gostei muito do aspecto de sorte do jogo. Parece que o jogo é bem difícil e se você tiver alguma sorte, ele é ganhável. Isso me incomodou um pouco, pois parece que o destino do jogo não reside em nossas habilidades, é como se o fator sorte tivesse uma influência de 50% ou mais. Para fechar com mais um comentários chatonildo: a dificuldade do jogo não escalona tão bem com a diminuição/aumento de pessoas na mesa.
#2. 7 Wonders Duel (2015)
Primeiro cruzamento entre listas! Esse jogo já apareceu lá no Top 5 do Bruno Cathala. Então, deixar aqui apenas o comentário que acho que esse jogo teve mais a mão do Cathala do que do Bauza. Digo isso, pois ele parece bem balanceado. Apesar de ter um certo problema com os poderes das maravilhas. Não sei se são realmente balanceados ou não, mas o sentimento é que o jogo simplesmente funciona. Como a versão original do jogo é do Bauza, acho até que o Cathala entrou em contato com ele dizendo que tinha uma ideia e ele acatou. Bom, não sei como funciona o esquema de créditos com Game Designers, mas na comunidade cientifica acontece coisas assim. O que me entristece… Mas, fazer o que? Comentários sobre o jogo em si, dá uma olhadinha no outro Top 5.
#1. Hanabi (2010)
Espantoso ver Hanabi no Top 1 de qualquer lista, não é mesmo? Bom, o jogo ganhou Spiel des Jahres (igualmente espantoso). Então, vamos pular essa parte que você diz que é um absurdo. Hanabi é aquele tipo de ideia que você olha e diz: porque não pensei nisso antes? Tanto é, que depois de Hanabi surgiram mais uns 2 ou 3 jogos praticamente com a mesma mecânica. A questão é justamente essa: Hanabi tem uma ideia muito boa, mas que é mal executada. Um jogo cooperativo que não tem uma condição de vitória real é muito frustrante. Você faz uma pontuação e depois vê em uma tabelinha como o jogo diz que você foi… Isso dá uma broxada tremenda ao final da partida. Eu adoro usar Hanabi para apresentar jogos à novatos, pois a dinâmica é de fato diferenciada e interessante. Eles jogam o jogo super satisfeitos, mas chegam no final e ficam tristes em saber que tiver uma “pontuação”. Acho que depois de tanta reclamação sobre pontuação, podemos perceber que esse é o fraco do Bauza. Ele, simplesmente, não consegue criar sistemas de pontuação bons. Então, talvez você ainda se pergunte: como esse jogo é seu Top 1? Simples… É o único jogo do Bauza na minha coleção e que provavelmente não irá sair por ocupar tão pouco espaço. Motivo pouco nobre, mas é a realidade.

Bom, como são apenas 8 jogos… Ficaram 3 de fora. Por incrível de pareça, os mais famosos. 7 Wonders, Takenoko e Tokaido. Takenoko e Tokaido eu acho um horror de desbalanceamento. Prefiro o Tokaido, pois ele é menos, e é um jogo que é até agradável de jogar (se você ignorar que é um jogo e que existe uma pontuação tosca). 7 Wonders é ranço de jogo puramente de Drafting, acho Sushi Go muito mais adequado à proposta de jogo de Drafting puro (apesar de também não curtir tanto assim). Me incomoda também a falta de interação. Dizer que a interação está no Drafting é um argumento meio fraco. E é isso.

Olha aí, os oito jogos que conheço do Bauza até agora (21/12/2018):

Então, horrorizado sobre o que comentei do Bauza? Discorda totalmente do meu Top 5? Deixe nos comentários seus conselhos de jogos bacanas que desconheço!

9 Comments

  1. Matheus Ulisses
    21 de dezembro de 2018

    Takenoko dá uma sensação divertida ficar girando aqueles tiles e montando os pés de bambu e a mecânica de como você avança no tabuleiro de tokaido é muito boa e as coleções são lindas e casam bem com o tema. Eu entendo seu ponto, dizer que o jogo é divertido apesar das cagadas de designer é um absurdo pra quem é um profissional, mas levando em conta que ele faz o mais importante esse “detalhe” podia ser corrigido pelo desenvolvedor ou um coautor (o 7 wonders duel é muito bom).

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    1. Roberto
      21 de dezembro de 2018

      Sim, o Bauza consegue criar um jogo com uma experiência X. Restaria alguém melhor em balanceamento assumir a parte de desenvolvendo dos jogos dele. Infelizmente, o GD muitas vezes precisa fazer todo o serviço, pois a Editora não quer arcar com os custos ou assume que não é um problema. Esse deve ser o caso dele, por isso esses “buracos” em áreas que ele parece não entender tão bem.

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  2. Cássio Nandi Citadin
    24 de dezembro de 2018

    Tinhamos no Grupo Tokaido até outro dia, mas ficou mais de ano parado e voou da prateleira do dono. Entendiamos ele como um gateway, mas acho que jogamos tanto dessa forma que ele acabou virando um jogo meio enfadonho e cansativo. Não aconteciam muitas coisas nele pra torna-lo interessante. Geralmente após uma partida o comentário (tentando Não desvaloriza-lo) era de que “O jogo é isso mesmo, parece uma viagem, vc vai admirando as paisagens etc”. Meeeh

    O jogo do Panda como é conhecido aqui é okayzinho. Já jogamos tanto que não da mais nem pra ver, mas os desequilíbrios que vc comentou sobre objetivos são reais mesmo.

    Samurai Spirit foi frustrante pois o manual não deixava muito claro como os efeitos especiais dos personagens trabalhavam e geralmente quando a coisa apertava muito (o jogo é dificinho mesmo) acabava que alguns jogadores não jogavam e ficavam só passando seu boost ou heal ou efeito qualquer pro vizinho aguentar a porrada. Já não sou do Coop, ainda um negócio que as regras não fechavam direito…

    Responder
    1. Roberto
      24 de dezembro de 2018

      Resumindo: Bauza não agradou tanto. hehehehe

      Responder
      1. Cássio Nandi Citadin
        24 de dezembro de 2018

        aohhaeoiohieoaie

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  3. Fabio
    19 de fevereiro de 2020

    Tirar 7 Wonders do seu top 5 realmente doeu rsrs
    Bauza tem ótimos jogos para quem está começando no hobby, pois não vão notar esses desbalanceamentos na partida, com o tempo, como a maioria dos jogos, vc pega o truque, onde focar, e se n tiver ninguém no jogo que conhece um bloque, já era, vc ganhou.
    Mesmo assim, discordo de você rsrs acho bons jogos, mas nada demais, com exceção, é claro, de 7 wonders (top).
    7 wonders, demorei muito para conhecer este jogo, mas depois que eu conheci, fiquei doido! Ele entra no mesmo ponto que Blood e Jorvik. Por ser um jg de eras, quem já conhece o jogo leva bastante vantagem, pois já sabe quais cartas esperar para ficar e fazer um bom combo. Mas uma vez, não acho isso ruim, e sim, bom para conhecer melhor o jogo. Para mim o melhor dele, disparado!
    7 wonders duel, muitos preferem este ao 7 wonders normal, mas eu fico com o normal. Porém confesso que é um dos melhores jogos para duas pessoas.
    Takenoco, o jogo do pandinha! Jogo que enche os olhos por ser muito bonito na mesa; vejo que esse é um atrativo para os novatos (miniaturas fofinhas, e já vem pintadas, e tabuleiro bem colorido). O jogo tem uma mecânica muito gostosa e estratégica, mas de fato os objetivos são muito desbalanceados na questão de pontuação. Mesmo assim, um jogo muito divertido!
    Tokaido, outro jogo que fica muito bonito na mesa. Joguei poucas vezes, então ainda não vi onde o jogo fica desbalanceado. Não sei se avanço ou puxo o freio. Curti bastante o jogo.
    Hanabi explodiu a minha cabeça! No começo parece ser a coisa mais fácil, depois vira a coisa mais impossível. Único problema que vi no jogo foi não ter regras muito claras. Contar carta neste jogo é fundamental para se sair bem. Com o tempo só o jeito que a pessoa fala vc já sabe o que fazer com a carta, vcs vão criando afinidade no grupo.
    Dos jogos que ainda não joguei, só tenho vontade de jogar o pequeno principe por ser tb do Bruno Cathala.

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    1. Roberto
      19 de fevereiro de 2020

      Sim, ele investe mais na experiência do que no balanceamento, fica bem claro isso… Então, para quem tá pelo aspecto lúdico da coisa, os jogos dele funcionam muito bem. Sendo que ao avaliar as minúcias, dá pra ver bem claro os problemas. 7 Wonders deve ser uma exceção, não me pareceu desbalanceado. Meu problema com ele são outros… 😀

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  4. Hudson Moraes
    3 de maio de 2021

    Você me deu curiosidade de pesquisar um jogo do qual nunca tinha ouvido falar: Hanabi.

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    1. Roberto
      3 de maio de 2021

      Legal, Hudson. =D

      Responder

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