Desafio 100N (2020) Parte 3

Essa postagem demorou, pois como já havia citado estou postando as impressões primeiro no Instagram e depois aqui quando acumulo um bloco de 10 jogos. Então, como o Instagram estava meio atrasado com as postagens e fui postando um jogo a cada dois dias, demoraram vários dias para cumprirmos os 30. Em todo caso, tardamos mas não falhamos. Se você não acompanha o Instagram, eis aqui as primeiras impressões do 21º jogo que conheci esse ano até o 30º jogo.

021. Dragon Castle (2017)
Jogado em 27/01/2020 com 2 jogadores.
Fechando esse longo mês com um abstrato. Que beleza. Dragon Castle é mais um desses jogos na linha de abstratos bonitões como Azul e Sagrada. Eu gosto de jogos abstratos, mas por alguma razão nenhum desses mais populares são sensacionais para mim. São bons jogos e tudo, mas não me tocam o coração. E agora eu entendi a razão: são basicamente abstratos voltados para a família. Isto é, se eu fosse criar uma nova categoria seriam Abstract Family Games. Eu não curto Family Games, pois eles estão naquele meio do caminho entre jogos leves e médios. Então, eles proporcionam alguma decisão para você queimar a mufa, mas geralmente não são decisões complicadas o suficiente para me manter engajado. Então, eles não são nem tão divertidos nem desafiadores o suficiente. Eles, literalmente, não conseguem chegar no meu Flow como jogador. Em todo caso, gostei do Dragon Castle… Tanto quanto Sagrada ou Azul. A interação aqui parece ser mais interessante e mais de marcação também, mas isso deixa o jogo mais caótico com muitos jogadores. Então, acho que a recomendação seria jogar Dragon Castle com dois jogadores. Esse jogo também teve algo que não me agradou: as pontuações são muito próximas. Coisa de um ponto de diferença. Quando isso acontece, a vitória para mim é meio sem sentido. Afinal, se ganhou por só um ponto em uma partida com 30+ pontos, significa que a vitória veio pelo mero acaso, não? Como saber quem jogou de fato melhor? Não fica claro. Joguei duas partidas apenas, mas quem começou venceu. Será que ser primeiro jogador dá aquela vantagem necessária para vencer? Acho que não, deve ter sido coincidência. Os objetivos poderiam ser o twist que o jogo precisava na pontuação, mas o benefício por persegui-los é baixo. Alguns são até na direção contrária da pontuação normal do jogo. O que para mim é estranhíssimo. Talvez usando vários objetivos o jogo mude de figura, mas começa a ficar muito esquisito o tanto de regra embutida em algo que deveria ser elegante e simples. Um outro problema notável é o Setup. Demora um certo tempo colocar as 100 peças no tabuleiro seguindo as instruções estabelecidas. No final das contas, Dragon Castle é um bom jogo, só não é um jogo que eu teria na coleção ou que eu empolgue em ficar jogando várias vezes.
022. [redacted] (2014)
Jogado em 01/02/2020 com 6 jogadores.
Sabe quando você lê as regras de um jogo e tem certeza que não rolou Blind Playtest? Ta aqui um excelente exemplo. Que livro de regras terrível. Joguei a primeira vez ano passado, mas foram vários elementos incorretos que fizeram a partida se prolongar demais e alguns detalhes um tanto irritantes na partida. Aguardei uma nova partida para jogar com as regras corretas e ver se mudava a opinião. Não adiantou. O problema está no jogo mesmo. Melhorou alguma coisa com as regras corretas, mas não foi o suficiente. A impressão que tenho é que esse jogo pode brilhar com a mesa correta e, provavelmente, com 4 jogadores. Números impares não funciona (o papel inserido com essa quantidade é tosco), 2 jogadores é pouco e 6 jogadores é demais. Resumindo: [redacted] é um jogo que você precisa da mesa perfeita para talvez ter uma boa experiência. Decepção.
023. Roll Player (2016)
Jogado em 09/02/2020 com 4 jogadores.
Agora eu entendi o que me falaram sobre Teotihuacã ter coisa demais. Quem joga um jogo puzzle pela primeira vez e se depara com tantas coisas para fazer além do puzzle em si fica meio perdido. Isso incrementa o AP e dificulta usufruir muito do jogo. Entretanto, esse tipo de pensamento é muito focado em First Plays, em vez de Multiple Plays. Não estou certo ainda dos meus sentimentos com relação a esse jogo. Eu não achei ruim, mas também não sei se gostei. O que posso dizer é que o mercado ficou deslocado do resto do jogo, parecendo algo desnecessário. Entretanto se tirar, fica simples demais. Algumas das habilidades dos atributos pareceram muito mais forte que outras, Carisma mesmo é bem inútil. Eu até gosto do tema, mas ele é muito fraco, é só uma desculpa para o puzzle. Por fim, e esse é o maior problema pra mim, é que o jogo é um multiplayer solitaire. A interação se restringe ao Draft de dados e dos itens, e como todo Draft é uma interação que não tem muita graça. Passou uns dias e dei outra chance ao jogo e confirmei que foi mais erro do que acerto adquirir esse jogo. Não chega a ser um jogo ruim, mas simplesmente não empolga.
024. Undaunted: Normandy (2019)
Jogado em 15/02/2020 com 2 jogadores.
Eu não sou fã de War Games por vários motivos. Primeiro é a temática, não entendo a graça em guerras modernas reais. Aí entra o segundo ponto, War Games tendem a ser simulações e toda simulação em formato de jogo é ruim. Ao menos para mim. Terceiro, costumam ser apenas 1×1 e demorados. Nada contra 1×1, mas jogar o mesmo jogo com uma pessoa por duas horas ou mais é meio sem sentido para mim. Era melhor jogar uns quatro jogos diferentes. Entretanto, Undaunted é diferente em todos esses pontos. Bom, primeiro que não é um War Game mesmo. Logo, não existe simulação forte. A temática está lá, mas podia ser qualquer conflito com ataques à distância, pois a falta de simulação deixa o jogo levemente abstrato. E, por fim, a duração. A partida que joguei demorou apenas 30 minutos. Achei que o jogo tem umas mecânicas bem inteligentes. Deck building que me agradou, já que é feito de um jeito diferente e integrado com um tabuleiro onde você pode realizar ações. Me surpreendi positivamente com esse jogo. Minha maior crítica está apenas na insistência desses jogos de cartas criarem nomes para ações “clássicas” de jogos de cartas. Caro colega Game Designer: colocar nome temático em descartar carta ou sacar carta não acrescenta tema no seu jogo, só dificulta o bom andamento da partida. Apesar de ter curtido a partida eu não compraria, pois não teria com quem jogar e também achei o sistema de combate muito pesado na sorte. Entretanto, recomendo conhecer sim, mesmo se você não gostar da temática.
025. Betrayal at House on the Hill (2004)
Jogado em 15/02/2020 com 4 jogadores.
Esse jogo já passou pelas minhas mãos muitos anos atrás. Não que fosse meu, mas passou uma semana lá em casa e nem joguei. Sempre tive a curiosidade de conhecê-lo, mas sem muita expectativa de ser um jogo bom. Era mais para entender como fizeram o esquema de existirem dois livros, um para o traidor e outro para os demais jogadores. A ideia é muito boa no conceito, mas eu suspeitei que não funcionaria por várias razões. Infelizmente, eu estava certo. Betrayal possui um tema muito bem implementado e com uma variedade tremenda de jogabilidade por conta das cinquenta possibilidades de histórias. O problema é que esse tanto de tema acarreta em uma série de problemas. O jogo é muito aleatório e desbalanceado. Afinal, é extremamente difícil balancear esse tanto de cenários, ainda mais levando em consideração que o traidor é revelado em um momento aleatório da partida. Se os Game Designers tivessem conseguido balancear, aí sim seria um feito e tanto. Um outro problema grave é a leitura no meio do jogo. Quando o traidor é revelado cada equipe precisa ler de um livro diferente explicando como o jogo irá funcionar a partir daquele momento. As equipes precisam ler separado uma da outra, discutir estratégias, etc. Isso por si só já é trabalhoso, requer um segundo comodo ou ficar falando bem baixinho. Além disso, é bastante texto e às vezes difícil de compreender. Não que as regras do jogo sejam complicadas, mas como faz referência às regras e termos, você pode precisar consultar o manual. Então, é bem provável sua partida parar por uns 15 minutos. Existem informações faltando para acrescentar mistério ao jogo, que é legal, mas isso cria buracos que você fica sem entender como vai funcionar a mecânica do jogo lendo apenas seu pedaço. Resumindo, o jogo é uma lambança focada em proporcionar uma experiência temática bacana. Para mim, não valeu o esforço e nem o resultado final. Só para fechar as reclamações: componentes terríveis.
026. Cuba Libre (2013)
Jogado em 16/02/2020 com 4 jogadores.
Cuba Libre é um desses jogos que se esconde atrás da complexidade para ocultar um design cheio de falhas. O fluxo do jogo por si só não é complexo, mas a maneira que foi implementado e concebido torna Cuba Libre uma excelente combinação para gerar primeiras experiências terríveis. Tem coisa demais para se lembrar, são 4 facções que tem ações distintas umas das outras. Então, você tem 20+ ações no jogo distribuídas entre as facções. Assim, devido ao conflito direto que existe no jogo, você não saber o que elas fazem é basicamente jogar na doida (“eita me lasquei, você podia fazer isso?”). As ações não são intuitivas ou de fácil memorização. Jogadores com 5+ partidas nas costas ainda consultavam seus player aids constantemente. Um jogo hipoteticamente de estratégica, longo e pesado, mas que coloca cartas que podem desfazer umas cinco rodadas com uma única ação. Além disso, a carta de checagem da vitória aparece em momento aleatórios. Você pode ganhar o jogo por mera coincidência da carta ter saído naquele momento exato que iria lhe proporcionar a vitória. Achou que tinha terminado os problemas? Não amiguinho. Cube Libre é um jogo que tem negociação. Além de não curtir negociação de modo geral, aqui o caso é mais grave, pois ela existe como solução para balanceamento ao melhor estilo Lazy Design. Na partida que joguei eu iria vencer a partida. Era merecido? Não. Não joguei melhor do que ninguém, provavelmente joguei pior que todo mundo, mas o jogo ao invés de ser balanceado para evitar eu alcançar a vitória tão facilmente, ele permite que os jogadores cedam recursos como pseudo-solução para a vitória precoce. É tão perceptível a função muleta de design da negociação que só aconteceu em um momento durante as três horas e meia de partida para que o único jogador com ação disponível conseguisse os recursos necessários (mal planejamento) cedido por outros jogadores para impedir a vitória. Na realidade, não foi uma negociação… Foi basicamente o jogo obrigando os jogadores: ou faz ou perde. Quando a partida terminou eu finalmente tinha compreensão de quase todas as ações das facções da mesa, mas o sentimento não foi de “nossa, que legal como elas funcionam tão diferente” foi só “quantas camadas de regras para uma assimetria tão manjada”. Não recomendo a ninguém passar pelo perrengue de aprender esse jogo para depois de uma partida perceber que é tudo penduricalho.
027. Harry Potter Trading Card Game (2004)
Jogado em 21/02/2020 com 2 jogadores.
Jogo de cartas muito, mas muito simples e também simplório. Talvez o foco dele seja crianças? As decisões são realmente bem poucas e todo o jogo é envolto de um fator sorte muito grande. Basicamente, você vai baixando lições, que seriam o equivalente a mana. Com as lições em mesa, você pode usar elas meio que ilimitadamente para usar magias, invocar criaturas e baixar itens. As criaturas ficam na mesa enquanto estiverem vivas e dão dano automaticamente todo começo de turno no adversário. Todo dano que não for na criatura vai no bruxo e sua vida é seu deck. Isto é, se ele acabar você perde. Deste modo, cada dano no seu bruxo faz com que cartas do seu deck sejam descartadas. O que a priori parece uma ideia interessante, mas depois você percebe que só adiciona mais sorte ao jogo. A simplicidade de decisões é tão grande que seria possível pegar os dois decks, embaralhá-los, colocar em um software e ele diria quem venceu ou perdeu com uma precisão altíssima se comparado a um jogo real com adultos. Joguei para conhecer, não jogaria novamente.
028. Pokémon Trading Card Game (1996)
Jogado em 21/02/2020 com 2 jogadores.
Aqui temos um típico TCG com uma temática que não me atrai nem um pouco. O jogo, por si só, é razoável e tem lá seus combos, estratégias e boas ideias. Entretanto, junta a temática com Deck Construction e rapidamente eu prefiro não jogar. Bom, mas estamos fazendo esse Desafio para se molhar e cá estou eu. Minha maior crítica é simplesmente com a grande variedade de dano/vida dos Pokemons. É muito estranho você ter que dar duas porradas de 100 em um Pokemon com 110 de vida. E não é como se fosse possível otimizar. Afinal, os decks das pessoas mudam e as variações de vida também. Não sei se foi o deck que joguei, mas acho que o jogo poderia se beneficiar muito mais de uma dinâmica de entrada e saída de Pokemons da linha de frente mais constante. Assim, o jogo ficaria menos estático com as várias substituições. No final das contas não achei terrível, só não é meu estilo.
029. Battle Scenes (2013)
Jogado em 21/02/2020 com 2 jogadores.
Esse aqui eu insisti. Joguei uma primeira partida um tanto avassaladora, usando decks construídos por um amigo. A partida demorou quase 2 horas. Tudo bem que eu demorei lendo, mas ainda assim… O tanto de jogo que rolou me pareceu tão pouco para o tempo que jogamos. Tendo em vista que o jogo possui decks iniciais, eu pedi para jogar uma outra partida com esses. Apesar do jogo continuar relativamente longo (1h20), a partida realmente fluiu melhor e as habilidades tinham menos texto. Fator que pesa muito, tendo em vista que usaram fonte tamanho 4 nesse jogo. Não basta ter muito texto, tem que ser minúsculo. Em todo caso, depois de jogar duas vezes fiquei com a impressão que existe uma vantagem gigante para o primeiro jogador. Pareceu que o “enjoo de invocação” (sei lá o nome aqui) é uma desvantagem muito grande em Battle Scenes, pois em um turno você consegue eliminar os personagens do oponente. Sendo esse o objetivo do jogo, ao baixar sua criatura após o oponente você está meio que dando pontos para ele. Entretanto, se você não baixar seu jogo fica travado e você fica naquele dilema de realizar uma jogada lixo ou uma jogada porca. Aparentemente, o jeito deles “corrigirem” esse problema foi colocando tudo que você perde de volta como recurso. Assim, se você perder um personagem com custo 9, você vai ganhar nesse processo de volta 9 recursos. Então, a ideia é que com esses recursos o jogador se recupere. É possível? Sim, mas nas duas vezes que joguei o sentimento não foi esse. Uma delas eu venci sem perder um personagem sequer, pois sempre que nascia alguém no oponente eu eliminava e os que restavam não eram o suficiente para matar nenhum personagem meu. Além disso, achei o jogo muito bagunçado. Você fica com milhões de cartas simultaneamente na mesa uma embaixo da outra. É muita informação ilegível. E foi isso. Dei duas chances ao jogo, não tenho nenhum interesse em revisitá-lo.
030. Who Did It? (2018)
Jogado em 22/02/2020 com 4 jogadores.
Jogo bem simples de reação e memória. Devo admitir que achei a combinação bem estranha, mas parece que foi acertado… Afinal, foram vários momentos que minha cabeça dava umas travadas por conta dessa mistura entre reagir rápido e precisar relembrar o que já havia sido jogado. Eu comecei a partida sem gostar do jogo, mas depois comecei a me ambientar melhor e continuei sem gostar. Tá bom, melhorou um pouco, pois consegui perceber algumas ideias boas. Por exemplo, não necessariamente é bom você ser rápido sempre, pois você depois precisa dizer um bicho que ainda existe na mão de alguém. Como a rodada encerra quando alguém comete um erro, você pode sair correndo e chutar errado e perder. Então, também é uma decisão optar por ser veloz ou não. O que deixa o jogo levemente melhor. Não restou muito mais para experimentar sobre o jogo após a partida ter terminado. Entretanto, não faria tanta oposição em jogá-lo novamente. É rápido e dá pra dar umas risadas.

E finalmente chegamos aos 30 jogos. Na realidade, estou nesses 30 jogos desde o final de Fevereiro, mas como disse que só postaria quando terminasse no Instagram a postagem demorou para aparecer por aqui. Por sinal, gosta do Desafio 100N e quer ver as primeiras impressões o quanto antes? Segue a gente lá no @pinheirobg!

2 Comments

  1. Cesar Cusin
    24 de abril de 2020

    Véio ranzinza… Kakakakakaka…

    Responder
    1. Roberto
      24 de abril de 2020

      hueheuehuehe =D

      Responder

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