Desafio 100N (2019) Fevereiro

Achei que no segundo mês ia bater aquela vagarosidade, mas até que mantive o ritmo! Jogos bastante diversos e por contribuições de grupos distintos aqui no Juazeiro do Norte. Vamos aos joguinhos.

006. Black Friday (2010)
Jogo econômico e de mercado de ações. Taí um estilo que passa bem longe do meu. O jogo tenta simular a quebra da Bolsa de Valores de New York e, devo confessar, que achei toda a simulação bem interessante. No começo eu não captei toda a ideia da simulação, provavelmente por inexperiência no assunto e por evitar jogos dessa categoria, mas com o tempo eu passei a entender melhor o que estava acontecendo. No final das contas, o sistema é bem simples até e com a constante repetição da atualização das ações você aprende nem que seja na marra. Então, é daquele tipo de jogo que você provavelmente achará mais interessante em uma segunda partida, pois vai começar a partida já tendo perfeita noção de como funciona a simulação. A parte mais chata não é nem essa curva de aprendizagem, eu consegui jogar e vencer numa mesa que todos já conheciam o jogo (menos eu). A parte mais chata era, justamente, a atualização das ações. É uma série de uns sete passos, que se forem esquecidos trarão grandes consequências para o jogo, pois ele não funcionará como deveria. É um sistema um tanto frágil, mas que funciona de uma maneira que eu diria ser matematicamente genial. Vence a partida quem coleta mais pratas (e não mais dinheiro) e o preço da prata sobe durante o jogo, dando uma dinâmica interessante mas perigosa ao jogo. Digo perigosa, pois pode acontecer de um golpe de sorte na primeira metade da partida já definir um vencedor. Outro elemento que me deixou um pouco frustrado foi o final da partida, chegou o momento que ninguém conseguia comprar mais pratas, pois ninguém tinha dinheiro suficiente e a prata estava muito cara. Ficamos nessa por muito tempo, eu diria que bem uns 15 minutos sem ninguém comprar ações até finalmente chegar ao final da partida e todos pegarem empréstimo no máximo para comprar. Bom, o jogo me pareceu que é definido por poucas decisões, pois elas podem ter um impacto gigante. Isso não me agrada muito, pois prefiro coisas graduais do que grandes pontuações obtidas em jogadas singulares. Recomendo conhecer Black Friday e até topo uma segunda partida enquanto ainda lembrar da dinâmica do jogo. Ah sim, a caixa mente (e muito) sobre a duração da partida. Talvez em grupos experientes e bem acostumados eles consigam terminar o jogo em 55 minutos, mas com a gente demorou bem umas 2 horas.
007. Suburbia (2012)
Suburbia parece ser a versão mais burocrática do Castles of Mad King Ludwig. Consequentemente, já adianto que prefiro o joguinho do castelo. Outro detalhe importante, é que Suburbia é um jogo que você só tem alguma chance de vitória se conhecer os tiles que só entram no final da partida. Então, se você estiver explicando para novatos, acho que vale a pena mostrar eles. Eu sou um pouco contra esse tipo de dica, pois acho que a descoberta do jogo e das estratégias também faz parte do processo, mas eu joguei a partida e investi em uma estratégia que é simplesmente impossível de vencer. A culpa não é de quem explicou, para mim a culpa é do jogo mesmo, que deixou o meu caminho viável durante boa parte da partida, com exceção do momento que realmente importava: o final. Não faça isso nos seus jogos, é um design mal elaborado, pois permite o jogador tomar decisões que parecem fazer sentido, mas que no final das contas são terríveis. As ativações dos tiles podem ser um pouco confusas, pois os tabuleiros dos outros jogadores influenciam no seu e isso pode criar alguns efeitos em cascata que podem ser esquecidos. Bom, mas nem só de reclamações vive um homem. O maior elogio que posso tecer é a mecânica de Catch Up embutida na pontuação. Quanto mais pontos você tiver, mais difícil é de gerenciar a cidade. É temático (mais gente na cidade, mais difícil de lidar) e garante uma boa dinâmica na partida. Você precisa perceber quando o jogo está prestes a acabar para começar a ganhar muito ponto, caso contrário sua Engine vai deixar de funcionar antes do tempo correto.
008. Say Bye to the Villains (2012)
Tem uma era que tento jogar esse jogo e não consigo, pois geralmente as pessoas estão querendo se livrar dele. Afinal, quem quer um jogo impossível de vencer na coleção? É até engraçado essa situação. Bom, finalmente consegui jogá-lo e, claro, perdemos. Achei até que a ideia boazinha, me lembrou muito outro jogo do mesmo autor chamado de Cheaty Mages, sendo que agora uma versão cooperativa do “mesmo” sistema”. A ideia é boa e até interessante, durante a partida ocorrem boas cooperações, mas a dificuldade do jogo é muito aleatória. Quando digo muito, eu quero dizer que é muito mesmo. É num nível que se você vencer você saberá que não foi mérito próprio, mas sim apenas o acaso de virem muitas cartas boas pra seu time e ruins para os vilões. Resumindo: o resultado da partida vai depender, em grande parte, das cartas que entraram na partida. Isso, na minha opinião, é triste. Não que eu ligue horrores em ganhar ou perder num jogo cooperativo, mas o resultado da partida dessa maneira me faz perguntar se não era melhor jogar cara ou coroa sozinho.
009. The Dwarf King (2011)
Eu não gosto de jogos de vaza, pois para mim são jogos de contagem de cartas e eu odeio esse aspecto de memória em jogos. Para completar, achei Dwarf King bem estranho. Talvez seja só minha estranheza regular para com os jogos de vaza de modo geral. O sistema de pontuação é modificando toda rodada e pareceu lento demais em uns objetivos e rápidos demais em outros. A cadência do jogo não pareceu natural, pois você é forçado a fazer várias jogadas durante uma rodada. É possível também saber quem venceu antes da partida acabar, dependendo da diferença de pontos nas últimas rodadas. Resumindo: não gostei, não jogaria novamente e não recomendo a ninguém (talvez para fãs de vaza).
010. Pastiche (2011)
Mais um para a lista de desafios para daltônicos. Pastiche é um jogo de combinação de cores que você precisa juntar algumas delas para fazer umas pinturas e ganhar pontos. O andamento do jogo é bem simples e direto, sem muita margem para exceções ou coisas do gênero. O problema é que Pastiche é um jogo muito simples. Tão simples que as decisões são um tanto obvias, a única demora em consegui-las é por conta da análise necessária das cores que você vai precisar. Juntando essa facilidade com o excesso de balanceamento matemático (sim, isso existe e é ruim), termina que Pastiche é um jogo que não tem muito mistério do que vai acontecer. As pontuações serão muito parecidas e a vitória irá para o jogador que conseguiu mais cores básicas por conta de algum erro de um oponente. Caso ninguém erre, vai de quem conseguiu otimizar melhor suas cores. Então, Pastiche é um jogo matemático e de otimização um tanto que sem tempero. Não é um jogo ruim, mas é um jogo que não lhe traz razões para revisitá-lo.
011. Twilight Imperium IV (2017)
Fechando o mês com um monstro. Tem uma era que quero conhecer Twilight Imperium, desde a terceira edição. Sim, não é bem o meu estilo de jogo, mas falam tanto que dá aquela curiosidade para saber como o jogo é. Apareceu a oportunidade de conhecer e não neguei. Vários fatores contribuíram para uma experiência positiva: começamos a partida de manhã (vantagem pra mim que dorme cedo); a partida durou apenas cinco horas (vantagem para mim que não curte partidas longas, na realidade 5h já é a partida mais longa da minha vida); houve pouco combate (os combates são chatos e a dinâmica datada/lenta); e eu venci (bom, na realidade não contribui tanto assim, mas depois de 5h é até legal você vencer). O jogo diverte sim, não irei mentir e dizer que é terrível. Entretanto, o jogo tem vários problemas de design. Você pode relevar e ser fã ainda assim, mas eu, particularmente, não gosto de colocar o sistema do jogo na mãos dos jogadores. TI4 faz isso, demais até. Vence o jogo quem chegar primeiro aos 10 pontos, mas é possível os jogadores darem pontos uns aos outros por meio de alianças. Os objetivos são cumpridos (a maioria) em uma fase específica, a ordem dessa fase é definida pelo papel escolhido para a rodada. Então, as pessoas podem pegar determinados papeis só para a outra pessoa não vencer. Bom, é aquela, como o jogo tem bastante interação vai acontecer King Making. Eu acho isso problemático, pois além das vias “normais” que existem em todos os 4X que conheço (todo mundo invadir quem tá vencendo, por exemplo) ainda existem esses outros elementos que aumentam as possibilidades de rolar King Making. Um outro problema que achei grave é a escolha dos papeis ser em sentido horário. Esse é um momento crucial do jogo, então se você estiver à esquerda do primeiro jogador na maior parte do jogo, você está em vantagem. Bom, tirando isso o jogo é perfeitamente funcional e até simples de ser jogado. Como nunca joguei a terceira edição, não sei dizer o quão bom foi o trabalho para a nova edição. Como já disse, o combate é um tanto sacal, com várias rolagens de dados com diferentes limiares para diferentes unidades, isso é sempre confuso e chato. Veredito: valeu a pena conhecer, mas para mim é um jogo de uma só partida mesmo. Não compraria e provavelmente não jogarei novamente, pois a nossa partida parece ter sido uma anomalia em termos de tempo, isto é, foi mais curto do que o esperado e ainda assim achei muito longo. Existem bons momentos durante a partida por conta da negociação, mas ainda não vi muito sentido para esse jogo demorar tanto.

Conheci vários jogos fora da minha zona de conforto e sempre acho isso bacana. Então, bastante saldo positivo esse mês. Pelo visto o Desafio tem caminhado até bem, batendo aquela confiança de começo de ano que será esvaída no decorrer dos meses. É isso. Até o próximo.

6 Comments

  1. Cássio Nandi Citadin
    1 de março de 2019

    Joguei Suburbia apenas uma vez e curti (não suficiente pra jogar novamente). Essa parte de efeitos em cascata geralmente me afastam. Quando terminei a partida fiquei sabendo que boa parte do jogo eram na verdade módulos da expansão Suburbia Inc. Fiquei abismado, pois sem a expansão o jogo se torna beeeem simplezinho. Esse mecanismo de pontuação X custo achei ótimo também.

    Say Bye to the Villains está na coleção nipônica do meu amigo aqui. Jogamos uma vez apenas, quando abrimos a caixa. Jogamos algumas partidas, discutimos depois o fato da dificuldade, mas ficou por isso. Também estamos sempre nos livrando dele hehe

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    1. Roberto
      1 de março de 2019

      Eu até me diverti jogando Suburbia, mas o jogo do castelinho é muito mais legal. Até em termos de interação e aquele esquema de colocar os preços. Fora que chegando nos tiles C eu vi que não tinha a menor chance de vencer.

      Say Bye é ciladinha mesmo, esse eu só consegui jogar porque foi presente… Caso contrário, já estaria fora da coleção também (claro, isso se alguém comprar hehehe).

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  2. Matheus Ulisses
    1 de março de 2019

    Esse mês as críticas foram bem mais leves e eu vi mais elogios também (principalmente porque jogos não parecem muito o teu estilo).

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    1. Roberto
      2 de março de 2019

      Será que estou ficando mole?

      Acho que é porque deixei para escrever sobre eles muito tempo após as partidas… A raiva foi diminuindo hueheuehuehuehe

      E também, como você disse, foram muitos jogos fora do meu gosto… Tentei ver pelo “outro lado” também. Mas acho que a principal razão foi o tempo entre a partida e a escrita.

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  3. Lair Amaro
    28 de março de 2019

    Por falta de tempo, estou há meses sem visitar seu blog. E ao retornar, deparo-me com essa seção que eu gosto bastante. Procurarei esses jogos no BGG para ver se as regras estão disponíveis. Foi assim e graças a essa seção do blog que a maioria das minhas adaptações de jogos para uso em sala de aula aconteceram. Obrigado, meu amigo.

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    1. Roberto
      29 de março de 2019

      Que legal o seu comentário, Lair. Obrigado.

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