No mundo da pesquisa, o pessoal utiliza uma métrica para indicar a produtividade e impacto do trabalho de um pesquisador chamada de H-Index. Não vou comentar sobre os méritos/deméritos dessa métrica ou se concordo/discordo do seu uso. Eu vou utilizar essa métrica no mundo dos jogos de tabuleiro. Hoje, proponho um Desafio para os entusiastas aqui no blog.
Antes de começar, é bom eu explicar o que é o H-Index, não é? Pois bem, é um número que indica a quantidade de trabalhos com citações maiores ou iguais a esse número. Exemplificando: um pesquisador que possua 5 trabalhos e teve cada um deles citado 3 vezes, terá um H-Index igual a 3. Para aumentar o H-Index, este pesquisador precisa de mais citações nos seus trabalhos, a partir do momento que pelo menos 4 deles tiver 4 ou mais citações, o H-Index torna-se 4.
No caso dos jogos de tabuleiro, o H-Index é usado para indicar a quantidade de jogos que foram jogados pelo menos uma quantidade igual ou maior a aquele número. Isto é, um jogador que jogou 100 jogos, mas jogou apenas 10 deles mais de 10 vezes, terá H-Index igual a 10.
Ok, Roberto. Acho que entendi, mas qual o Desafio? Bom, o Desafio é você dizer seu H-Index e comentar sobre os jogos que “fazem parte” desse H-Index. Você pode falar brevemente dos jogos ou fazer como irei fazer: uma lista. Recomendo criar uma Lista na Ludopedia, assim que eu finalizar as duas partes dessa postagem eu farei uma com o mesmo conteúdo daqui do blog.
Como meu H-Index atual é 22, isso significa que eu joguei pelo menos 22 jogos 22 vezes ou mais. Então, para apresentar esses 22 jogos, irei dividir essa postagem em duas. Cada uma com 11 jogos. Na verdade, considerado os jogos que joguei mais do que 22 vezes, eu teria 24 jogos nessa lista, mas estou removendo Nightfall, pois contabilizei várias partidas no iOS, e Factory Fun, pois contabilizei várias partidas solo.
A lista será ordenada pela quantidade de partida dos jogos, começando dos jogos com menos partidas. Sem mais delongas, vamos começar.
Tsuro (2009) Partidas/Ano: 2014 (21), 2015 (1) Total de Partidas: 22 Conheci Tsuro em 2014, jogando a cópia de um amigo. O jogo é belíssimo e de uma simplicidade interessante. Até comprei uma cópia para mim, por conta da variação de jogadores (2-8). Na época, me pareceu um jogo para qualquer ocasião. Joguei até mesmo com minha mãe. O problema é que Tsuro não é apenas simples e elegante, ele ultrapassou o limiar e se tornou simplista. Como você pode perceber, joguei ele 21 vezes em um ano. No outro ano, joguei apenas uma vez. O jogo não conseguiu me prender por muito tempo e vendi minha cópia. Se colocarem ele na mesa eu jogo sem problemas, é uma partida rápida e indolor. Apesar de não ter mantido na coleção, acho que é um jogo excelente para eventos, principalmente para apresentar o hobby aos novatos. |
Sushizock im Gockelwok (2008) Partidas/Ano: 2015 (15), 2016 (4), 2017 (3) Total de Partidas: 22 Acho que será uma tendência dessa lista, os jogos serem muito jogados no ano introdutório e decair nos demais anos bastante. Entretanto, diferente do Tsuro, o Sushizock resistiu ao crivo e, inclusive, permanece na coleção. O engraçado é que eu considero Tsuro um jogo melhor que Sushizock, mas os dados dão um frescor em cada partida. Reconheço vários defeitos no Sushizock, mas eu acho que o jogo cumpre bem seu papel de filler, especialmente aquela partida inicial para aguardar a chegada de todos na jogatina. Essa é a função que ele tem cumprido por esses 3 anos, cada vez menos presente, pois o fluxo de jogos novos é grande. Então, termina que os “clássicos” ficam um pouco para trás. Prevejo mais algumas partidas para Sushizock em 2018 e, quem sabe, mais alguns anos adiante? |
Biblios (2008) Partidas/Ano: 2012 (7), 2013 (5), 2014 (5), 2015 (5) Total de Partidas: 22 Como a maioria dos jogos que eu conseguia antigamente, Biblios foi adquirido em uma Math Trade (trocas de jogos entre vários usuários). Mais um na categoria filler, pelo visto teremos vários desses nessa lista. Biblios foi o jogo que “alavancou” (entre aspas, pois até hoje é um Game Designer pouco conhecido) o Steve Finn e foi um dos primeiros sucessos da Iello. Talvez Biblios estivesse na coleção até hoje, mas vendi para um amigo que gostava do jogo muito mais que eu. Se você perceber o jogo não decaiu nas jogatinas, mas sumiu completamente em 2016, pois depois que esse meu amigo comprou eu acho que nunca mais joguei Biblios. É um bom jogo, mas as partidas são similares. A variedade fica por conta da aleatoriedade do deck, que força você a seguir uma estratégia ou outra. Se você gosta de cardgames rápidos, acho que gostará deste aqui. |
Villa Paletti (2002) Partidas/Ano: 2015 (14), 2016 (4), 2017 (5) Total de Partidas: 23 Melhor jogo de destreza que joguei até hoje. Estou na expectativa de ser desbancado pelo Junk Art, mas ainda não tive a oportunidade de jogar. Villa Paletti é muito divertido, rápido e é um jogo de destreza com uma pequena dose de estratégia e tática (raros em jogos em destreza). Como usual, no primeiro ano joguei muitas vezes e, com o fluxo de jogos, foi sendo jogado cada vez menos, mas sem perder a força. Infelizmente, acho que esse ficará nas 23 partidas, pois vendi para um amigo antes da mudança. Então, acho difícil conseguir mais jogatinas dele. Com certeza, se tiver uma mesa, eu jogaria. |
Survive: Escape from Atlantis! (2010) Partidas/Ano: 2011 (1), 2012 (10), 2013 (4), 2014 (4), 2015 (2), 2016 (0), 2017 (2) Total de Partidas: 23 Survive, para mim, é o Gateway definitivo, pois ele satisfaz a expectativa que um jogador que desconhece o hobby normalmente tem. Não leve a mal, jogos como Carcassonne e Ticket to Ride cumprem bem o seu papel, mas convenhamos que todos esses jogos não geram tanta interação e discussão na mesa quanto Survive e, para quebrar o gelo e introduzir o hobby aos novatos, acho que essa é uma boa fórmula. Claro que tudo depende do perfil da pessoa, Survive pode até afastá-la do hobby para sempre. Então, é importante medir um pouco a pessoa antes de colocá-la para jogar Survive. Em geral, eu recomendaria o Survive para pessoas que lhe procuraram para jogar, isto é, foram para o evento por conta própria ou viram sua coleção e falaram “que legal, vamos jogar algum?”. Pessoas com essa iniciativa, geralmente não se acanham com esse tipo de jogo sangue nos olhos, pois essa é a expectativa de quem conhece War, por exemplo. Agora, uma pessoa que você está tentando de fato apresentar os jogos e você percebe que está muito na dúvida, é melhor um caminho mais “tranquilo” como o já citado Carcassonne. Bom, toda essa introdução foi para justificar os 6 anos de jogatina do Survive: uso ele para introduzir novatos. Essa é a única razão que mantenho ele na minha coleção e continuo jogando-o. O jogo é temático, rápido, divertido e todos tem chances reais de ganhar. Em 2016 foram zero jogatinas, mas o jogo retornou em 2017 e, provavelmente, será usado em 2018. |
Bang! (2002) Partidas/Ano: 2012 (21), 2013 (1), 2014 (1) Total de Partidas: 23 Eu até gostava de Bang! nas primeiras partidas, pois queria ver como funcionava a dinâmica de cada papel escondido. Sendo que depois de algumas partidas, você cansa. Especialmente quando se conhece outros jogos mais interessantes. Termina que Bang! se torna aquele jogo que você joga ou por falta de opção ou por insistência do grupo. Foram 21 partidas em 2012, que coisa triste. Inclusive, nos dois anos seguintes foram partidas em Confraternizações do grupo, que me trollavam para substituir um jogador que saia da mesa. Jogo chato, demorado e desbalanceado. Eu já tive a versão em formato bala e vendi para um amigo (coitado). Mais uma daquelas compras que me arrependi e, se tiver uma mesa, passo longe. |
Warhammer: Invasion (2009) Partidas/Ano: 2011 (21), 2012 (2), 2013 (1) Total de Partidas: 24 Lá vamos nós, para mais reclamações. Em 2011, depois de um longo tempo sem jogar RPG, consegui um novo grupo. Nesse grupo, tinha um jogador viciado em CCGs e nessa época ele jogava Warhammer: Invasion. Resultado? Antes de começar o RPG, sempre rolava um carteado. As primeiras partidas foram interessantes, especialmente por eu estar iniciando no hobby. Entretanto, como eu não gosto de montar decks, eventualmente cansei do jogo, pois jogar com decks preparados pelos outros é meio ruim mesmo. Fora que esse jogo tem aquela velha dinâmica de pedra, papel e tesoura, que você cria um deck para enfrentar um deck e esse, por consequência, é modificado para enfrentar o seu, e assim fica o ciclo infinito. O jogo perdurou por 3 anos, pois quando passa muito tempo a gente até dá uma nova chance ao jogo. Entretanto, a última experiência foi a mesma das anteriores e nunca mais quis ver o jogo. Nesse mesmo período conheci vários outros LCGs da Fantasy Flight e, definitivamente, não é meu estilo de jogo. Apesar de existir um jogo bem parecido com um LCG que é uma grande exceção nesse meio para mim. |
Guildhall (2009) Partidas/Ano: 2013 (7), 2014 (8), 2015 (6), 2016 (1), 2017 (2) Total de Partidas: 24 Guildhall resistiu bem vários anos, só decaindo no quarto ano. Acho que é a tendência de qualquer jogo bom, mas não excelente. Ele perdura alguns anos, até que jogos melhores vão ultrapassando e sendo jogados no seu lugar. Guildhall ainda está na coleção, mas eu tenho a intensão de vendê-lo. O jogo continua interessante e diverte, mas não é a mesma coisa que antigamente. As situações se repetem, as estratégias terminam sendo similares e não tem mais tanto espaço para inovação. A expansão, apesar de ajudar um pouco na variedade, tem poderes muito similares ao jogo base. O mais legal é misturar os personagens e criar uma combinação que você e seu grupo gostem. Atualmente, eu jogo Guildhall meio que no modo automático, pois não sinto empolgação em pensar em grandes combos. Isso é um mal sinal, qualquer jogo jogado no automático não merece ser jogado, já que existem tantos outros jogos que empolgam. |
YINSH (2003) Partidas/Ano: 2014 (7), 2015 (12), 2016 (6) Total de Partidas: 25 Percebi, fazendo essa lista, que faz muito tempo que não jogo YINSH. Que triste. Última partida foi em Outubro de 2016. Bom, YINSH ainda está na coleção e pretendo jogá-lo mais vezes. O maior problema é encontrar pessoas interessadas em abstratos e, também, conseguir uma jogatina com apenas 2 pessoas. Com essa dificuldade, eu tento jogar várias partidas de YINSH em um só dia, algo bem raro de eu fazer com outros jogos. O fato de YINSH ainda estar na coleção após um ano inteiro de ausência só mostra o quanto eu gosto do jogo, pois normalmente eu já teria vendido. Espero jogá-lo esse ano. |
Troyes (2010) Partidas/Ano: 2012 (4), 2013 (8), 2014 (3), 2015 (6), 2016 (1), 2017 (3) Total de Partidas: 25 Que jogo. Já falei repetidas vezes de Troyes aqui. Seja na minha coleção ou até mesmo como um jogo que eu gostaria de ter criado. Troyes é um jogo com períodos altos e baixos, pois depende do pessoal que está frequentando as jogatinas na época. Alguns amigos adoram e outros odeiam, isso influenciou claramente anos como 2015 (muitas partidas) e 2016 (uma partida). Entretanto, Troyes permanece sendo jogado desde 2012, sendo o jogo mais pesado dessa lista. É raro eu atingir 20+ partidas em Eurogames, pois a tendência é que eu canse do jogo devido à natureza determinística e de ter explorado o suficiente. Com Troyes é diferente, o jogo é diferente toda partida e você desenvolve sua estratégia com o caminhar da partida. |
Mr. Jack Pocket (2010) Partidas/Ano: 2012 (11), 2013 (11), 2014 (5) Total de Partidas: 27 Mr. Jack Pocket parece que está em um passado distante da minha história de jogatinas. Joguei bastante durante alguns anos, mas chegou um dia que percebi que não me divertia tanto jogando e resolvi repassar. O jogo é bem interessante, mas jogar como Mr. Jack é muito mais complicado do que como investigador. Você precisa pensar muito mais cautelosamente e traçar planos extremamente funcionais. Caso contrário, você vai perder. Com o Investigador, o jogo é mais tranquilo. Esse desnível na experiência, me fez cansar do jogo. Até gosto do jogo, mas desde que vendi não tive vontade de jogá-lo novamente. |
Como prometido, estes foram os primeiros 11 jogos. Em breve retomo a lista com os outros 11 jogos. Enquanto isso, deixe nos comentários seu H-Index e quais foram os jogos.