Passados os 50 jogos e agora vem mais outros 10. Dessa vez todos jogados sozinho. Sim, é a nova realidade da minha vida. Jogar online ou jogar sozinho, qual o pior? Não faço ideia. Pelo menos o senso de novidade e desbravamento continua.
051. Gloomhaven: Jaws of the Lion (2020) Jogado em 05/07/2020 com 1 jogador. Esse jogo me surpreendeu demais. Tudo bem que sua versão original é Top #1 do BGG, mas isso nunca foi o suficiente para me agradar. Twilight Struggle, Puerto Rico, Tigris & Euphrates são jogos que foram Top #1 e nem por isso gosto deles. Respeito todos, mas gostar? Nah… Essa versão do Gloomhaven é como se fosse a porta de entrada para esse universo gigantesco criado pelo Isaac Childres. Então, Jaws of the Lion (nome massa, por sinal) é uma versão miniatura do Gloomhaven. Isso não quer dizer muita coisa, pois essa versão é maior do que qualquer outro Dungeon Crawler que já joguei. Gloomhaven é um jogo totalmente Hack n’ Slash, mas sem ser descerebrado. Várias decisões de design nesse jogo são inteligentes: não existe rolagem de dados, mas o jogo ainda mantem suspense e emoções com o sacar de cartas que alteram os danos minimamente; os personagens são bastante assimétricos com o simples uso de um deck de cartas; os monstros possuem scripts simples de executar mas que por conta da dinâmica geral do jogo irão variar e influenciar fortemente nas decisões; o sistema de evolução e de moedas funciona bem e faz você querer conseguir mais XP e dinheiro. Para fechar, essa versão do jogo foi melhor desenvolvida que o jogo base por razões óbvias (lançado depois) e conta com todos os mapas das missões já formados em uma espécie de livro. Nunca joguei o jogo original, mas com certeza montar cenários usando um mapinha e vários tiles modulares é chatíssimo. Sei disso por conta do Descent. Então, o que era bom ficou melhor aqui. Só um alerta: minha opinião após jogar as primeiras cinco missões (tutorial). Não achei que fosse justo escrever apenas após a primeira missão do tutorial. Então, tem algo que achei ruim no jogo? Achei muito fácil. Talvez seja apenas o tutorial que é fácil, mas eu estou achando que um jogo dessa magnitude é difícil de balancear. Muitas, mas muitas variáveis mesmo. Então, eu acho que as próximas missões ou serão muito fáceis ou muito difíceis. Espero estar errado. Em todo caso, depois de conhecer Gloomhaven, fica o convite para os amigos que compraram esse monstro: topo jogar quando acabar essa pandemia, hein? Não prometo jogar a campanha toda (são 100 missões porra), mas pelo menos jogarei até enjoar. O que pode ser após mais 5 missões. |
052. Sprawlopolis (2018) Jogado em 10/07/2020 com 1 jogador. Eu nunca vi muita graça nesses jogos micro. Acho que a falta de componente termina proporcionando várias decisões de design forçadas e que não necessariamente contribuem para o jogo. Entretanto, do ponto de vista de criação é bem interessante. Estou criando um e estou gostando do processo. Então, resolvi conhecer o Sprawlopolis que é um jogo com apenas 18 cartas. Achei o jogo bem inteligente e que usa as cartas de uma maneira elegante. Basicamente, o verso é um objetivo de partida e a frente é uma carta com 4 terrenos diferentes e algumas estradas. Você coloca três desses objetivos na partida e eles definem o quanto de pontos você precisa fazer para vencer o jogo e com as demais cartas você irá fazer sua cidade. Joguei três vezes seguidas e venci as três. Não achei o jogo particularmente difícil, talvez eu tenha dado sorte nos objetivos ou simplesmente a combinação deles foram boas. O que, na realidade, é um detrimento ao jogo, pois a dificuldade está mais ligada a combinação dos objetivos (se um atrapalha no outro) do que nos objetivos em si. Tudo vai depender da sinergia. Gostei de jogá-lo, mas não estou mais interessado em investir tempo no jogo. Acho que o sentimento é que o quebra-cabeça não é excitante o suficiente. Recomendo conhecer, especialmente se você quer criar algum jogo com poucos componentes, mas não diria para comprá-lo. |
053. Friday (2011) Jogado em 11/07/2020 com 1 jogador. Nunca tive curiosidade com Friday, mas agora que estou jogando tantos jogos solos resolvi dar uma chance. O problema da minha resistência aqui é que o jogo é um Deck Building. Se o negócio já é repetitivo e enfadonho em Dominion, imagine em um jogo solitário? Na realidade, parando para pensar, talvez seja até uma vantagem… Afinal, Deck Builders tem a tendência de serem multiplayer solitaire e nada melhor do que um jogo solo nesse gênero. Poupa tempo. Entretanto, minha expectativa era realidade e realmente não gostei do jogo. Sim, é um jogo que sofre do mesmo problema da maioria dos Deck Builders: repetição a partida inteira. O jogo inteiro é um ciclo para tentar melhorar seu deck para enfrentar os dois oponentes finais. Juntamente com o repeteco, também está a aleatoriedade gigante. É o primeiro Deck Builder que jogo que usa output randomness! E isso faz algum sentido, para tentar dar emoção ao jogo, mas por conta desse fator sorte elevado eu achei muito fraco as tomadas de decisões. Se você não entendeu o termo, basicamente em todo Deck Building você compra as cartas e escolhe o que fazer com elas. Aqui não… Você escolhe o que fazer com as cartas e depois é que revelas elas. Sim, isso mesmo, é como um rolar de dados com a diferença que você “construiu” seu dado. O jogo é desafiador e tudo, mas não me prendeu o suficiente para tentar jogar até vencer. |
054. Assembly (2016) Jogado em 12/07/2020 com 1 jogador. Como essas são primeiras impressões, acho que não faz mal eu dizer que só joguei uma vez e só no Setup básico. Assembly é um jogo para 1 ou 2 jogadores com uma pegada bem puzzle e possui trocentas variações de Setup para dar maior longevidade ao jogo. Como gosto de puzzles, cá estou eu. Provavelmente o jogo se beneficie tremendamente das variações, pois o Setup básico não me prendeu. Achei bem entediante, fácil e previsível. O nível de tomada de decisões também é bem fraco. Infelizmente, como o Setup básico não me agradou e a dinâmica do jogo em si não me pareceu interessante o jogo morreu na praia. Resumindo, não vou testar as variantes. Se você tiver paciência para isso, depois me conta se a coisa melhora… |
055. Metro X (2018) Jogado em 12/07/2020 com 1 jogador. Mais um puzzle Flip & Write. Felizmente, desse eu gostei do nível de decisões e de toda a dinâmica do jogo como puzzle. Talvez o nível de Analysis Paralysis seja muito grande, mas como joguei sozinho não pesou em nada. Entretanto, apesar de toda o AP e decisões o jogo ainda é refém daqueles saques finais de cartas. Uma ou outra carta saindo diferente você terá uma grande variação na pontuação final e isso pode ser bem frustrante se você estiver jogando de fato com outras pessoas. Ou até mesmo sozinho. No final das contas, Metro X é um jogo bem inteligente e interessante, mas o sentimento que tive depois da primeira é que seria a última. Não senti a menor vontade de revisitá-lo, pois a impressão é que já explorei tudo que existia. |
056. Color It! (2020) Jogado em 08/08/2020 com 1 jogador. Depois de quase um mês sem jogar nenhum jogo (novo ou velho), procurei no Youtube “play along board game” para caminhar com o Desafio. Achei esse joguinho infantil e dei uma chance. Basicamente é um Roll & Write para crianças. Extremamente simples. A partida de 10 minutos foi indolor. Apesar do jogo ser praticamente pura sorte e nenhuma estratégia. Sei que é um jogo para qualquer um com 4 ou mais anos, mas… Não estou aqui avaliando como minha criança interior, mas como o velho ranzinza que me habita. E na realidade, esse velho ainda diz que o jogo é perfeitamente funcional, bem feito e cumpre seu proposito. Só não é para mim ou qualquer outro adulto jogar sozinho. |
057. Qwixx (2012) Jogado em 08/08/2020 com 1 jogador. Ainda na mesma busca, encontrei o Qwixx. Mais um Roll & Write, só que esse é das antigas. Talvez um dos primeiros a ter um impacto. Talvez por isso ele tem defeitos que hoje em dia os Game Designers não cometem mais. A maior vantagem do Roll & Write é que apesar da aleatoriedade, ela é igual para todos os jogadores. Então, fica aquele sentimento de justiça. Aqui não. Em Qwixx os jogadores tem rolagens distintas, pois no seu turno ele tem dados gerais e dados apenas usados pelo jogador ativo. Isso é muito, muito ruim. O jogo já tem um fator sorte gigante e ainda fazem isso? Nossa, erraram feio. Fora que com essa regra, força o jogo a precisar de pelo menos 2 jogadores. O que perde a outra vantagem dos Roll & Write que é comportar 1 à infinito jogadores. O pior de tudo, é que o jogo adiciona todas essas limitações e desvantagens sem ganhar nada em troca. Isto é, o jogo continua com uma baixa interação. Tudo bem que existe alguma, mas achei ela até um detrimento ao jogo. É uma espécie de corrida pelas trilhas, pois quem cumprir primeiro remove o dado daquela cor para todos os jogadores. Sendo que a remoção desses dado mais proporciona frustração (vários turnos em sequência dando errado) do que interação. Erraram rude. |
058. Roar and Write! (2020) Jogado em 15/08/2020 com 1 jogador. Sim, sim… Mais um Roll & Write e ainda mais com nome “criativo”. Não posso reclamar muito da criatividade alheia, eu também sou desses. O sentimento aqui é que você está preenchendo uma planilha de Excel, talvez porque eu tenha jogado o jogo em uma planilha de Excel. Em todo caso, eu até gostei do jogo. Dá algumas decisões razoáveis e tem várias maneiras de ganhar pontos em um jogo que é relativamente simples. Meu maior problema com o jogo é o fator sorte e o balanceamento disso. Por exemplo, quase nunca é bom parar cedo. Pois o benefício de parar cedo existe, mas é tão pequeno que não vale a pena. Fora que vem com o detrimento de você não colocar um dado em uma opção bem importante para o jogo. Resumindo: apesar do jogo tentar ter um aspecto de Push Your Luck, ele simplesmente não funciona. Não é um detrimento em si, mas com certeza é uma falha de design. Para que você coloca uma mecânica que não recebe nenhum reforço no jogo? Ela só está ali ocupando espaço. A temática é colada a cuspe, mas isso não me incomoda. Na realidade, talvez fosse até melhor um jogo sem tema, como são tantos Roll & Write do que esse tema de animais que não faz o menor sentido. Acho que se você curte o gênero, vale a pena a tentativa. Só não espere nada de novo aqui. |
059. Calico (2020) Jogado em 25/08/2020 com 1 jogador. De tempos em tempos eu dou uma olhada nos lançamentos e resenhas novas para ver se algo me agrada. Encontrei Calico, um puzzle game. Como gosto do estilo, fui dar uma olhada e por coincidência gigante encontrei um link para jogar solo online! Claro que aproveitei a oportunidade e fui conhecer o jogo. Gostei, hein? Só tem uns poréns. Não acho que eu jogaria esse jogo com mais do que 2 jogadores. E olhe lá se jogaria com 2 jogadores. A partida solo me tomou 30 minutos em um jogo relativamente simples. Motivo? Analysis Paralysis gigante. E olhe que eu nem sou muito desses, mas esse jogo propícia um terreno perfeito para tal. É, literalmente, um quebra-cabeça que você está tentando otimizar seus pontos o máximo possível e isso pode render uns bom tempo encarando os tiles disponíveis e seu tabuleiro pessoal. Eu achei que as cores seriam um problema para o jogo, mas a simbologia ajudou bastante. Inclusive, acho que se não fosse pelos símbolos eu não conseguiria jogar apenas com as cores. Gostei do puzzle solo e recomendo dar uma olhada se gosta do estilo. Atenção: o tema é completamente irrelevante para o jogo, só existe para ter uma arte de gatinhos. |
060. Castellion (2015) Jogado em 25/08/2020 com 1 jogador. Aproveitei o embalo do Calico e fui jogar outro tile placement que eu tinha guardado no Tabletop Simulator para conhecer. Castellion é um jogo para 1-2 jogadores no mesmo universo de Onirim. O universo é meio irrelevante, pois o jogo é um abstratão sobre construir um castelo seguindo vários padrões. O jogo é bem parecido nesse sentido com o Calico, mas é muito mais aleatório e demanda muito menos raciocínio. Apesar do jogo ter uma pegada que parece ser bem aleatória (compra um tile e usa esse tile), ele proporciona uma experiência muito mais satisfatória que Onirim nesse sentido, que tem uma mão de cartas e você precisa gerenciá-la, mas a aleatoriedade parece ter um maior peso. Isso acontece, pois os tiles de Castellion tem habilidades especiais que lhe permitem controlar a sorte e manipular a construção do seu castelo. Gostei um pouco do jogo, mas achei que a dificuldade está muito ligada a ordem dos tiles traidores. Dependendo da ordem que eles saírem, isso pode ditar um jogo fácil ou difícil. O que, na minha opinião, é bem broxante. Me satisfiz com apenas uma partida e não tenho interesse em jogar novamente. |
Chegando nesse ponto, posso dizer com toda a certeza: não vou conseguir cumprir o Desafio esse ano. Seria possível cumprir ele só jogando jogos solo? Provavelmente, mas ia requerer uma busca incensante por esses jogos. Um estilo que eu sequer gosto. Passei esses últimos meses procurando. Uns joguei com empolgação, outros por obrigação. Ainda vejo bastante graça e prazer em jogar esses jogos diferentes. Na verdade, é só por isso que continuo com o Desafio. Entretanto, não me imagino com disposição para caçar 40 jogos em 4 meses. Vamos ver quando a saira a sétima parte.