Na última postagem deixei no ar que o próximo Game Designer seria meu autor preferido. Ninguém deu bola, ficaram todos mais interessados nos autor que pulei. Povo gosta é de polêmica! Bom, cá estamos nós de volta. Então, hoje teremos o genial Vlaada Chvátil. Engraçado que até pouco tempo atrás eu conhecia apenas 9 jogos do Vlaada, mas recentemente conheci mais um, somando 10. Na verdade, eu até segurei um pouco justamente para ver se esse jogo entraria no Top 5, pois as chances eram altas.
Vlaada Chvátil é um Game Designer bem diferente dos outros já apresentados por aqui. Especialmente quando comparado com os autores que possuem um estilo bem marcante, como Stefan Feld e Uwe Rosenberg. Feld tem uma fórmula que usa em quase todos os seus jogos, Rosenberg tem praticamente uma mecânica cativa. Até mesmo os outros possuem alguma característica notável, como os vícios de design do Cathala ou a matemática do Knizia. Entretanto, Vlaada é diferente. Não que ele não tenha um estilo ou preferências. Não que você não consiga ver a “cara” dele nos seus jogos. Sendo que parece que Vlaada se esforça para criar jogos diferentes entre si. Por isso, talvez, existam esses longos hiatos entre seus jogos. Também tem o fato dele chefiar uma Editora, que nos últimos anos tem aberto cada vez mais as portas para outros autores.
Então, é fácil para mim dizer o que gosto no Vlaada: é a capacidade dele de criar jogos diferentes e de qualidade. Como que uma mesma pessoa cria o Through the Ages (Top #3 BGG) e o Codenames (Top #53 BGG)? Até mesmo antes de Codenames eu já achava isso do autor, mas depois desse ficou muito claro para mim a versatilidade do Vlaada. Introdução curta, pois não tem muito o que dizer. Os números falam por si só e vou deixar outras observações para a listagem e para a conclusão. Vamos aos jogos!
#5. Codenames Pictures (2016) Atualmente existem SETE versões do Codenames. Você pode até reclamar de serem versões caça niqueis, mas eu estando no lugar do Vlaada faria a mesma coisa. Codenames é um daqueles raros casos de Board Games que estouram no mundo inteiro e são sucesso de vendas. Então, acho totalmente válido expandir a franquia, tentar atingir um público ainda maior e querer tirar um trocado em cima. Bom, Codenames Pictures foi o segundo na linha de sucessão. As diferenças para o original são mínimas em termos de regras, mas a mudança de palavras para imagens foi uma excelente sacada. Suspeito que a ideia não veio do Vlaada, mas sim das várias pessoas jogando Codenames com cartas de Dixit para ver se funcionava! Essa mudança trouxe algo que faltava, ao menos para mim, no Codenames: eles agora é de fato um Party Game. As imagens possibilitam dicas mais soltas e uma irreverência maior por parte do jogador Spymaster, que na versão original poderia travar demais ou precisar queimar muitos neurônios para chegar em alguma dica. |
#4. Dungeon Petz (2011) Um Euro Game com temática muito bem aplicada. Dungeon Petz é o sucessor de Dungeon Lords, mas para mim é um jogo melhor. Para não ficar dizendo que Vlaada não tem um estilo ou que os jogos são todos diferentes, acho que ele tem algumas constâncias em suas criações mais antigas: sofrência e quebra-cabeça. Dungeon Lords por exemplo, você passa o jogo inteiro apanhando de aventureiros; no Galaxy Trucker você vê sua nave destruir-se; no Space Alert você vê seus planos voarem pela janela; e aqui, no Dungeon Petz, você passa o jogo inteiro limpando cocô e tomando conta dos seus tamagotchis para eles não morrerem, não fugirem e crescerem saudáveis. A parte de puzzle entra justamente toda rodada com a administração das cartas que você possui que devem ser alocadas em cada animal de acordo com seu tamanho. A mecânica base do jogo é Worker Placement com Blind Bid, uma combinação que funcionou muito bem. Garantindo uma interação dupla (travamento dos espaços e superar lances dos oponentes). Eu já tive o Dungeon Petz e vendi. Razão? Todos esses jogos mais robustos do Vlaada, eu acho um terror de explicar. Exceções demais por conta do tema, podem até garantir algumas risadas e maior imersão, mas não é o estilo de Euro que sou fã mesmo. |
#3. Galaxy Trucker (2007) Galaxy Trucker é um dos raros jogos que joguei no iOS para apenas depois comprá-lo. Geralmente, jogar um Board Game numa plataforma digital me afasta do jogo, em vez de despertar meu interesse. Acho que aconteceu isso apenas com Galaxy Trucker e Battle Sheep. Podem ter mais nessa lista, mas acho que não se estenda muito. Bom. Quando finalmente joguei a versão física gostei bastante do jogo. Ele me lembra um jogo que eu já tinha na coleção: Factory Fun. A diferença é que Galaxy Trucker tem um tema muito mais palatável e tem um dinamismo mais interessante que o Factory Fun. O problema é que Galaxy Trucker conta com uma etapa meio sacal: você viajar e ver sua nave se despedaçar sem ter lá muitas escolhas (única escolha é decidir se usa ou não bateria para ativar algo da sua nave em determinados momentos). Então, Galaxy Trucker é um jogo de duas etapas: montar sua nave em Tempo Real (excelente e divertidíssimo) e ver sua nave sobreviver (ou não) aos eventos (razoável). Eu gosto do jogo, mas gostaria que houvesse uma mecânica diferente para “resolução” do jogo para definir o vencedor. Em todo caso, acho Galaxy Trucker um bom jogo e até me serviu como um passo após os Gateways com novatos, só cuidado com aqueles com baixo limiar de dor, pois a chance de ter a nave destroçada na primeira partida é grande. |
#2. Codenames (2015) Não comentei muito no Codenames Pictures para não dar spoiler da lista. Entretanto, agora que chegamos ao original posso dizer tudo que não disse. Codenames é um daqueles raros jogos que você olha e diz “que ideia besta, eu fazia”. Sendo que, meu velho, você não fez! Quem fez foi Vlaada! Toma. Opa, me empolguei. Eu adoro esse jogo, ele simplesmente casa com meu cérebro. Pensar nas dicas é um processo linguístico, quebra-cabeça, lógico e de leitura do seu parceiro sem igual. E chutar as palavras é um processo reverso similar, pois você também precisa levar em consideração os motivos daquela dica. Uma dica pode servir para várias palavras que estão na mesa, mas você precisa reduzir àquela quantidade dada na dica para evitar pisar em falso. Não tenho muito o que reclamar de Codenames, na verdade minha reclamação vai ser uma que a maioria das pessoas discordam. Codenames (nesse seu formato original) não é um bom Party Game. Posso estar jogando com a galera errada ou posso estar jogando errado (do ponto de vista filosófico e não de regras), mas para mim não faz sentido uma pessoa ficar lá moendo o cérebro enquanto uma galera está do outro lado aguardando. Eu já tinha jogado a muito tempo e o problema foi que o ambiente dificultava a concentração do Spymaster, consequentemente dificultando a criação de dicas e fazendo o jogo se arrastar. Depois de um leitor comentar que era excelente com 8, dei uma nova tentativa recentemente. Funcionou melhor, mas a atmosfera não era de engajamento. Joguei dos dois lados da mesa e não curti a experiência novamente, quando eu era o Spymaster funcionou, mas o fato de ter várias pessoas do outro lado não melhorou minha experiência em nada. Já do outro lado, eu não ficava na mesa, pois o Spymaster estava formulando a dica e ficar por lá não me pareceu relevante. Bom… Resumindo: Codenames, para mim, é um jogo de 4 jogadores. Joga com mais gente? Sim, mas prefiro jogos mais animados e engajadores. |
#1. Space Alert (2008) Melhor cooperativo que já joguei. Eu não sou dos maiores fã de cooperativos. Por vários motivos. O principal deles é que não vejo sentido em várias cabeças pensantes se unirem para resolver o mesmo problema de modo que a “habilidade” de cada um não é muito relevante e, geralmente, o jogador mais experiente provê as melhores soluções. Perceba que não reclamo nem do Alpha Player, mas sim de ter uma pessoa boa na mesa. É obvio que vamos acatar as ideias da pessoa, pois fica claro que são as melhores. Alguns cooperativos tentam prevenir isso com altas doses de aleatoriedade, mas ainda assim: um bom plano, é um bom plano. Então, para um cooperativo me atrair, eu quero que exista individualidade para os jogadores. Isto é, o que cada um faz é meio que responsabilidade da pessoa e influi diretamente no bom desempenho do grupo como um todo. Space Alert consegue isso, pois a pressão do tempo real impede de apenas uma pessoa propor as melhores soluções para todos os jogadores. As ideias vão surgindo, resta você se meter e dizer o que pode ou não fazer e assim vai se desenrolando a partida. Não há muito tempo para debates, Space Alert é um jogo que prima pela comunicação eficiente. É perceptível isso. Em grupos que não conseguem se comunicar, seja por não saberem como ou por entrarem em conflito por bobagens, geralmente falham. As pessoas precisam falar e serem ouvidas para vencer em Space Alert. É praticamente um treinamento para a vida. Agora, mesma reclamação do Codenames, o contagem de jogadores para Space Alert é para ser de 4-5 jogadores. Menos que isso, não funciona tão bem. E outra, Space Alert é um jogo que pode ser muito frustrante, muito mais que Galaxy Trucker, especialmente em mesas que as pessoas culpam uns aos outros. Então, cuidado e jogue com pessoas tranquilas. Uma vez que você encontrar um grupo, acho que você encontrou o jogo da sua vida. |
Ué? Cadê o Mage Knight e o Through the Ages? Veja bem, amiguinho, eu não sou fã de jogos longos. Até gostei do Mage Knight, mas achei ele muito longo e multiplayer solitaire. Jogaria mais vezes e, talvez, até chegasse ao Top 5. Já o Through the Ages, achei muito burocrático e longo. Esse não tenho vontade de jogar nunca mais. É o tipo de jogo que foi criado para ser jogado em um computador e não em uma mesa. Eis uma curiosidade: Vlaada antes de ser Game Designer era programador de jogos, talvez por isso tenha criado o Through the Ages que parece, realmente, um jogo de PC.
O jogo que eu joguei recentemente foi o Codenames Duet. Não entrou no Top 5, pois não joguei o suficiente para saber se é melhor ou pior que o Pictures. Eu imagino que com o tempo eu goste mais, mas não tenho como ter certeza. Impressões mais elaboradas estarão no Desafio 100N de Dezembro, fique esperto se quiser saber mais.
Segue galeria Vlaada Chvátil até a presente data (14/12/2018):
Então, se Vlaada é o meu favorito. Qual é o seu? E por quais razões? Deixe nos comentários, vamos trocar umas figurinhas.
14 de dezembro de 2018
Quero polêmicaaaaaa!
Do autor apenas joguei Codenames (com e sem ibagens). Pra mim o jogo(s) definitivos pra grandes grupos.
Obrigado por compartilhar a lista.
14 de dezembro de 2018
Valeu Cássio! Tu mistura as cartas das duas versões? Nunca tive essa coragem (e também não tenho o Pictures, não achei que valia a pena ter tendo o outro que acho melhor).
14 de dezembro de 2018
Não Não hehe
Quis dizer que ambos são bons jogos, não que uso os dois. Mas ouvi falar que existe uma versão (Marvel ou Disney) que viria com um lado Texto e outro Imagens, e daria pra misturar na hora de sortear as peças.
20 de dezembro de 2018
Pelos teus comentários no Top 5, eu nunca adivinharia que o Vlaada é seu designer favorito, se você não tivesse dito.
Não parece que você curte tanto assim seus jogos.
Quem sabe o seja pela “conjunto da obra”, se bem interpretei seu texto.
Grande abraço, e aguardando mais postagens! Excelente!
21 de dezembro de 2018
Fala Rodrigo.
Acho que é o calibre dos jogos deles com relação ao meu Top “geral”. É o único Game Designer com dois jogos no meu Top 10.
E também junta com minha admiração pela variedade dele. Vlaada é o tipo de Game Designer que eu gostaria de ser (eu até tento ser, meus jogos são bem diferentes, só faltam eles serem bons hehehehe).
Obrigado pelo comentário!
19 de fevereiro de 2020
Jurava que seu designer favorito fosse da turma do Simoni Luciani pela questão de alocação de dados, mas errei!
Não tenho muito o que falar do Vlaada, pois só conheço o Código Secreto Imagens. Jogo que faz muito sucesso lá em casa. Dentre os party game acho ele um dos melhores.
Quero muito conhecer o Galacy Trucker pelo q falam do jogo.
Outro que ouço muito bem é o tach-kalar e os dungeons, mas não faço muita questão de conhecer.
Já Mage e TTA parecem ser ótimos jgs, mas só de saber que a duração é de 5+ já desanimo.
19 de fevereiro de 2020
Eu gosto dos jogos do Luciani, mas é feito o Feld… Na maioria ele cria jogos bons, mas não chegam a ser excelentes. Ainda não fiz Top dele, pois só conheço 4 jogos.
Vlaada é um pouco diferente, pois eu tenho a impressão que ele tenta criar jogos mais diferentes entre si. Então, quando ele acerta a mão mesmo, termina que o jogo é realmente sensacional.
É, definitivamente você tem a mesma alergia com jogos demorados hehehehe
Mage Knight e TTA não me agradam justamente por isso… Fora que o TTA é muito mais um jogo de computador do que um jogo de tabuleiro, muita pecinha pra gerenciar e várias etapas que seriam melhor gerenciadas automaticamente pelo PC.