Chegadas e saídas #42

Chegou as chegadas (e saídas?) com a resposta universal. Dessa vez tem algumas chegadas que esqueci e as saídas de um leilão que fiz na Ludopedia.

Pit Crew (2017)
Esse chegou tem tempo já, desde a Math Trade que postei as chegadas aqui. Só que eu esqueci, bichinho do jogo. O motivo foi simples: foi mais um que troquei por trocar. Foi em uma cópia de Regicida. Às vezes aproveito das Math Trade para colocar um Regicida ou outro para o jogo alcançar mais pessoas e mais lugares. Esse foi o caso aqui. Curiosidade: no mesmo ano saiu um outro jogo chamado Pit Crew lá fora, criado pelo Geoff Engelstein. Eles são parecidos no conceito geral, pois ambos são em tempo real, mas no final das contas são jogos bem diferentes. Eu não estou lá muito interessado em conhecer ou jogar este, pois é um jogo para fazer contas matemáticas rapidamente. Eu não tenho muito conhecimento de jogos assim, mas o Knock Knock Dungeon, que joguei recentemente, eu achei chato e cansativo. Talvez eu prefira Pit Crew por ser competitivo. Ainda assim não estou lá muito empolgado. Engraçado que Pit Crew chegou lacrado e eu nem tinha me ligado nisso quando assinalei para troca. Então, pode ser uma boa opção para presente futuro. Bom, veremos o que acontece com esse jogo nas próximas postagens.
Mental Blocks (2019)
Mais um que peguei apenas por estar em promoção. É um jogo que eu já queria jogar e estava bem barato. Não estou botando muita fé, pois me pareceu que cansarei após algumas partidas, vai depender muito de eu achar o puzzle interessante ou não. A ideia é que cada jogador possui uma parte da informação do quebra-cabeça e todos precisam resolver juntos mas com limitações de uso dos blocos, isto é, alguns jogadores só podem mexer com esse ou aquele bloco. Para incrementar a experiência tem uma maneira de jogar com traidor, mas pelo que li todo mundo fala mal dessa possibilidade. Bom, Mental Blocks vai até 9 jogadores e espero que funcione bem com muitas pessoas para ser mais uma opção legal na coleção para uma galerosa grande.
Godfather: Corleone’s Empire (2017)
Consegui esse jogo de graça em um quiz, talvez isso e sendo do Eric Lang me fez ter uma baixa expectativa com o jogo. Entretanto, ao jogar fui surpreendido. Encontrei, para mim, o melhor jogo do Eric Lang. E aí talvez você se pergunte, mas se é o melhor, por qual motivo vendeu? Existem alguns poucos, mas majoritariamente: o jogo é muito grande e está Out of Print, isto é, dá para pegar uma grana boa em cima dele.
Qualidades: 1) mecânicas, acho que todo Worker Placement com Area Control que joguei eu gostei, esse é mais um exemplo disso; 2) twist nos trabalhadores, além da mistura de mecânicas, ela é feita de um modo diferente e que funciona muito bem, você tem trabalhadores mais poderosos que ativam (e disputam) em múltiplas regiões e uns mais fracos que fazem apenas uma ação e disputam apenas um território, só essa ideia já deixa o jogo bem interessante e inteligente, além de ser fácil de explicar e funcionar muito bem; 3) Take That bem feito, existe bastante dessa mecânica no jogo, eu pessoalmente não gosto mas aqui eu entendo e até acho legal, já que a mecânica vem das missões e você sabe quais são todas depois de uma partida e meio que sabe o que pode acontecer, especialmente com os recursos que o jogador estiver coletando, você meio que já vê que aquilo vai acontecer e se prepara para tal, talvez a única missão que frusta excessivamente é a de roubar três dinheiros diretamente da sua mala, mas basta você colocar nela dinheiros valendo apenas 1 ou 2 que os jogadores não vão lhe usar como alvo ou simplesmente evitam fazer a missão e focam em outras mais interessantes; 4) interação, o jogo tem bastante interação, suas decisões e ordem devem ser feitas pensando nos demais jogadores sempre; 5) temático, apesar do tema específico (o filme) ser fraco, o tema geral (máfia) é bem presente e bem representado.
Defeitos: 1) duração, joguei apenas 4 partidas desse jogo, mas duas delas demoraram bastante, uma demorou 2h10 com apenas três jogadores e outra 3h e pouco com cinco jogadores, o jogo é simples o suficiente para não fazer sentido demorar tanto tempo, obviamente a culpa é do Analysis Paralysis, mas ainda assim eu prefiro jogar vários outros jogos com essa duração no lugar desse; 2) king making, por conta do tanto de Take That no jogo é possível você dar a vitória para algum jogador ao lascar outro, inclusive foi o que aconteceu na última partida que joguei, pelo menos o dinheiro ser escondido evita um pouco smash the leader, pois você nunca tem certeza; 3) escalona mal, o jogo funciona melhor com quatro ou cinco jogadores, por conta da interação e até balanceamento das missões (que tem umas melhores ou piores com mais ou menos jogadores na mesa).
Bonfire (2020)
Peguei esse jogo relativamente barato em um leilão no Spa dos Jogos. Não tinha nenhuma expectativa, na verdade eram até poucas por conta do tema. Entretanto, como é um jogo do Feld, não me preocupei muito de ser ruim. E o jogo não é ruim, mas não me agradou o suficiente para manter. Acho até estranho ele estar com uma nota tão boa e tão bem ranqueado. Será que eu perdi meu gosto por Euros depois de jogar tanto tempo jogos mais leves? Acho que não, joguei Hansa Teutonica e Troyes dia desses e continuo gostando.
Qualidades: 1) bonito, o jogo fica bonito na mesa e chama atenção, as pecinhas de madeira são legais, os recursos são todos de formatos diferentes e são formatos que nunca vemos costumeiramente, o tabuleiro central e do jogador também são bonitos; 2) ações bônus, no jogo você conquista umas ações bônus ao fazer objetivos e essa é a melhor parte do jogo, os pequenos combos que você faz e sente que está otimizando um pouco mais suas ações; 3) pronto, tem alguns outros aspectos que várias pessoas acham positivo, mas eu não achei e por isso o jogo simplesmente não me agradou.
Defeitos: 1) tema, foram inventar de botar um tema “forte” e ficou essa cagada, o jogo é ruim de explicar por conta do tema, o tema não faz muito sentido e até meio que engana os jogadores achando que fará coisas temáticas e não vão, não tentem colocar tema forte em seus jogos Euros que não possuem tema, fica feio; 2) iconografia, é bem ruim, direto consultando o manual em busca de saber o que cada gnomo faz e algumas das fogueiras (objetivos) também não ajudam; 3) muitas cores parecidas, esse jogo é totalmente não amigável para daltônicos, não entendo o motivo de pegar tantos componentes distintos e chegar em um deles e usar 3 tons parecidos (bom, ao menos pra mim), fora que o tom da madeira não bate muito bem com o impresso e isso lasca ainda mais a situação; 4) jogador com AP, não é tanto culpa do jogo, mas jogadores propensos à Analysis Paralysis vão travar notavelmente o jogo, vai acontecer de todo mundo ter jogado o turno e o jogador ainda está tomando alguma decisão do turno passado ou simplesmente ser o funil da partida (todo mundo jogando rápido e ele demorando mais do que todos juntos da mesa); 5) puzzle para ganhar ações não é interessante e parece muito deslocado do restante do jogo; 6) Frankstein, na verdade o jogo todo parece meio desconjuntado, as partes unidas não ornam bem e o sentimento é que o jogo tem uma progressão linear muito específica (preciso disso pra isso e depois para aquilo), sem dar muita liberdade para os jogadores de como montar sua estratégia, óbvio que terão estratégias diferentes (alguém focando mais nisso ou naquilo) mas no final das contas o fluxo é bem similar por conta dos pré-requisitos para as coisas funcionarem.
Gugong (2018)
Acabei de falar de Hansa Teutonica no jogo anterior e aqui está um jogo do mesmo Game Designer. Peguei justamente por esse motivo e o jogo é bom. Só não achei bom o suficiente para manter na coleção. Gugong é um Worker Placement, mas que você posiciona cartas no tabuleiro em vez de meeples. Essas cartas possuem um valor e você está sempre trocando ela por outra no tabuleiro, preferencialmente você está colocando uma com valor superior (assim faz a ação de boas e não sofre nenhuma penalidade). A ideia é bem boa e funciona, mas achei o jogo muito mais tático do que eu previa por conta de uns benefícios dados durante cada rodada e, também, por conta dessa restrição de só jogar onde existe um número menor.
Qualidades: 1) mecânicas, o jogo tem uma ideia diferente e interessante para a mecânica de Worker Placement, é uma maneira bem diferente de jogar, pois essencialmente não há bloqueios, mas é possível interferir e dificultar a vida dos outros jogadores; 2) fácil de jogar, como a maioria dos Worker Placements, o jogo é bem fácil de explicar e jogar, basicamente você bota uma carta na mesa e faz a ação do lugar escolhido (além de alguma ação extra que veio na carta que jogou); 3) temático, apesar de Euro Games serem fracos em tema, esse tem um tema bem presente e atrelado as mecânicas, eu até me surpreendi, só explicando: o tema é que suborno foi proibido (baseado em fatos mesmo) e vocês precisam trocar presentes (suborno disfarçado, já que o presente precisa ser melhor que o que você pegou) para conseguir ganhar os favores de cada local.
Defeitos: 1) tático, eu não gosto muito de jogos táticos e Gugong é bastante disso, especialmente com mais jogadores, se fosse para jogar apenas com três jogadores eu até acharia o jogo bom e talvez mantivesse, mas tenho outros jogos que também são bons e rodam legal com apenas três (vários na realidade, especialmente Euro Games), eu comprei Gugong justamente para ser um Euro que joga até cinco jogadores, mas deve ficar muito tático/caótico (já achei quatro jogadores ruim nesse sentido); 2) erros, o jogo veio com erros de impressão em vários componentes distintos, até a caixa faltou o nome do jogo, um erro bem gritante; 3) setup, no início da partida você precisa separar e distribuir para cada jogador um conjunto de cartas específico, só que para fazer isso botaram um ícone minúsculo preto em um fundo vermelho escuro, é ruim para pessoas com visão normal ver, para mim (daltônico) é pior ainda; 4) manual, tem alguns erros de tradução no manual e, mesmo o original, deixa ambiguidades e margem para dúvidas sobre regras importantes.
Galaxy Trucker (2007)
Meu Game Designer favorito é o Vlaada por várias razões e, por isso, eu tenho Galaxy Trucker na minha coleção. Alias, tinha. Veja bem, eu ainda gosto do jogo, só que depois de tanto tempo eu não tenho a mesma empolgação inicial. Além disso, eu tenho na minha coleção Galaxy Trucker e Factory Fun que são jogos bem similares. Bom, o motivo principal de me desfazer de Galaxy Trucker é que eu só ganho e só ganho dando uma surra nos outros jogadores. Não que eu seja o deus do Galaxy Trucker, mas com as 14 partidas nas costas, é difícil alguém que tá jogando pela primeira vez chegar perto de ganhar. E mesmo uma segunda ou terceira partida não são o suficiente para atingir o mesmo nível. O que faria com que eu precisasse meio que “treinar” um grupo para o jogo ter competição. O jogo não é fácil para iniciantes, especialmente para quem não uma boa visão especial. Dessas 14 partidas perdi apenas uma delas. É isso, cansei de vencer e por isso vendi o jogo. Mas, obviamente, ele tem uns defeitos.
Qualidades: 1) tema, eu gosto da temática do jogo, geralmente os jogos do Vlaada tem algum tema interessante ou engraçado e esse não foge à regra, além disso o tema é bem integrado com as mecânicas, o que facilita a explicação das regras; 2) divertido, montar a nave é simplesmente divertido, você precisa encaixar tudo direitinho e tentar balancear bateria com o que necessita delas e ter espaço para tripulação e carga, são boas decisões tomadas em tempo real que funciona bem aqui, até mesmo para quem não é tão agoniado, já que não são decisões sem reflexão, se você construir na doida vai se dar mal; 3) progressão, eu gosto de como o jogo progride com o aumento das naves, das ameaças e das pontuações, dá a oportunidade para o jogador entender o jogo na primeira nave e ainda conseguir vencer ou se recuperar.
Defeitos: 1) meio jogo, Galaxy Trucker é composto de duas metades: uma é montando a nave e a outra é deixando ela passear no espaço, a segunda metade tem pouquíssimas decisões e é bem “meh”, podendo inclusive ser extremamente frustrante, se os jogadores começarem a ter sua nave totalmente destruída; 2) pontuação, costuma ser bem discrepante, precisa uma mesa muito bem alinhada para a pontuação ser próxima, o que me incomoda um pouco, pois deixa o pessoal da mesa bem triste ao perder por uma margem gigante de pontos; 3) frustante, o jogo pode ser frustrante para iniciantes e eu, sinceramente, não recomendo, só se o jogador tiver realmente uma casca muito grossa para não ligar a surra que toma do jogo.
Wrath of Dragons (2015)
Eu tenho reparado uma coisa com jogos gringos sem hype: eles se fodem no mercado nacional. Tem acontecido com bastante frequência eu tentar vender jogos que não são lançados aqui (e provavelmente nunca serão) e conseguir um valor bem baixo. Então, Wrath of Dragons foi um dos piores negócios que fiz nesses últimos tempos, pois peguei numa Math Trade por R$ 250,00 e vendi por 120 (o que tirando o pedaço da Ludopedia ficou por miseros 108). Bom, pelo menos me livrei do jogo.
Qualidades: 1) tema, é a única coisa boa nesse jogo, a temática é que somos dragões aterrorizando várias cidades ao longo dos séculos.
Defeitos: 1) repetitivo, o jogo dura seis rodadas e você faz a mesma coisa todas as seis rodadas, é enfadonho e chato por conta disso, apesar de aumentar opções de espaço de alocação e você até passar de nível com seu dragão, esses incrementos não deixam o jogo interessante e não criam nenhum arco que sirva; 2) duração, joguei apenas um partida com 4 jogadores, mas ela durou 2h, para o quão complexo Wrath of Dragons é, simplesmente não vale a pena, ainda mais juntando que são 2h de vários repetecos; 3) Worker Placement, você só tem um trabalhador no jogo e a mecânica é fracamente presente no jogo, existe bloqueio, mas não dá para chamar esse jogo de Worker Placement, pois é tão pouco que acontece; 4) decisões, no jogo você possui claramente decisões (posicionar o dragão, pegar a carta exposta, etc), mas não são apetitosas, são bem básicas e chatas; 5) unanime, ninguém na mesa gostou, então não é só chatice minha, o jogo é realmente sem sal nenhum, apesar do tema bem diferenciado, mas que não brilha por conta das mecânicas pobres.

Pronto, quantos jogos na coleção agora? 55! Quase lá, hein? Acho que vou fazer um outro leilão ainda esse ano, para dar mais uma limpada.

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