Desafio 100N (2020) Parte 1

Sucesso no Desafio em 2017 e 2019. Falha em 2018. Como será em 2020? Não faço ideia… Em Janeiro eu viajei de férias para Recife e isso me rendeu uma boa quantidade de jogos novos. Então, a produtividade foi boa, só para dar uma noção, nos 20 dias que fiquei lá joguei 62 partidas!

001. Bunny Kingdom (2017)
Jogado em 05/01/2020 com 4 jogadores.
Primeiro jogo de 2020 foi do Game Designer do Magic, sim… Richard Garfield. Esse jogo estava na minha lista de Want to Play e foi recomendação de compra minha para um amigo. Afinal, ele curte Keyforge e King of Tokyo. Imaginei que o jogo fosse atender os gostos do coleguinha. Pelo visto atendeu, tanto ele como a companheira curtiram. Eu, não tanto. No começo da partida o sentimento que tive foi estar jogando na doida… E realmente é bem assim na primeira partida, pois a pessoa ainda não tem uma boa noção do poderio das cartas. No começo também fiquei achando o jogo muito dependente de sorte, mas com o andamento da partida o sentimento diminuiu. Tem sorte? Tem, mas é uma quantidade normal para um Family Game. No final das contas, eu não gostei do Bunny Kingdom tanto quanto esperava, por algumas razões. O cara-crachá é irritante. Toda mão você ficar precisando checar as posições do tabuleiro. Explicando: o tabuleiro é 10×10 com coordenadas e as cartas indicam essas coordenadas. Você precisa ficar olhando onde estão essas posições e isso é sim cansativo. Segunda razão é que a interação é baixíssima. Fica só por conta do hate drafting, que eu particularmente não me senti empolgado em fazer. E isso é muito estranho em um jogo de controle de área. Existe uma disputa territorial, mas não é pela maioria… É só por você ocupar os territórios para unir o que achar melhor para sua pontuação. A terceira razão é o claro desequilíbrio entre as cartas. Entendo que o Draft é pra mitigar, mas já falei isso várias vezes aqui… Cartas notavelmente desbalanceadas é puro Lazy Design. Tem cartas que dão, literalmente, um ponto e cartas que dão dois. Tem cartas de construção de poder um e de poder dois. Consequentemente, são raras as ocasiões que você fica com dúvida entre uma carta ou outra, sendo o jogo um mero exercício de saber quais são as cartas com maior potencial de pontos (segunda partida você já vai saber) e dar sorte das cartas que você quer apareçam nessa partida e cheguem até você. Então, juntou a falta de decisões importantes com a necessidade de ficar checando o tabuleiro toda mão, e terminou virando algo similar a trabalhar no Excel: pouco raciocínio e muita checagem.
002. Capital Lux (2016)
Jogado em 05/01/2020 com 4 jogadores.
Primeiro jogo da feira da Black Friday que joguei. Adquiri ele para ver se entrava na coleção como Card Game filler bacaninha. A primeira impressão é que talvez eu tenha conseguido encontrar um bom jogo para preencher esse nicho. Capital Lux é um jogo de cartas puxando para o abstrato, no qual os jogadores podem jogar cartas no centro da mesa, ativando habilidades, ou no seu tableau, melhorando sua força naquele personagem. O jogo é inteligente e consegue implementar tática e estratégia em um curto período de tempo, dando decisões interessantes durante toda a partida. Eu gostei do jogo, mas a priori me preocupei com a rejogabilidade. Como as habilidades são as mesmas toda partida e elas funcionam de maneira bastante específica, eu fiquei com a impressão que o jogo irá ter um andamento similar toda vez. Sendo que durante o mês joguei mais quatro vezes e acho que ficou definido que irei manter. Talvez eu esteja enganado e daqui a mais algumas poucas partidas canse, mas acho difícil. Portátil, arte legal e dinâmica intrigante.
003. Beyond Baker Street (2016)
Jogado em 05/01/2020 com 4 jogadores.
Agora foi a vez do primeiro jogo do ano da feira gringa. Eu gosto de Hanabi e essa foi a razão de adquirir esse jogo. Assim como Bomb Squad, Beyond Baker Street é Hanabi com mais tema, mais propósito (vitória/derrota em vez de pontos) e mais jogo de modo geral. Jogamos o primeiro caso (o mais fácil) nessa primeira partida e vencemos por um triz. Mais um turno e a gente perdia. Sendo que o aperto foi meramente por burrice. Gastamos dicas atoa e e fizemos umas jogadas meio sem noção. E esse foi justamente o problema para mim: ter vencido jogando tão mal. A questão é que como foi o primeiro cenário, acho que ele foi criado para permitir os jogadores vencerem e se empolgarem, sendo que comigo cooperativos não funcionam assim… Eu preciso de dificuldade para gostar de um cooperativo. Então, a primeira impressão do jogo não foi boa. Sendo que como eu gosto muito da dinâmica, tentarei os casos mais avançados e mais difíceis, pois a impressão que tive do jogo ao ler as regras foi excelente, só que a execução foi bem “meh”. Então, torcendo para o problema ter sido apenas na dificuldade baixa e não no jogo em si.
004. Azul: Stained Glass of Sintra (2018)
Jogado em 11/01/2020 com 3 jogadores.
Nunca entendi bem o hype que existe em torno de Azul. É um jogo bonzinho, mas só isso. Talvez seja por ele puxar muito mais para um Family Game do que um abstrato propriamente dito? Bom, joguei essa outra versão do Azul apenas uma vez e a priori achei mais interessante, mas chamaria de empate técnico por enquanto. Azul: Stained Glass of Sintra (Azul Sintra para os íntimos) insere mais complexidade no jogo. Não é muita, mas ela está lá. Você tem mais do que apenas um tipo de ação possível e isso dá uma maior flexibilidade e escolhas ao jogador. Existe menos piloto automático aqui e menos “contar se vai estourar em mim”. Acho que se você gostou do original, vai gostar desse. Recomendo jogar.
005. CONEX (2017)
Jogado em 11/01/2020.
Só de ver o jogo, é perceptível o quão simples é: você precisa colocar uma carta casando a cor e ganha quantos pontos disser nela. Ponto, esse é o CONEX. Existem algumas habilidades especiais, mas também coisa simples como dobrar pontos, remover uma carta da mesa ou comprar mais cartas. CONEX é tão simples, mas tão simples que caiu na armadilha da simplicidade: é um jogo simplório. Isto é, pouquíssimas decisões importantes. Como não é um Party Game, não é de dar gargalhadas. A trilha de pontos também tem um design gráfico bem ruim e pode confundir as pessoas. Não é um jogo terrível, talvez eu jogasse novamente pela velocidade, mas com certeza não solicitaria sua presença na mesa.
006. Gaia Project (2017)
Jogado em 11/01/2020 com 3 jogadores.
Demorou, mas finalmente conheci Gaia Project. Basicamente, Gaia Project é Terra Mystica com um bocado de coisa a mais, um tema pior e um design gráfico terrível. Apesar de poder soar ruim, nem tudo que falei é uma crítica. A parte de ter um bocado de coisa a mais não é de todo mal. Isso permite uma nova experiência para jogadores que já cansaram do Terra Mystica (feito eu), dando a possibilidade da descoberta de outras trocentas facções diferentes. Tal qual seu predecessor, Gaia Project é o tipo de jogo que eu tenho interesse em jogar várias vezes, mas só até jogar com todas as facções. Acho que depois disso não vou querer mais ver a cara do jogo. Entretanto, por enquanto, estou topando partidas fácil.
007. Muse (2017)
Jogado em 12/01/2020 com 9 jogadores.
Dessa vez eu levei alguns jogos para minha viagem: Space Alert, Codenames, Capital Lux, Belratti, Battle Line e Muse. Apenas esse último eu ainda não tinha jogado, mas imaginei que fosse uma boa opção por comportar até 12 jogadores. A primeira vez que joguei Muse foi com 9 jogadores. Joguei a versão “regular” do jogo que é em times. Basicamente, Muse é um jogo estilo Dixit só que com restrição na dica. Então, em vez de falar qualquer coisa, você precisa dizer uma palavra com três letras ou fazer o barulho de um animal ou citar um monumento conhecido. O problema do jogo é que se for jogado competitivamente fica impossível e se for jogador “levemente” fica fácil demais. O jogo termina quando alguma Equipe faz cinco pontos. Jogamos uma hora e as duas Equipes tinham apenas dois pontos. Então, estávamos nem na metade do jogo. Todos os 9 jogadores odiaram a experiência. A burocracia é demais, é contra intuitivo todo esquema de seleciona as cartas e passar pro outro time. Para um jogo com apenas uma página de regras, ele é muito complicado de seguir as instruções. Reprovado totalmente como um Party Game. Ainda dei uma chance ao jogo com a versão cooperativa, mas ela é fácil demais. Ganhamos duas vezes seguidas sem errar nunca e isso porque na segunda resolvemos dificultar usando apenas uma carta de dica em vez de permitir o jogador escolher entre duas. Provavelmente pior jogo que adquiri nos últimos anos. Talvez tenha acontecido algo de estranho no grupo que joguei. Por isso, ainda existe a possibilidade de dar uma chance com outro grupo, mas não estou esperançoso. Na pior das hipóteses dá para usar como expansão de Dixit.
008. 51st State: Master Set (2016)
Jogado em 14/01/2020 com 2 jogadores.
Esse jogo tem uma história curiosa, não vou repetir, pois já comentei ela aqui no blog. Em todo caso, esse jogo já esteve na minha Wishlist e já saiu. Que bom que saiu e que joguei uma cópia de um amigo. 51st State é uma clara evolução do seu antecessor em todos os termos, mas isso não foi o suficiente para torná-lo um jogão. Apesar do jogo ter ataques, o sentimento é de estar jogando sozinho. O vai e vem das rodadas é um tanto chato e o jogo claramente foi feito para dois jogadores apenas, mas ainda assim a dinâmica não é redonda nem desse jeito. Algumas cartas desbalanceadas, especialmente ao considerar todos os aspectos do Multiuse Cards no jogo. Isto é, ela pode até ser equilibrada como construção, mas se você for ver o Deal não faz sentido uma carta de Distância 1 dar munição (recurso coringa) e uma carta de Distância 2 dar tijolo (um recurso que pode ser substituído pelo coringa). Com isso, a quantidade de sorte é bem grande. Afinal, se você começar a mão com apenas cartas de custo elevado e durante o Draft nada aparecer para lhe ajudar, isso irá definir o rumo da partida. Para completar o pacote, o livro de regras tenta ser engraçadinho sem conseguir. Bom, não é um jogo terrível, mas como foi a 4ª vez que tentaram fazer esse jogo, eu esperava muito mais.
009. Archaeology: The New Expedition (2016)
Jogado em 17/01/2020 com 4 jogadores.
Joguei a primeira versão desse jogo em 2014. Ele é um jogo publicado originalmente em 2007 pelo agora conhecido Phil Walker-Harding (Sushi Go, Imhotep, Barenpark). A versão de 2007 tinha uma arte bem ruim, mas o jogo sempre teve um aspecto interessante de Push your Luck. Lançaram meio que uma versão reformulada do jogo agora em 2016, que é essa que estou comentando aqui. Sinceramente, eu não lembro todos os detalhes para saber o quão diferente são as duas versões. Talvez não exista diferença nenhuma, mas como o BGG lista como outro jogo, estou considerando um novo jogo e contando para o Desafio. Bom, Archaeology é um filler bacaninha com um esquema bem simples de Set Collection. Basicamente, todo turno você compra uma carta e realiza trocas com as cartas presentes na mesa de modo que o valor seja o mesmo. Isto é, tem cartas que valem mais e cartas que valem mesmo. Esse é meu único problema com o jogo: o jogo já é um Push Your Luck no sentido de que você a qualquer momento poderá perder as cartas se as segurar na mão, mas ele insere um duplo elemento de sorte ao colocar cartas que valem 4 vezes mais do que as outras. Então, se você estiver com azar e sempre puxar cartas fracas, com certeza não vai vencer. Pela duração do jogo acho que é passável e até jogaria novamente, pois ele tem uma dinâmica relativamente agradável.
010. Ancient Terrible Things (2014)
Jogado em 18/01/2020 com 4 jogadores.
Um amigo meu comprou esse jogo na pré-venda da Red Box e demorou uns dois anos para conseguir, acho que mais. Sei que antes de eu me mudar eu já tinha ouvido do lançamento desse jogo. Seria engraçado se não fosse triste. Mas é engraçado ainda assim, pois não é tão triste. Bom, ATT é um jogo de rolagem de dados com temática Lovecraftiana. Nada que me apeteça demais, mas dado a demora até que fiquei curioso para ver qual era a do jogo. Vai que era bom? Só que não é… O jogo é extremamente longo para sua proposta: um jogo com muita sorte e decisões de baixo impacto. Usa uma mecânica simplesmente tosca para o estilo do jogo que é: decida onde vai e depois role os dados. É igual aquele Age of War do Knizia, que é um dos piores jogos de dado dele. Bom, ATT tem variação de pontos é muito grande, então você pode perder 3 pontos em uma rodada ou ganhar 10. Isso é demais para um jogo que o vitorioso consegue 44 pontos. Para completar a bagaceira, é possível os jogadores terem quantidades de turnos desiguais. Imagina, se tivesse a mesma quantidade de turnos você ganharia por 5 pontos, mas como teve um a menos perdeu por 5. Eu venci a partida, sinceramente não sei se joguei mais ou menos turnos que os outros, mas o sentimento é de que as minhas decisões pouco influenciaram para a vitória e o mero acaso me garantiu ela.

Primeira dezena chegou rápido, as outras acho que nem tanto. Vejamos as próximas etapas!

6 Comments

  1. Emerson Andrade
    14 de fevereiro de 2020

    Mantendo esse ritmo da para fazer um 200N hein!

    Histrio tem a pior sensação que um jogo pode proporcionar. Perder um turno por mero acaso. A carta ganha por perder um turno, por as vezes ser completamente oposta a outra, aumenta a sensação de perder de jogar na rodada.

    Responder
    1. Roberto
      14 de fevereiro de 2020

      O detalhe é manter o ritmo huehueheuehue =D

      Né? Ele dá um prêmio de consolação que desconsola. Dá até uma tristeza… “Vou pegar outra carta dessa? Quero mais não sabosta.”

      Responder
  2. Fabio
    28 de fevereiro de 2020

    Archaelogy me surpreendeu, achei muito divertido!
    De fato a questão do push your luck atrapalha um pouco, já que o jogo nasce com um “predestinado a ganhar” algumas vezes. Teve uma vez que todas as cartas do ladrão saíram com o mesmo jogador. Para tirar essa “falha”, adotamos a seguinte regra da casa: sempre deixamos 5 opções de compra, ou seja, fica o monte de compras e 5 cartas fechadas ficam a disposição para compra, sempre repondo a cada rodada. Depois tenta com essa variante.

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    1. Roberto
      28 de fevereiro de 2020

      Uma outra coisa que achei estranhíssima (ao menos me ensinaram assim), é o ladrão além de roubar o cara compra uma carta do monte (igual à tempestade de areia). Não faz sentido, o cara ganha duas cartas. hehehehe
      Acho que essa parte ensinaram errado.

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  3. Cássio Nandi Citadin
    13 de março de 2020

    Que triste com o Bunny Kingdom, até achava que rolaria uma competição boa pelos espaços. Quase fui nesse jogo uma vez, me salvasse de continuar olhando.

    Temos um Gaia Project no grupo, eu não joguei mas passei mal só vendo o setup na mesa. Imagino que deva ser um ótimo jogo, mas estou fugindo da complexidade nos ultimos tempos.

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    1. Roberto
      13 de março de 2020

      Esse Bunny Kingdom tá polêmico hehehehe

      Sim, Gaia Project é um bocado de coisinha e com iconografia que achei fraca… Mas, pra quem gosta de Terra Mystica, é no-brainer. Só se você gostar MUITO de Terra Mystica, ao ponto de achar sacrilégio o Gaia… Aí talvez a pessoa não goste.

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