Top 3 jogos que eu gostaria de ter criado

Tem um desafio lançado pelo Daniel Pístola que já rodou por todos os lugares imagináveis dentre os board gamers brasileiros. Já foi para canais de youtube, blogs e até podcasts. Não entendi porque chamaram de “desafio”, talvez seja porque eles “desafiam” uns aos outros para que façam o seu Top 3. Pois bem, cá estou eu, que não fui desafiado por ninguém, mas gostei da ideia… Que achei particularmente adequada para o conteúdo que escrevo por aqui. Sem mais delongas, vamos aos 3 jogos.

#3 Codenames

Eu acho o Vlaada um ótimo game designer. Versátil, criativo e até mesmo engraçado, se for ele que escreve os manuais. Às vezes ele se perde e exagera, mas no geral os jogos dele tem algum elemento interessante.

Eu me surpreendi bastante com Codenames, não que não esperasse gostar, mas sim como ele conseguiu criar um conceito tão simples e que funciona tão bem. A ideia de usar um jogo tão antigo (passwords) como mecânica base para um jogo de tabuleiro foi uma sacada que poucos conseguem. Mas a cereja do bolo vem com as ideias novas de assassino e chutar uma carta a mais. Ideias extremamente simples, mas que transformam Codenames no jogão que é.

Gostaria de ter criado por dois motivos: acho que nunca vou conseguir criar um party game legal, simplesmente não faz parte das minhas habilidades como game designer; e é um jogo que estourou, é jogado em inúmeras casas, seja por gamers e não gamers. É um sucesso bem vindo na carreira de qualquer game designer e um “gerador de felicidade” espalhado por todo mundo.


#2 Troyes

Fiquei na dúvida se colocava esse em 1º ou 2º, mas depois de muito refletir deixei ele nessa posição. Troyes é um jogo curioso, pois não é dice placement, mas está em quase todas as listas sobre o assunto. Sendo que se você gosta de euros com dados, não procure mais… Troyes é o melhor da categoria e junto com a expansão eu diria que o jogo tem uma variedade infinita de possibilidades de jogo.

O time de designers de Troyes é composto de um pessoal não muito conhecido: Sébastien Dujardin, Xavier Georges, Alain Orban, mas que desde que joguei Troyes eu espero os lançamentos de qualquer um deles. Já joguei Carson City e Deus, mas nenhum deles chega aos pés de Troyes. Infelizmente, estou achando difícil qualquer um desse time criar um jogo melhor.

Acredito que a maior virtude de Troyes é ter criado um sistema auto-balanceável pelos jogadores sem parecer forçado. Como assim? Eu vejo muitos jogos utilizando leilão ou drafting para balancear cartas fortes demais, deixando na mão dos jogadores esse balanceamento. Troyes é diferente. É possível que você coloque uma carta extremamente poderosa em jogo e o jogo permanecer competitivo. Tudo isso foi conseguido por conta do sistema ser completamente comunitário. As cartas estão disponíveis para todos e o mais importante: os dados que realizam as ações, apesar de serem de um jogador específico, podem ser comprados por qualquer jogador. Solução extremamente funcional. Com uma mecânica só (compra de dados) o jogo ficou balanceado e o gerenciamento da sorte está completamente inserido no jogo.

Eu gostaria de ter criado Troyes pelo jogo parecer ter vida própria. Cada partida é diferente, não existe estratégia vencedora e a interação entre os jogadores é fortíssima.


#1 Hansa Teutonica

Eu cheguei meio tarde para essa festa, alias, deixe-me corrigir, para esse requintado chá das cinco. Hansa Teutonica foi lançado em 2009, mas só o conheci em 2016. A idade do jogo, o péssimo manual e a capa feia não me impediram de curtir bastante o jogo.

Acho Hansa Teutonica um dos euros mais elegantes e redondinhos que já joguei. Ele foge do tradicional worker placement que virou febre e usa um conjunto de mecânicas que parecem extremamente entediantes, tais como: Pontos de Ação e Construção de Rotas. Eu vejo pontos de ação e já me tremo com as possibilidades turnos longos, downtime e tédio; depois eu vejo construção de rotas e já penso que vai ser um jogo de trem, não sou fã de nenhum deles (tirando Russian Railroads, que não parece ser um jogo de trem). Entretanto, Hansa Teutonica não poderia ser mais diferente. Os turnos são rápidos e significativos; as rotas são importantes e existe uma interação sangue nos olhos na construção delas. É um dos poucos euros que conheço que incentiva a interação dando benefícios ao jogador que realiza ela com sucesso. Existe uma satisfação em bloquear um adversário para depois usufruir de colocar mais peças sem gastar ações.

Alguns podem dizer que o maior problema do Hansa Teutonica é o tema, mas as mecânicas são tão boas que eu não ligo. Na verdade, talvez um tema mais forte estragasse a experiência e elegância do jogo.

Em todo caso, eu gostaria de ter criado o jogo pela genialidade que vejo nele. É um jogão, digno de tornar-se um clássico.


É isso. Se você ainda não participou desse “desafio” sinta-se desafiado e coloque nos comentários seu Top 3 jogos que gostaria de ter criado.

7 Comments

  1. Emerson
    29 de março de 2017

    Excelente!! Todos os 3 jogos são sensacionais.

    Meu top 3 do desafio
    Terra Mystica – Acho que dificilmente conseguirei criar um jogo assimétrico que não force o jogador a adotar a mesma estratégia com a mesma facção.
    Tichu- Simples de jogar, extremamente profundo em sua estratégia, de duplas e o mais importante usando apenas um baralho de 56 cartas.
    Troyes- Praticamente pelos mesmos motivos que você, um jogo em que as cartas estão a disposição de todos, os dados tbm. Forte interação entre os jogadores e contra o jogo tbm que consegue atrapalhar a todos de uma forma incrivel.

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    1. Roberto
      29 de março de 2017

      Acho que depois dessa sua lista, seu jogo precisa ter um nome com T, para combinar com os que você gostaria de ter criado. =P

      Responder
      1. Emerson
        29 de março de 2017

        Eita verdade =P .

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  2. Gleydson
    30 de março de 2017

    Particularmente eu gostaria de ter criado os jogos que são comumente citados como os “de entrada” no mundo nos Board Games Modernos: Catan, Ticket to Ride e Carcassonne. São três jogos bem diferentes, apesar de simples que iniciam bem os novatos. Acho que mais por questão de ego, mas creio que daria um incentivo a mais para continuar criando jogos que ampliem o hobby.

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    1. Roberto
      30 de março de 2017

      Uma pessoa só ter criado esses três jogos seria um distúrbio na força. =P Seria, sem dúvidas, o game designer mais respeitado da terra… hehehehe

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  3. Hudson Moraes
    12 de novembro de 2021

    Como adoro fazer listas, desde criança, eu vivo fazendo todo tipo de lista, inclusive essa. Mas a grande verdade é que existe um único jogo do qual eu realmente invejo o designer: Fotossíntese. Sou encantado por esse jogo!
    Tudo bem que conheço poucos jogos. Mas nunca encontrei nenhum que tivesse um encaixe tão perfeito entre a mecânica e o tema. É quase uma simulação física. Para mim, é o jogo mais temático que existe.
    De sorte que minha lista funciona assim: existe Fotossíntese e existe o resto. 😀
    Mas existem outros jogos que gosto muito também, como Hive. E que gostaria de ter inventado.

    Responder
    1. Roberto
      12 de novembro de 2021

      Que coincidência, acabei de pegar esse jogo numa troca. =D Chegou ontem. hehehehe

      Responder

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