Desafio 100N (2019) Julho

Agora sim, retomamos a normalidade e vagarosidade. Esse mês fraquinho tanto em termos de jogatinas como em termos de jogos novos. Aparentemente as coisas acontecem ao contrário, nas férias jogo menos.

090. Detective Club (2018)
Esse mês conheci jogos pelas vias de pirataria. Crianças, não façam isso em casa. Detective Club é um jogo que mistura Dixit com Spyfall. Se não conhece esses que citei, recomendo os dois jogos. E se não conhece Detective Club, recomendo ele também. A ideia do jogo é a seguinte: um jogador é o narrador e ele irá escolher uma palavra-chave. Todos os jogadores da mesa irão saber qual é essa palavra-chave, com exceção de um que é o espião. Cada jogador deverá jogar uma carta na mesa com referência à palavra-chave, depois jogar uma segunda carta e, por fim, explicar porque usou aquelas cartas. Depois todos votam em quem acham que é o espião. Simples, direto e com várias possibilidades para treinar sua capacidade de mentir na cara dura. Minha única crítica ao jogo é o sistema de pontuação. Se o espião não for descoberto (levar um ou nenhum voto) ele ganha cinco pontos, enquanto que as pessoas que acertam o espião ganham três pontos. Parece até justo, pois você imaginaria que é difícil ser o espião, mas aparentemente não é. Não sei se o fato de ter usado as cartas do Dixit facilitou a vida do espião, se a mesa que joguei era ruim em identificar o espião ou se o jogo tem realmente um sistema de pontuação falho. O que aconteceu foi o seguinte: quem venceu foi o jogador que foi selecionado mais vezes como espião (é aleatório), pois em seis rodadas só dois votos foram no espião corretamente. Considerando que toda rodada temos 4 votos (não vou contar o próprio espião e o narrador não vota), foram 24 votos e apenas 2 acertos. Menos de 10% de acerto. Uma taxa bem fraca e que denota desbalanceamento em ser o espião. Bom, só joguei uma vez, posso estar enganado. Em todo caso, o jogo diverte e tentarei outras partidas para ver se o desbalanceamento existe ou foi apenas um problema na dinâmica da mesa.
091. Werewords (2017)
É basicamente um jogo criado a partir da atividade de adivinhar algo com apenas “sim” ou “não”. Me lembra um pouco a dinâmica do Akinator. Resumindo: um jogador será o que ficará dando as respostas e os demais precisam adivinhar. Ainda existe um lobisomem que tenta desvirtuar os jogadores do caminho da resposta. É um jogo muito rápido, exatamente 4 minutos tirando o tempo necessário para votações e para preparação (vários abre e fecha de olhos, feito Resistance). Apesar de comportar até 10 pessoas, eu acho que não funciona tão bem com tanta gente. Já que termina que apenas uns poucos ficam fazendo as perguntas. Em todo caso, eu gostei pela velocidade do jogo e pela interação constante, mas não sei se ele resiste muito tempo.
092. Root (2018)
Depois de dois piratões, chegamos ao hype do momento. Root é um jogo de controle de área completamente assimétrico. Não são apenas habilidades ou modo de vencer a partida que muda, muda também seu modo de jogá-las. A ideia por si só é boa, a ambientação é bacaninha e o jogo como um todo é bem bonitinho. O hype faz sentido, pois é o tipo de jogo que pode atrair jogadores com perfis diferentes. Seja aquele que gosta de conhecer cada facção ou aquele que quer se especializar. Joguei apenas uma vez, mas Root deixa aquele sentimento ao final da partida que a pessoa para imediatamente para pensar: se eu tivesse feito X ou Y eu teria vencido. Ou, pior caso, se eu tivesse sacado tal carta eu teria vencido. Aparentemente todos possuem uma chance de vitória justa, o que é bom. O jogo parece balanceado e mesmo que não fosse, os jogadores são meio que forçados a realizarem um auto balanceamento ou simplesmente perdem. Então, tudo isso significa que eu gostei do jogo? Sim e não. O jogo tem lá seus problemas, essa parte de auto-balanceamento para mim é a pior. Existem facções fáceis de marcar, outras difíceis. Facções que você é beneficiado por marcar, outras que não. Então, devido a total assimetria essa dinâmica de auto-balanceamento soa estranha. Tem facções que na eminencia da vitória, nunca vencerão. Enquanto que outras não importa o que os oponentes façam: eles vencem. Outro detalhe que me incomodou bastante foi a sorte. Não ligo para a sorte, desde que igualitária. Entretanto, por conta da assimetria de Root. Existem facções que podem vencer sem rolar um dado, enquanto que outras precisam do sucesso dos dados para progredir em pé de igualdade. Bom, no final das contas, não é possível ter grandes certezas jogando Root apenas uma vez. As qualidades e defeitos que eu percebi nessa partida, podem sumir em uma próxima partida, pois vão variar de acordo com a dinâmica da partida e da sua perspectiva atual (facção que está jogando). A única certeza que posso dar é que ele desperta uma certa curiosidade para futuras partidas. Não achei um jogão, certamente não é meu estilo de jogo, mas eu jogaria novamente com outra facção para conhecer mais.

Foi devagar? Foi, mas estamos quase lá! Faltam apenas 8 títulos. Quais serão os próximos? Será algum mais algum hypado? Será um clássico? Será um desconhecido? Será um bem ruim? Ou um bem bom? Descobriremos no próximo mês.

2 Comments

  1. Cássio Nandi Citadin
    3 de agosto de 2019

    Fala Roberto!

    Que legal que vc conheceu Root. A turma aqui se empolgou bastante e foram umas 12 partidas em uns 15 dias (participei de 6). Tem muita coisa acontecendo no board, mas como vc comentou, existe esse equilíbrio que os próprios players deve, fazer. O melhor exemplo pra mim é o Malandro, uma facção genial de um homem só que joga como um errante de um RPG, fazendo suas quests e negociações. Se ninguém der uns tabefes nele, ele vai vencer (aqui aconteceu varias vezes). Uma ideia bacana do jogo, que assim como scythe , não há retranca, o jogo vai sendo empurrado pro final pois os poderes de pontuação vão gerando bolas de neve, assim o final não demora tanto pra chegar.

    Responder
    1. Roberto
      3 de agosto de 2019

      Opa Cássio,

      O jogo virou febre mesmo, aqui tem um grupo que tem jogado com uma certa constância também.
      Eu joguei com os gatinhos, até gostei, pois eles se envolvem com todo mundo durante a partida. Mas não gostei do malandro, pelo menos do jeito que foi jogado, a interação foi muito pouca com ele. É como se ele jogasse um jogo solitário à parte. Talvez tenha sido culpa do player que não deixou ninguém hostil e ficou só cumprindo quest sozinho pelo tabuleiro. Se eu fosse outra partida, acho que iria com as aves. O puzzle deles parece interessante.

      Responder

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Scroll to top