Desafio 100N (2022) Setembro Spa – Parte 1

Títulos enormes, mas valerá a pena o tanto de jogo aqui. Demorei um pouco para vir escrever esse texto. Então, estou puxando as impressões pela memória umas três semanas depois de ter jogado as partidas. Acho que vou me lembrar de tudo mas pode ser que não…

069. NMBR 9 (2017)
Jogado em 22/09/2022 com 4 jogadores.
É dada a largada! Primeiro jogo do Spa. Tava difícil engatar, pessoal sem saber os jogos (ou querendo jogar algo novo). Peguei o manual de NMBR 9 para dar uma relembrada de vídeos que vi antes, já que o jogo é simples e botamos na mesa. Queria jogar esse jogo já tem um tempo, achei muito boa a ideia. É meio que um Flip & Write, já que você abre cartas e todo mundo usa a carta relevada para montar o seu jogo isoladamente. Só não tem o aspecto Write, pois usamos peças e não escrevemos em nada. Gostei do jogo, foi bem o que eu esperava: um puzzle multiplayer solitaire. Não compraria, mas foi ótimo ter conhecido. Achei o jogo relativamente inteligente, só que tem o mesmo problema dos Flip & Write: provavelmente baixa rejogabilidade. Apesar do puzzle mudar, a falta de interação deixa o jogo um pouco morgado.
070. Colorfox (2016)
Jogado em 22/09/2022 com 5 jogadores.
Depois do grupo já familiarizado pequenos esse jogo bem facinho e… Ruimzinho. Primeiro que o jogo tem umas cores impossíveis pro daltônico, o que nem faz sentido, já que é um jogo com cartas e poderia ter qualquer iconografia (mesmo discreta) para diferenciação delas. Segundo que jogamos com 5 jogadores, o jogo só deveria ir até 4… Quanto mais gente, mais caótico e menos estratégico (se é que ele poderia ser) fica o jogo. Terceiro, o jogo é basicamente baixar cartas para casar os lados com cores que existem e coletar fósforos, muito simplório (diferente de simples). Quarto, quando você consegue dar a sorte de casar duas cores ao mesmo tempo, você pode trocar de palito com o coleguinha, ganhando um duplo benefício por sua sorte, já que o objetivo do jogo é coletar palitos diferentes e formar conjuntos. Bem ruim e me falaram que é o melhor da “série” que acho que possui três jogos.
071. Alhambra: The Dice Game (2006)
Jogado em 22/09/2022 com 4 jogadores.
Mais um jogo que li as regras na hora para poder conhecer. Primeiro dia do Spa é um pouco laborioso conseguir formar mesas. O problema é que esse jogo já tem um pouco mais de detalhes e joguei um aspecto errado: basicamente demos benefícios apenas para o primeiro jogador de cada trilha, mas era para os dois primeiros. Impactou negativamente no jogo, pois ficou um pouco mais travado e mais frustrante. Entretanto, mesmo jogando corretamente, eu não iria querer jogá-lo novamente. Não que o jogo seja terrível, só é extremamente longo para sua proposta. Por sinal, esse jogo não tem nada a ver com o original, tirando a parte de pontuação por maiorias, que é algo bem genérico e padrão de qualquer jogo que possua esse tipo de pontuação. Talvez para a época fosse algo interessante e diferente, mas hoje em dia já perdeu o brilho. É um jogo que não envelheceu muito bem: você vai encontrar muito fácil um jogo de dados mais rápido e mais estratégico.
072. Noctiluca (2019)
Jogado em 22/09/2022 com 4 jogadores.
Só quero chamar esse jogo de Noctulica. Não sei por qual razão, já que nenhum dos nomes faz muito sentido mesmo. É um jogo que eu achei que lembrasse Sagrada, mas nem lembra muito… Basicamente, você vai coletando dados coloridos para cumprir objetivos no qual apenas a cor importa. Então, o número é simplesmente usado na coleta dos dados (“pego todos os dados de valor 2 dessa linha aqui”). Ideia relativamente simples e até boa, mas que não me pegou muito, pois achei muito tático. Não há o mesmo planejamento e organização de Sagrada, que você apesar de tomar decisões táticas está pensando no futuro em como vai encaixar tudo e cumprir melhor os objetivos da partida. Tudo em Noctiluca é de imediato: pegar agora para cumprir os objetivos para pegar mais objetivos. Tirando o seu objetivo pessoal, que vai dar uns pontinhos extras por cor específica. Não é bem meu estilo de jogo, até jogaria novamente se aparecer na mesa, mas não empolgo de ir atrás. Talvez jogando com 2 jogadores fique melhor, mas tem tanto jogo 1×1 tão mais legal por aí…
073. PinPoint (2022)
Jogado em 22/09/2022 com 4 jogadores.
Party Game que copiou Wavelength na cara dura. São três jogos em um e joguei dois deles: um totalmente competitivo e outro de duplas. Me diverti com todos, até o momento foi o melhor jogo do Spa. Um dos jogos que joguei é igualzinho a Wavelength (chamado aqui no Brasil de Sintonia): jogador dá uma categoria de máximo e mínimo (mais perto e mais longe, por exemplo) recebe um número (exemplo: 90) e diz algo dentro dessa escalada para os demais jogadores acertarem o número (exemplo: “China”). Obviamente, a escala vai variar na mente de cada pessoa, poderia pensar que China é relativamente perto, dado que existe todo o Universo, né mesmo? E é aí que mora a graça do jogo. O outro jogo, é também comparativo, mas você coloca dois personagens e dado algo dá uma nota que é uma escala entre eles. Por exemplo: “faria uma cirurgia plástica” e os personagens Gimli e Legolas, eu botei mais próximo de Legolas, já que Gimli tem zero vaidade (acho). Acho que é um jogo difícil de encontrar (é das gringas), mas fica a sugestão para quem gosta de Party Game. Pior que depois de jogar esse jogo fiquei com mais vontade de comprar Sintonia, mas ao mesmo tempo menos vontade, pois percebi que dá para jogar com um pedaço de papel. hehehehe E agora? Esse foi o último jogo do primeiro dia.
074. Nidavellir (2020)
Jogado em 23/09/2022 com 5 jogadores.
Fazia tempo que não jogava algo com um leilão cego. Esse jogo é bem rápido por conta dessa mecânica, basicamente os jogadores decidem os lances que vão dar em cada oportunidade da mesa (são quatro linhas cheias de cartas para adquirir) e esses lances são executados depois, por isso é cego: ninguém sabe quanto ninguém tá dando de lance. Jogamos em cinco, mas sinto que apesar do jogo não durar mais por ter mais jogadores, fica mais difícil marcar e interagir com os jogadores. O jogador vitorioso conseguiu trocentos pontos, simplesmente por ter sido negligenciado o tipo de carta que ele estava pegando. Claro que isso não é culpa do jogo, mas dá um sentimento meio chato de vitória pelo acaso. Assim como a derrota pelo acaso (jogadores pegarem as cartas que você queria só por não ter outras opções melhores). Pode não parecer que gostei, mas gostei. Toparia jogar novamente, queria até testar com menos jogadores para ver se fica mais possível de prever os lances e bloquear a estratégia alheia já que o caos será um pouco menor. Acho que tudo que falei aqui se aplica para a maioria dos jogos com leilão cego. Eles permitem vários jogadores, pois não incrementa tanto a duração, só que vários jogadores deixam as resoluções caóticas e imprevisíveis, fazendo com que exista um sentimento estranho ao final sobre quem venceu ter conseguido meio que ao acaso. Seja por não ter sido marcado ou seja por ter dado sorte nos momentos certos. Já tive um jogo com essa mecânica que gostava, mas achava esse mesmo problema e me desfiz. Dá até uma vontade de tentar criar um jogo com leilão cego para ver se consigo algo diferente. Anotar isso…
075. Trismegistus (2019)
Jogado em 23/09/2022 com 2 jogadores.
Apesar do jogo anterior ter sido jogado no mesmo dia, houve um intervalo de tentativa de dormida entre Trismegistus e Nidavellir. Tentativa, pois não dormi. E a pessoa começar um dia mal dormido com esse jogo é pedir para se lascar. Resumindo: joguei terrivelmente mal. Claro que a culpa não foi só minha, o jogo tem um péssimo design gráfico que não ajuda em quase nada. Zero lembretes no tabuleiro sobre as possibilidades de ações, isso tentando manter uma arte sem poluição de ícones, mas falhando miseravelmente, pois o jogo é bem feio. Mas a culpa é sim, em grande parte, minha. Basicamente, apesar do jogo ser atolado de coisa e tudo ser realizado de uma maneira meio travada e que uma coisa precisa da outra… A essência para se sair bem na partida está em torno de uma ação que não usei a partida inteira: desvirar umas fichas que ativam quando você realiza transformações. Isso é que vai gerar os combos e fazer sua engrenagem rodar. Percebi isso ao final da partida tarde demais e já estava cansado de não fazer nada e ficar travado, enquanto meu oponente fazia quinhentas ações. Claramente não gostei da partida e, infelizmente, não gostei do jogo a priori. Tava até no meu Want to Play. Só que apesar dos pesares, eu acho que não gostaria mesmo tendo dormido. É daqueles jogos desnecessariamente complexos e burocráticos. Ao menos eu achei. Que bom que joguei apenas com dois jogadores, assim o suplício não foi tanto.
076. Tabannusi (2021)
Jogado em 23/09/2022 com 3 jogadores.
Pelo visto eu estava querendo sofrer nesse dia. Mais um jogo do mesmo designer do anterior e também pesado. Entretanto, não tão pesado. Peso 3.85 aqui, contra 4.13 do outro. Pode parecer pouca a diferença, mas não é… Eu raramente gosto de jogos com peso acima de 4, chega naquele nível de complexidade pela complexidade. Ao menos é o sentimento que tenho. Bom, Tabannusi é um jogo com certeza mais palatável, além de muito mais bonito. Como eu estava semi-morto da partida anterior, prestei bastante atenção na explicação para ver se captava a essência do jogo de cara. Coisa que no outro eu só fui sacar no final da partida. Aqui ficou mais claro: resolvi focar nas construções. Entretanto, Tabannusi permite isse, enquanto que Trismegistus não. Um jogo tem várias opções para você escolher e investir, o outro é uma grande cadeia de uma mesma opção de otimização. Eu, particularmente, prefiro jogos no primeiro estilo, especialmente quando mais pesados. Apesar de não gostar do resultado final: vitória ignorando partes do jogo. E foi isso que aconteceu aqui, tal qual minha partida de Terraforming Mars. Muita informação para processar, novato decide focar apenas em um aspecto do jogo e vence a partida com grande margem. Soa que o jogo é desbalanceado, ao menos nos múltiplos caminhos que oferece. Para fechar, um comentário que acho que resume o jogo do ponto de vista de Game Design: achei o jogo com muita regra que pareceu interessante na teoria mas na prática não tem impacto significativo. Existem regras lembrando Medina que o jogador tem que respeitar para posicionar as construções, em Medina funciona perfeito e serve como várias maneiras de bloquear o oponente e fazer jogadas inteligentes, aqui só serve para ser chato mesmo. Existem regras parecidas com Hansa Teutonica no sentido de parasitação, que em Hansa gera uma interação muito coesa, mas aqui vira somente um extra ignorável. Existem regras que lembram a dinâmica do Knizia, que o jogador precisa ir bem em tudo para receber benefício, o que propicia nos jogos do autor uma necessidade de balanceamento na estratégia que funciona extremamente bem, aqui é uma enrolação… é muito mais vantagem (tanto em termos de pontos como em termos de atividade cerebral) investir em apenas uma opção do que balancear as opções. Então, depois disso tudo a conclusão é que tentaram fazer um jogo com várias mecânicas inteligentes de outros jogos mas não deu certo e virou tudo mecânica extra que só está ali em caráter ilustrativo ou, até pior, enganador.
077. Cascadia (2021)
Jogado em 23/09/2022 com 4 jogadores.
Depois de dois pesos pesados, almocei bastante e voltei revigorado para jogar coisas leves. Cascadia tava na minha Wishlist e fui bem empolgado conhecer o jogo. Adianto que gostei, só não sei se compraria. Queria jogar mais vezes para ter uma melhor definição do jogo, pois fiquei na duvida. Não sei se ele é leve demais para meu gosto ou se é na medida certa. Acho que depois de dois jogos do Daniele Tascini eu perdi um pouco a noção disso hehehe. Achei o jogo com um puzzle interessante, mas não sei se se sustenta por muito tempo. Especialmente por ser muito multiplayer solitaire. Acho que jogos nesse estilo precisam de mais um pesinho para apimentar as coisas, já que a interferência dos outros jogadores termina virando apenas um elemento de caos. Por sinal, joguei com 4 jogadores, talvez com 2 jogadores o jogo fique mais legal e interativo. Sim, mesma situação do Nidavellir, mas aqui é um jogo que vejo mais potencial dentro do meu gosto pessoal mesmo. Além, claro, do jogo ser bem bonitinho. O que pode ser útil para ludibriar as pessoas em jogá-lo. Se bem que ele é leve, então nem é ludibriar. Ou é?
078. Mariposas (2020)
Jogado em 23/09/2022 com 5 jogadores.
Dois jogos da AEG seguidos. Essa Editora que já me apresentou umas bombas bem grandes, mas tem melhorado ao longo dos anos. Infelizmente, Mariposas é uma bomba. Apesar do hype e da autora estar nas graças do povo por Wingspan, Mariposas é um jogo de corrida bem sem graça. Primeiro que não vale a pena jogar com muitos jogadores, a interação é baixa e mais jogadores só aumenta o Downtime. Que é gigante, com essa quantidade de jogadores eu não consegui engajar no jogo. Eu simplesmente sentava e esperava meu turno, sem nem ver o que as pessoas faziam depois que entendi como o jogo funcionava. Não existe bloqueio e a única interação que existe (chegar antes em um espaço e ganhar um bônus extra) é muito irrelevante. Tem gente que fica tenso com isso, mas acho que é por não terem entendido que não vale tanto a pena chegar primeiro. É muito melhor se posicionar para ganhar os pontos do que pegar esses pequenos benefícios. O camarada junta várias cartas distintas para ganhar uma habilidade extremamente sem graça e, pior, fraca. Bom, sei que Mariposas foi uma decepção para todos na mesa: jogo lento, entediante e sem desafio.
079. Coin & Crown (2018)
Jogado em 23/09/2022 com 4 jogadores.
Muito comum no Spa você jogar uns jogos bem aleatórios e que nunca ouviu falar antes. Esse é um deles. Estava entre mesas, procurando onde jogar e me chamaram para cá. Errei rude, era um Bag Building daqueles bem “puros” mesmo. Sua sacola em moedas de cobre, prata e ouro e você vai evoluindo ela no decorrer do jogo e comprando coisas. Bem genérico e sem graça. É aquela, não é terrível, talvez você gostando da mecânica ache até bom. Eu, particularmente, não gostei. Bom é a capa, nada a ver com o restante do jogo, que é todo arte “minimalista” (para não dizer feia mesmo).
080. Little Town (2017)
Jogado em 23/09/2022 com 4 jogadores.
Jogo Worker Placement, mas que os espaços são um tabuleiro em grade que você está colocando construções. Gostei dessa ideia, você colocando o trabalhador lá bloqueia o pessoal de ir no mesmo espaço e pode pegar recursos e ativar construções. O bloqueio não é tão forte assim, pois o camarada pode ir do seu lado e ativar a maioria dos mesmos espaços que você, mas tem momentos que faz uma diferença gigante. Achei o jogo, talvez, um pouco simples demais. Quero jogar mais vezes, acho que tem potencial aqui e apesar da carinha fofa, talvez o jogo seja mais profundo do que eu esteja dando imaginando que seja. Ou não.
081. Parfum (2015)
Jogado em 23/09/2022 com 4 jogadores.
Fechando a sexta-feira do Spa, mas não a madrugada, com um jogo da Queen Games. O mais engraçado é que achei esse jogo parecido com o outro da Queen Games que falei lá em cima (Alhambra Dice). Engraçado, pois os jogos possuem quase 10 anos entre suas publicações e, também engraçado, pois é algo que a gente diz quando não acha graça realmente e sim achou algo ruim. Parfum também usa dados e também há grandes variações dependendo da sorte, seja rolar o dado e não conseguir absolutamente nenhuma parte do frasco, seja rolar o dado e conseguir tudo que era possível, seja o jogador abrir cartas e vir exatamente o que precisava, seja o jogador abrir cartas e não vir nada de útil. Resumidamente: é um jogo de frustração ou glorificação. Para mim, que não gosto de grandes variâncias, é sempre frustração, pois acho injusto eu mesmo conseguir vencer apenas por conta da sorte. Não gostei do jogo e não jogaria novamente.

Acho que lembrei relativamente bem, talvez faltando uma ou outra crítica pontual nos jogos mais curtos ou que tiveram menor impacto no momento. E assim foram dois dias no Spa de Jogos, os últimos dois dias virão em breve. Até próxima semana!

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