Além dos trabalhos na publicação do Regicida, também andei realizando Playtests do jogo que fiz na Game Jam que participei: Alien Alarm. Que agora, está com página na aba Meus Projetos. Dá uma olhadinha por lá. Bom, nessas últimas semanas eu testei o jogo e o resultado tem sido bem animador.
Com a quarentena, deixei um pouco de lado o Alters, pois é inviável eu testá-lo sozinho. Sorte ou coincidência, eu comecei a desenvolver o Alien Alarm que funciona solo por ser um jogo cooperativo. Então, passei a investir meus Playtests nele. A ideia é deixar o jogo o mais redondo possível na experiência solo e, futuramente, verificar seu comportamento com mais jogadores e ajustá-lo de acordo para que funcione de fato para 1-4 jogadores, como foi inicialmente pensado. Talvez até 1-3 jogadores, se 4 jogadores ficar muito caótico ou impossível.
Pois bem, depois do resultado da Game Jam eu estava determinado a diminuir a quantidade de componentes do jogo. Especialmente as Cartas. Então, foquei meus Playtests em verificar se o jogo funcionava com menos cartas. Aproveitei o embalo e também testei outras configurações:
- Tempo máximo de cada rodada;
- Quantidade de cartas na mão;
- Quantidade de colunas do tabuleiro.
Joguei duas partidas completas, isso me dá uma margem de 6 rodadas para trabalhar nessas variações e acho que foi o suficiente sim para caminhar em frente.
A redução inicial que fiz para a quantidade de Cartas de Tempo foi de 50 para 30. Uma redução grande e não foi um decisão na doida. Agora que eu já tinha uma noção de como o jogo funcionava, percebi que 30 Cartas de Tempo dariam conta do jogador posicionar as 5 Peças que entram toda rodada. Especialmente, levando em consideração que também reduzi o Tabuleiro de 8 colunas para 6 colunas. Assim, o jogador precisaria ainda menos Ações para posicionar as peças no local correto (menos movimentos laterais, por exemplo). Então, com 30 Cartas no Baralho e 5 Peças por rodada, o jogador teria em média 6 Cartas por Peça. Uma quantidade bem razoável, tendo em vista que às vezes é possível o jogador, que planejou estrategicamente, gastar apenas duas Cartas para posicionar uma determinada Peça. Como estava também querendo reduzir o Tempo de cada rodada, eu deixei isso livre e fui anotando quanto tempo eu gastaria. Assim, poderia usar como teto.
Ao final do primeiro teste concluí que meus instintos estavam corretos. Apenas 30 Cartas de Tempo foram o suficiente para eu vencer a partida com tempos variando entre 7 minutos e 8 minutos por rodada. Obviamente, como a quantidade de Colunas diminuiu, mas a quantidade de Peças é a mesma… Foi possível completar mais Linhas. Era o esperado e foi justamente por essa razão que diminui o número de Colunas. Nesse primeiro teste eu ainda tinha mantido a Mão do mesmo tamanho, pois imaginei que reduzir a Mão e o Baralho seria demais. Entretanto, não foi. O jogo, na realidade, ficou mais fácil. Com a redução das Colunas é mais fácil planejar e com a redução do Baralho, o sentimento é que o jogador pensa menos em jogar Cartas fora. Então, acho que o jogo fluiu melhor que antes. Fazer mais Linhas foi mais bacana também para a experiência. Então, se o jogo chegar num ponto de ficar muito fácil sempre existe a possibilidade de reduzir a mão, o tempo ou o baralho. Então, para o segundo teste eu resolvi reduzir a mão e também removi algumas das Peças menores, para melhorar ainda mais a capacidade de formar Linhas e também diminuir totalmente o impacto da sorte no sucesso do jogador. Já que antigamente, a dificuldade de formar Linhas iria depender se viriam as Peças maiores ou menores durante as rodadas.
O segundo teste também funcionou! Com apenas 8 Cartas na Mão, eu consegui vencer o jogo seguindo os parâmetros encontrados na partida anterior. Inclusive, os tempos foram menores, pois estou cada vez melhor no jogo, ficando entre 6 minutos e 30 segundos no mínimo, e 8 minutos no máximo. Atualmente deixei os Limiares entre rodadas em 2/4/8 Linhas, mas nessa segunda partida já consegui 2/5/9. Resta saber se consigo repetir para dificultar ou não os Limiares. Bem satisfeito com esses testes e reduções tanto de tempo de partida como de componentes.
Refleti durante esses testes as possibilidades de reduzir a quantidade de Ações também. Entretanto, durante as duas partidas todas as Ações foram utilizadas pelo menos uma vez. Seria possível remover uma delas e alocar suas funções em outras. Sinceramente não sei se é a melhor opção, pois acarreta em deixar os comandos mais “soltos”, aumentando a liberdade no uso das Ações. Minha intuição diz dar mais liberdade nas Ações aqui não é o ideal, já que irá reduzir o aspecto puzzle do jogo. Então, imagino que as Ações ficarão fechadas nas oito mesmo… Talvez quando eu conseguir partir para Playtests com mais pessoas isso mude de figura, mas enquanto jogo solo não vejo necessidade de remover Ações simplesmente para existirem menos Ações.
Realizei mais alguns Playtests mais recentemente para confirmar se todas as variáveis estão funcionando bem e se seria possível realmente aumentar os Limiares. A resposta é: estão funcionando bem sim e dá para aumentar. O bom é que o esquema 2/5/9 fica um desenvolvimento de rodada à rodada de requerer uma linha a mais que a rodada anterior. Claro que esse balanceamento esta sob a ótica de um jogo solo e de alguém bem acostumado com o jogo. Talvez seja o caso dos Limiares serem organizados em níveis de dificuldades… Isso é até uma maneira de incrementar a rejogabilidade sem mexer em muita coisa.
Então, só para dar um panorama geral. Segue tabelinha comparando o jogo quando foi enviado para a Game Jam e hoje em dia, em termos de componentes:
Game Jam (29/03/2020) 1 Tabuleiro 8 Cartas de Ação 50 Cartas de Tempo 3 Cartas Auxiliares 14 Cartas de Peças 28 Poliominós 5 Dados |
X | Hoje (15/05/2020) 1 Tabuleiro 8 Cartas de Ação 30 Cartas de Tempo 2 Cartas Auxiliares 10 Cartas de Peças 20 Poliominós 0 Dados |
Em negrito estão as quantidades reduzidas na versão atual. Foi uma redução de 33% na quantidade de cartas, 28% na quantidade de tokens e 100% na quantidade de dados. É seguro dizer que o processo de diminuição dos componentes foi um sucesso.
Passado esse processo, chegamos a um outro problema em potencial: rejogabilidade. Não estou perfeitamente seguro quanto a esse fator. Atualmente, eu estou jogando e me divertindo, mas isso envolve também uma razão maior do que o jogo em si: eu estou em processo criativo de melhoria do jogo. Esse processo criativo, por si só, é bem interessante e pode suplantar até a experiência de um jogo relativamente fraco. Então, no momento, eu não sou o melhor juiz do jogo. A vantagem é que outras pessoas testaram o jogo e pareceram gostar e ver potencial. Resta eu encontrá-lo. Chegou o momento de tentar pensar em maneiras de expandir o conteúdo/dificuldade do jogo sem inserir tantos componentes a mais. Estou com algumas ideias, mas por hoje é só pessoal.