Registro #15: Voltando a jogar sozinho

Faz uma era que não jogo. Seja com outras pessoas, seja online, seja solo. Minha última partida foi a mais de quatro meses atrás. Então, resolvi retomar mesmo que de leve. Comecei com Regicida e por isso essa postagem no Pinheiro Diário. Foi parte brincadeira e parte trabalho.

Engraçado que depois que comecei com os jogos de tabuleiro, lá em 2010, eu nunca havia passado tanto tempo sem jogar. Descobri isso, pois desde o começo registro minhas partidas no BGG. Então, aproveito para deixar a recomendação do site: https://geekgroup.app no qual peguei os dados da imagem abaixo:

Que se eu fosse ser um pouco mais rígido, eu diria que minha maior “seca” antes desse longo período agora foram de 69 dias. Afinal, os dois primeiros intervalos são apenas divididos por dois dias de partidas solo de Robinson Crusoe, quando ainda não era preciso distanciamento social. Foram só partidas para me relembrar a existência de jogos. Foi nessa época que eu me mudei de Recife para Juazeiro do Norte.

Pois bem, resolvi fazer o mesmo agora. Já faz muito tempo que não jogo nada, 122 dias para ser exato, pois tinha cansado de jogar solo ou online. Optei por voltar com Regicida por três razões: as partidas solo duram uns 10 minutos só, Setup são poucos segundos, sendo uma experiência bem leve e tranquila; eu ainda não tinha nenhuma partida registrada do meu jogo no BGG, pois tudo antes tinha sido Playtest, e eu não registro essas lá; e, eu queria verificar se eu estava totalmente de acordo com as dificuldades que eu havia colocado nas regras, qual as melhores configurações para mim e tudo mais. Então, era um pouco (ou até muito) de Playtest sim, sendo que o propósito não era mudar as regras, era apenas verificar as dificuldades.

Então, minha meta era “zerar” meu próprio jogo, isto é, ganhar em todas as dificuldades. Isso durou quatro dias, pois eu não vi necessidade de sair correndo. Comecei em 12/01 e fui até 16/01. Recomendo você ler as regras solo ou ver meu vídeo jogando, pois vai facilitar sua compreensão do restante desse texto. Um outro detalhe importante é que vai ter uns spoiler sobre algumas estratégias. O que pode tirar um pouco da graça de descobrir por si só. Bom, segue a tabelinha que montei no decorrer desses dias.

Partida Dia Duração Objetivo Revelados Venceu? Intrigas
1 12/01 7 Fronteira 3 Sim 1
2 12/01 8 Fronteira 2 Sim 2
3 12/01 8 Fronteira 1 Sim 4
4 12/01 10 Central 2 Sim 2
5 12/01 15 Central 1 Não
6 12/01 11 Central 1 Não
7 12/01 10 Central 1 Sim 5
8 13/01 5 Unido 4 Sim 1
9 13/01 5 Unido 3 Sim 1
10 13/01 7 Unido 2 Sim 3
11 13/01 10 Unido 1 Não
12 14/01 15 Unido 1 Não
13 14/01 12 Unido 1 Sim 6
14 14/01 5 Dividido 4 Sim 1
15 16/01 9 Dividido 3 Sim 2
16 16/01 14 Dividido 2 Sim 6
17 16/01 12 Dividido 1 Sim 6

Explicando a tabela… Partida é um numeral para identificar as partidas, Dia é o data que joguei, Duração é o tempo de partida (em minutos), Objetivo indica qual foi o objetivo que usei na partida (existem 4, mais detalhes nas regras), Relevados é quantas Fichas foram reveladas na Preparação (quanto mais, mais fácil), Vitória indica se eu ganhei ou não a partida e, por fim, Intrigas mostra quantas intrigas eu usei para conseguir a vitória, o limite são 6.

Eu comecei do Objetivo mais fácil até o mais difícil. Pelo menos isso eu acertei com base nos meus primeiros Playtests. Os dois primeiros objetivos são muito parecidos em termos de desafio e jogabilidade, pois se baseiam na localização das Fichas com relação ao tabuleiro. Então, eles precisam estar em certas posições para pontuar. Assim, a única diferença é essencialmente o tamanho dessa região. Na Fronteira existem mais espaços que no Central, portanto é mais fácil. Talvez soe contra intuitivo, mas quando mais espaço maior a liberdade de posicionamento e maior a certeza de quantas peças ficarão de fora. Além disso, o canto é um fator importante e que facilita mais o Objetivo das Fronteiras. Já que você sabendo qual Casa precisa ter mais presença na Fronteira, coloque-as nos cantos e isso lhe garante que não vai precisar de duas Intrigas apenas para tirar alguém de lá. Então, quando mudei pela primeira vez o Objetivo (Partida 4), pulei várias dificuldades, já que os Objetivos possuem estratégias similares. Entretanto, claramente é perceptível o quão mais complicado é o Objetivo Central. Especialmente revelando apenas uma Ficha. Perdi duas partidas seguidas até vencer na terceira.

Na Partida 8, no segundo dia, mudei o Objetivo para Unido (maior agrupamento). Afinal, já havia concluído os mais fáceis. Formar grupos de tamanhos específicos é mais difícil do que simplesmente colocar as peças em determinados espaços. Entretanto, não tão mais. Ao menos foi isso que eu percebi nesse segundo dia. Terminei sem concluir todos, pois nesse dia eu comecei a jogar bem mais tarde que no dia anterior. Uma coisa que percebi é a possibilidade daquela concepção de alguém que não conhece bem as estratégias ter sobre a versão solo: achar que o impacto da sorte aqui é bem maior que os outros Objetivos. Eu mesmo tive essa impressão ao terminar meu dia, mas depois percebi ser uma falácia. Na realidade, como o impacto da habilidade (jogar bem) é maior que os Objetivos anteriores, se você ainda não tiver uma estratégia boa, o impacto da sorte se torna na sua percepção muito maior. E de fato é, mas só pelo mero fato de você ainda não estar jogando estrategicamente bem. Fato que eu pretendia resolver no dia seguinte com algumas ideias já na cabeça.

Essa percepção é algo engraçado. Fazendo um breve parêntese fazendo paralelo com um jogo que gosto bastante: Summoner Wars. Nesse jogo, você rola dado para causar dano e só funciona se tirar 3 ou mais no dado. Se você precisa de 5 de dano para matar uma criatura e manda exatamente 5 de ataque para conseguir e falhar, a culpa não é do azar. É simplesmente sua, por não montar algo estrategicamente viável caso a sorte não lhe favoreça. O mesmo ocorre em Regicida. Se você sabe que precisa de uma das Casas com um agrupamento de tamanho 5, mas não sabe qual é a Casa, você não pode simplesmente deixar apenas uma ou duas Casas com possibilidade de formar esse agrupamento, tem que deixar todas as que forem possíveis. Caso contrário, você estará esperando a sorte lhe favorecer. Pode ocorrer, mas será sorte.

Bom, voltando… No terceiro dia (Partida 12 em diante) eu continuei com o Objetivo do dia anterior, pois ainda não tinha finalizado. E é aquela história, existe o fator sorte mas você precisa minimizá-lo para aumentar suas chances. Nesse mesmo dia também comecei com o último Objetivo: Dividido (quantidade de agrupamentos). Não estava com muita paciência nesse dia e parei a jogatina logo. Passei um dia dando um intervalo e retomei o quarto dia no quinto dia (confuso, mas você entendeu, acho). Foram apenas mais três partidas para “zerar” Regicida.

Partida 17 após Fase do Corvo. Resolvi postar para você brincar, se quiser. Venci usando as seis intrigas disponíveis (leia as regras se ainda não souber).

Depois de jogar todos eles, acredito que meu favorito é o último. O fato de ter vencido todas as partidas na sequência me mostrou uma coisa: é um Objetivo que requer reflexão e jogadas bem feitas, mas que é difícil você revelar as Fichas e pensar “é, já perdi”. Isso não acontece por ser um Objetivo necessariamente fácil, mas por ser um Objetivo com muitas combinações e possibilidades. O motivo disso acontecer é que um (Unido) leva em consideração apenas o maior agrupamento, enquanto que o outro (Dividido) leva em consideração todos os agrupamentos. Então, as possibilidade estratégicas são maiores. Ao menos, eu achei isso. Talvez seja uma percepção incorreta de quem simplesmente melhorou no jogo.

Eu ia aproveitar todo esse Playtest para dar uma atualizada nas dificuldades. Entretanto, percebi que existe a configuração revelando zero Fichas e nem joguei assim. Então, ainda sobrou um trabalhinho extra pro futuro. Vou deixar para atualizar as regras depois disso.

2 Comments

  1. Philipp Totó
    2 de fevereiro de 2021

    Caraca, jogar analisando cada elemento do jogo é um patamar que almejo um dia alcançar. Ler esse post me mostra o quanto eu devo ainda mais me forçar a adquirir uma visão analítica sobre tudo, não só sobre jogos, mas que nos jogos precisa ser imprescindível, mas sem atrapalhar a diversão de uma boa jogatina. Equilibrar isso é difícil, mas eu chego lá.
    Sobre o Regicida, ainda não joguei o modo solo, por não ter costume de jogar sozinho. Mas pretendo sentar e me divertir com ele sozinho também.

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    1. Roberto
      3 de fevereiro de 2021

      Engraçado que as pessoas comentam que fica chato jogar por lazer depois que a pessoa “trabalha” com jogo, mas comigo ainda não chegou nesse ponto. Acho até que é mais legal jogar com essa perspectiva, é algo a mais em vez de ser um detrimento pra diversão. Mas acho que é porque sou chato mesmo, então pra mim é melhor ser chato tendo conhecimento, do que não gostar do jogo e nem saber os motivos. hehehehe

      Quando jogar solo me diz o que achou. Você não é bem o público (não joga solo), mas é sempre bom ter algum Feedback. Especialmente porque eu não fiz playtests externos amplos dessa variante. =)

      Responder

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