Top 5 do Bruno Faidutti

Retomando a programação regular da ordem de Game Designers, voltamos aos coleguinhas que eu conheço seis jogos. Então, chegou a vez de Bruno Faidutti, mais conhecido pelo sucesso de vendas Citadels. O sexto jogo eu conheci recentemente, mas já tem um bom tempo que conheço cinco jogos do autor, eu iria colocar uns outros antes dele, mas preferi dar uma puxadinha, pois não vejo perspectiva de conhecer os outros jogos dele em um futuro próximo.

Eu tenho a impressão que a escola francesa de Game Design não faz muito meu gosto. Bruno Cathala, Antoine Bauza e, agora, Bruno Faidutti são todos franceses que apesar de estilos distintos, nenhum me agrada profundamente. Tem alguns jogos que curto? Sim, mas é uma minoria. Juntando os três autores, eu diria que são poucos jogos que eu toparia jogar na hora, menos de meia dúzia. Não sei dizer bem a razão, talvez seja coincidência ou talvez exista de fato alguma conexão de estilos que eu não consigo captar.

Bom, voltando ao que interessa: Bruno Faidutti. Dá para perceber um estilo nos jogos do Bruno. São jogos com uma pegada mais descompromissada, não chega a ser necessariamente Party Games, mas são claramente jogos que devem ser levados menos a sério. Seja por conta de alguma pegada humorística ou apenas pela quantidade de sorte presente nos seus jogos. Claramente, Faidutti gosta de investir no tema, mas sem se tornar um refém dele. O que, para mim, é uma boa maneira de pensar e criar jogos. Talvez o aspecto que mais pese negativamente comigo é a sorte. Talvez a perspectiva de sorte dele seja para criar emoções e momentos de tensão, sendo que esse tipo de sorte geralmente só serve para me frustrar (caso dê errado) ou me sentir um vencedor sem mérito (caso dê certo). Eu acho que inserir uma quantidade de sorte com alto impacto no jogo pode ser essa faca de dois gumes e eu nunca me sinto inteiramente confortável em jogos assim. Bom, pode ser coisa da minha cabeça… Mas é assim que me sinto jogando os jogos do Faidutti.

Vamos para a listinha, no qual apenas um dos jogos que conhecia foi eliminado. Coincidentemente foi o que conheci mais recentemente.

#5. Red November (2008)
Red November foi mais uma tentativa de gostar de jogos cooperativos nos meus primórdios. Adquiri esse jogo bem no começo de minha empreitada no hobby e não deu muito certo. Os jogadores controlam gnomos e estão enfrentando incendios, vazamentos e diversos problemas em um submarino. A ideia geral é como se fosse Pandemic, só que com outro tema e outras mecânicas. Bruno inseriu o conceito de Time Track no jogo, e eu gostei bastante da mecânica, apesar dela estar um pouco fiddly no jogo por conta do marcador fantasma que servia para disparar os desafios do jogo. Para mim o pior problema foi a maneira utilizada para resolução dos problemas. O jogador gasta uma determinada quantidade de tempo, isso dá a ele um bônus na resolução. Joga-se um dado, se o valor for o suficiente, conseguiu. Isso meio que forçava a gente à gastar uma quantidade de tempo que garantia ou que sempre garantia o sucesso. Afinal, falhar seria apenas perder tempo. Foi um dos jogos que vi a sorte sendo aplicada como citei no começo: frustração ou vitória sem mérito.
#4. Mascarade (2013)
Eu insisti com esse jogo, viu? Na realidade, meu amigo insistiu… Ele comprou e jogamos algumas vezes em dias distintos com quantidades distintas de jogadores, mas o negócio simplesmente não clicou comigo. Não sei bem o que aconteceu, cada jogador tem um papel escondido sendo que esse papel pode mudar entre os jogadores. É como se fosse Coup sem eliminação de jogador, o que parece ser extremamente interessante, mas simplesmente não funciona tão bem. A estranheza que o jogo possui impede-o de alçar vôos mais altos pelo conceito inicial. Apesar de comportar até 13 jogadores, o jogo não funciona com esse tanto de gente, pois você precisa manter registro de 13 habilidades diferentes. É legal ter vários poderes? É, mas para tudo existe um limite. Por um momento eu até pensei que o problema era no fato de estarmos jogando com muitas pessoas, mas joguei até com 5 jogadores e ainda assim o jogo não rodou legal. Acredito que o problema seja a quantidade de caos e aleatoriedade no jogo, perdendo toda a graça de dedução social, pois tudo que você traçou e deduziu se desfaz com uma ou duas jogadas. Ponto positivo: a arte do jogo é excelente.
#3. Citadels (2000)
Jogo bem antigo do Bruno, mas que garantiu um excelente retorno ao autor. Lembro que vi uma entrevista dele e, se não me engano, o dinheiro arrecadado apenas com Citadels superou todos os seus outros jogos juntos. Então, se você é um Game Designer e tem o sonho de viver disso, eis aqui a fórmula: lance um jogo de sucesso. Claro, mais fácil dizer do que fazer, mas é bem por aí mesmo. Não importa você lançar 20 jogos se nenhum deles tiver um impacto grande, é melhor lançar apenas um que seja um estrondo. Bom, acredito que Citadels está em uma posição bastante justa. Alguns esperariam que ele fosse Top 1, mas a razão para isso não ocorrer é bem simples: Take That que só serve para atrasar o jogo. Se o jogo não tivesse isso e tivesse uma cadência mais ágil, estaria mais acima com certeza. Devo dizer que para 2000, Citadels foi um jogo extremamente inovador e diferenciado. Entretanto, em plenos 2019 existem várias outras opções melhores do que esse jogo datado. O que tem de bom? O sistema de seleção de papeis é bem bolado e poderia ser aplicado facilmente em jogos da atualidade.
#2. Key Largo (2005)
Criado não só pelo Faidutti, mas por Paul Randles (não faço ideia de quem seja) e Mike Selinker (cara dos RPGs). Key Largo chegou na segunda posição não por mérito, mas por demérito dos adversários. Não é um jogo memorável, inclusive não me lembro tão bem dele, mas o pouco que me lembro deixou ele nessa posição. Novamente, temos um pouco de caos inserido no jogo com as escolhas de onde ir todo turno. Dependendo de quantas pessoas vão no mesmo local que você (escolhido secretamente e revelado depois), é possível receber benefícios ou malefícios. Isto é, o local ficar mais atrativo ou menos atrativo. A questão é que leitura de mesa não funciona tão bem. É possível ler algo? É, mas no final das contas entra toda aquela ideia de: se ele sabe que eu sei disso, ele irá fazer isso, mas como ele sabe que eu sei que ele vai fazer isso, talvez ele não faça. Resumindo: caos e aleatoriedade novamente. A questão é que o impacto aqui não é tão gritante quanto os demais jogos do Faidutti. É um jogo leve e serve até como Gateway, mas eu não usaria como tal, pois não é memorável. Outro elemento negativo parece ser a baixa rejogabilidade.
#1. Incan Gold (2005)
Também chamado de Diamant, é um jogo co-criado com Alan Moon, o homem dos Ticket to Ride. Disparado, o melhor jogo do Faidutti. Sim, disparado. A dinâmica de Incan Gold é pressionar sua sorte no seu estado mais bruto. Todo turno os jogadores escolhem se vão fugir do Zigurate ou permanecer invadindo. O jogo todo é isso, uma série de decisões baseadas no que está disposto na mesa e no que os outros jogadores possuem. Isso é uma tremenda qualidade, pois você pode explicar e jogar esse jogo com qualquer pessoa. Entretanto, também é o maior defeito do jogo. O excesso de simplicidade deixa-o repetitivo e até torna as decisões um pouco sem significado, pela sua brevidade. Não sei explicar bem, mas depois de jogar bastante Incan Gold em um curto intervalo de tempo você meio que exausta o jogo e a vontade de jogá-lo volta apenas depois de um longo período. Entretanto, apesar dos pesares, o jogo é divertido, rende risadas e momentos memoráveis.

E é isso. O jogo que ficou fora da lista foi o Dwarf King, que já falei em um Desafio 100N recente. Dos jogos que não conheço, eu tenho curiosidade com o Mission Red Planet. Jogo altamente cotado pelo pessoal do The Dice Tower, o que não é um bom indicativo para mim, mas preciso jogar para xingar (se for o caso). E o outro é Raptor, que é uma co-criação com Cathala. Esse eu estou na esperança de gostar, mas apenas na esperança…

Bom, segue joguinhos conhecidos do Faidutti até a presente data (12/04/2019):

E assim encerramos mais um Top 5, cada vez mais apático hehehehe Será que teremos algum autor com poucos jogos conhecidos mas só jogos excelentes? É possível? Bom, talvez nas cenas dos próximos capítulos.

5 Comments

  1. Cesar Cusin
    12 de abril de 2019

    Concordo com algumas opiniões, mas ainda assim deixaria Citadels em 1° pq é o mais bem bolado desses jogos. O seu 1° colocado é infantil demais.

    Responder
    1. Roberto
      12 de abril de 2019

      É, Incan Gold é muito bobinho mesmo… =D

      Responder
  2. Cássio Nandi Citadin
    28 de abril de 2019

    Fala Roberto!

    Sou grande fã do Incan Gold, a ponto de ter ido atrás da versão bonita da Iello chamada Diamant. Nem tinha me ligado na existência do designer até ver essa sua lista, e dela joguei apenas o Incan Gold (unico party game por aqui hoje em dia) e o Citadels. Esse segundo eu tive uma experiência muito ruim, pois com o uso de alguns papeis eu era 100% bloqueado nas minhas jogadas em certas ocasiões, o que pra mim parecia algo muito ofensivo. Nunca mais joguei desde então e a chance de joga-lo é proxima do zero.

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    1. Roberto
      29 de abril de 2019

      Opa Cássio,

      Não tiro sua razão quanto ao Citadels hehehe É um jogo que pode render umas partidas bem problemáticas e cansativas.

      Abração!

      Responder
  3. Fabio
    20 de fevereiro de 2020

    Outro designer que nunca joguei nada. Só conheço o Cidatels é o Mascarade por nome, e ambos gostaria de conhecer.

    Responder

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