Se você acompanha o PinheiroBG no Facebook, eu já tenho falado sobre esse assunto tem algum tempo. Segurei um pouco a postagem, pois traumatizei com o outro jogo que assinei contrato. Então, agora que o jogo já foi meio que amplamente anunciado. Me senti mais seguro em divulgar por aqui. Então, cá estou para uma postagem anúncio e comentários diversos.
Como vocês bem sabem, eu tento a alguns anos publicar meus jogos. Apesar de ter começado a criar jogos em 2010, eu pensei que eles seriam publicáveis somente em 2014. Então, são 6 anos tentando. Nessa jornada foram 17 jogos com protótipos jogáveis. Alguns rodando melhores que outros. Fora as incontáveis ideias que ficaram apenas no papel ou que foram simplesmente anotadas para uma ocasião futura. No meio do caminho houveram 5 concursos, dois gringos e três brasileiros. Contato com sei lá quantas editoras, nacionais e internacionais. Até contratos assinados existiram. Nesse tempo, aprendi muito sobre mim, sobre os seres humanos e, claro, sobre jogos.
Então, depois de todo esse blá-blá-blá, é com muito orgulho que anuncio no meu blog que Distrito 6 foi anunciado pela editora Vem Pra Mesa Jogos. O lançamento está previsto para ocorrer no Diversão Offline, agora apenas uma vez por ano em São Paulo, nos dias 23 e 24 de Maio. Já criei as páginas do jogo na Ludopedia ou BGG. Se você já tiver jogado, peço que tire um pouquinho do seu tempo para avaliar o jogo nessas plataformas. Essas avaliações ajudam a divulgar o jogo.
Distrito 6 é um jogo que tenho um carinho especial, pois foi meu primeiro Eurogame finalizado e eu sempre vi potencial nele. Foi o jogo que mais acreditei, tanto que foi o que submeti para concursos de publicação aqui no Brasil. Eu acreditei tanto, que se você for observar todas as fotos dos Meus Projetos, vai perceber que ele é o único que investi tempo para, de fato, elaborar uma arte.
Então, é muito empolgante ver o jogo tomar forma e ser moldado aos pouquinhos. Ver a capa do jogo com uma arte e logo que eu nem imaginava como seria, ver o tabuleiro com arte nova e até as cartas de objetivo que antes eram cruas e sem graça. Todo esse processo tem sido muito gratificante e espero que continue assim.
É até engraçado ver o quanto tudo foi se modificando. Como uma ideia está se tornando em uma caixa com coisas dentro. Para dar uma noção do quanto foi essa transformação, é só ver a ideia embrionária do Distrito 6. Eu nem lembrava de ter escrito o trecho abaixo, mas Distrito 6 começou de uma modificação do Ciberguerrilha (que antes era Poções Proibidas). Se você tiver curiosidade, recomendo dar uma olhada nas fotos do Ciberguerrilha e ver como é completamente diferente do Distrito 6.
Ser um grid de construção 4×4 no qual o jogador constrói prédios ou coisa assim… No meio ter um rio (diagonal principal). Assim ficam 12 espaços.
Aí o cara coloca cubinhos da cor dele onde for construindo
Objetivo pode ser acumular mais pontos de várias maneiras (diagonal, linha reta, mesmo prédio, etc). Ou ser por area majority de cada linha/coluna e prédio especificamente. Ou também contar por cubo pela altura dele (muita contagem).
Pode ganhar ponto imediato e ponto no final do jogo com objetivos e maiorias.
Dinheiro continuaria servindo para comprar materiais (2:1) e ter até outras utilidades (? tipo mover a escavadeira)
E o mortar viraria escavadeira. e precisaria dele igual ao nível da construção que deseja fazer.
Mata as trocentas cartas do jogo, deixa só o dado, player board e o tabuleiro central
Nome do jogo seria: TOCity, pois o criador tem TOC e quer que os materiais sejam usados nos lugares respectivos.
A máquina de construção anda pelas arestas e constrói nos 4 espaços adjacentes.
Jogo acaba quando um jogador fica com 0 cubos, aí roda todo mundo e termina. (assim posso limitar número de cubos)
Supondo 4 jogadores, são 12 espaços diferentes com 5 andares. Se fossem 4 andares eram 12 cubos para cada. Com 3 jogadores seria 16 cubos e com 2 seriam 24 cubos (podia diminuir com algum NPC safado).
Os recursos obtidos poderiam ser conseguidos por dice drafting.
Apesar dessa ideia embrionária ter ficado no papel (ou melhor, no Bloco de Notas do computador), ela serviu como base para que eu continuasse pensando. Geralmente é assim o processo criativo. Aparece uma ideia, eu fico remoendo e alterando na cabeça até perceber que tem algo que preste ali. E foi assim que, pouco tempo depois, surgiu a proposta do que realmente viria a se tornar o Distrito 6. Conhecendo o jogo final e lendo os pontos abaixo, você talvez consiga perceber que o cerne é o mesmo. As alterações foram todas locais e especificas, pois certas coisas não funcionavam na prática e tiveram que ser moldadas aos poucos.
– Cada jogador tem x dados, o objetivo do jogo é se livrar de todos eles construindo eles na cidade
– Toda rodada os jogadores jogam todos os dados disponíveis e começando com o jogador com mais dados (inicialmente é aleatório) este aloca um dado no tabuleiro de ações:
– – Coletar recurso (recurso igual ao exibido no dado)
– – Ganhar dinheiro (qualquer dado vale)
– – Pegar worker (modificar dado igual a Burgundy) (qualquer dado vale)
– – Construir (envia dado pro tabuleiro – pagando os recursos necessários)
Esses locais são resolvidos após todos alocarem (quanto mais coisa você construiu menos ações vc tem)
# A potencia da ação será igual inversamente proporcional a quantidade de jogadores no local, quanto mais pior a ação.
ideia alternativa: a potencia da ação será igual ao local que foi alocado, quanto mais CEDO melhor.
Então é só fazer uma filinha e colocar o bônus atual no último espaço visível. Isso deve mudar com qtd de jogadores. OU mudar quantidade de dados por jogador (mais viável?)
Essa filinha é útil até mesmo para servir como ordem de turno na construção
Para construir o dado deve ter o valor do “nível” que está sendo construído e o jogador ter “poder” de construção igual ao andar. Exemplo: jogador envia 2 dados um de valor 4 e outro de valor 1. Dependendo de quantos dados tem, ele tem poder x2. Como enviou 2 dados tem 2×2 = 4 poder, aí ele pode enviar o dado 4 para o tabuleiro (se construtor estiver no lugar certo, etc).
E foi dessa ideia que eu fiz um protótipo. Testei repetidas vezes sozinho. Os pequenos detalhes foram alterados de várias maneiras, mas a construção de dados se manteve do início ao fim. Com o tempo, provavelmente algo em torno de 1 ano, o jogo estava basicamente o que é até hoje.
Bom, não vou me estender mais para a viagem ao passado do Distrito 6. Quem sabe eu não faça isso em outro momento? Sendo assim, vou finalizar essa postagem agradecendo a todos os Playtesters. Peço desculpas se seu nome não estiver no manual, chegou um momento que eu fechei o escopo do jogo e parei de colocar os nomes como Playtester. Isso não diminui o impacto de sua contribuição como jogador para o jogo ter se tornado o que tornou. Agradecimento especial a todos os amigos que me botaram no caminho da Vem Pra Mesa Jogos, se não fosse por vocês provavelmente seriam mais alguns bons anos antes de um anuncio desses. Agradecer também a própria Vem Pra Mesa Jogos, que deu essa oportunidade do jogo chegar ao público. E, por fim, agradecer a você: amigo, conhecido e até desconhecido, que me acompanha aqui com sua leitura.