Fala pessoal, agora que vocês já conhecem minha coleção, eu achei que seria uma boa oportunidade para falar um pouco do passado. Não sei se vocês já perceberam, mas a rotatividade é grande por aqui. Atualmente tenho 50 jogos, mas quase 200 jogos já passaram pela minha coleção. Hoje vou falar dos jogos que eu gostava, mas mesmo assim vendi por uma ou outra razão.
Beowulf: The Movie Board Game (2007) O tema do jogo foi apenas para vender. Beowulf é um jogo do Reiner Knizia que reimplementa seu jogo Kingdoms, mas insere alguns elementos diferentes. O jogo é bem fácil de jogar, mas tem uma dinâmica que eu acho interessante de colocar um tile ou uma peça sua para pontuar. O detalhe é que a pontuação pode até ser negativa. Entretanto, depois de algumas partidas o jogo fica manjado. O jogo deixou de ser desafiador. |
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Bruges (2013) Você já deve ter percebido que eu gosto do Stefan Feld. Então, eis aqui mais um jogo dele. Joguei Bruges até bastante (14 vezes), mas eu sempre tive um problema com o jogo… Todos os jogadores terminavam a pontuação muito próxima. Podia ser iniciante, experiente, ter criado um combo fantástico ou ter criado nada de útil. Ta aí o maior problema de Bruges: é tão balanceado em sua salada de pontos (todas as ações dão pontos) que no final não importa seu desempenho, a vitória é praticamente aleatória. Gosto muito do jogo, mas ele me ensinou que balanceamento perfeito é algo que não deve ser alcançado. Além disso, o jogo tem uns problemas com as cores do verso das cartas, como sou daltônico eu confundia. |
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Can’t Stop (1980) Um clássico dos Push your Luck e, por incrível que pareça, um dos melhores do gênero apesar de ter quase 40 anos. O problema é o downtime, na vez dos oponentes você apenas torce para ele rolar mal. Isso não é o suficiente para manter os jogadores engajados na partida. Como um amigo estava interessado em comprar, vendi. É sempre uma boa estratégia, pois assim eu posso jogar em outra ocasião sem precisar ter o jogo. |
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Carson City (2009) Muito boa a ideia de Carson City. É um worker placement relativamente rápido e ainda tem a construção de uma cidade. O problema é que o jogo tem uma estratégia vencedora. Se não quiser saber, pare de ler agora e pule para o próximo item. Spoiler! Bom, a estratégia vencedora é ter muitos parcels seus. Coloquem em montanhas, casas, em qualquer lugar possível, pois é muito ponto que você ganha. Eu joguei Carson City 7 vezes e se perdi alguma vez foi antes de conhecer a estratégia. |
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Chaos in the Old World (2009) Até hoje, é o melhor jogo do Eric Lang. É nesse mesmo esquema dos jogos recentes dele: miniaturas em um mapa e porradaria comendo. Sendo que Chaos in the Old World é completamente assimétrico, inclusive por essa razão só funciona bem com 4 jogadores. Vendi, pois o jogo é tão amarradinho que todos os jogadores precisam estar no mesmo nível para que a partida flua bem. Caso contrário, muito provável o jogador mais experiente surrar os outros. |
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Click Clack Lumberjack (2008) Joguinho bem simples de destreza, mas extremamente divertido. Acessível, rápido e no mínimo curioso. Sendo que como a maioria dos jogos de destreza, Click Clack Lumberjack enjoa com certa facilidade. Eventualmente preferi trocá-lo pelo Dungeon Fighter. Não sei se foi lá muita vantagem, mas eu não aguentava mais jogar o Click Clack Lumberjack mesmo. |
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Deus (2014) Do mesmo designer de Troyes. Estava empolgado com o jogo, até mesmo porque gostei muito do conceito. Estava bastante esperançoso com esse jogo, talvez pudesse ser mais um hit como Troyes. Infelizmente, não foi o caso. O jogo tem um grave problema de balanceamento com uma carta militar, pois agiliza demais o final da partida, praticamente impossibilitando uma estratégia de reação pelos outros jogadores. Saiu uma expansão que substitui todas as cartas do jogo original, talvez ela ajuste esse problema. Se você tiver a expansão, me chame para jogar que eu topo. |
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Dice City (2015) Ideia bem bacana. Dice City é praticamente um dice-building game, seria um deck-building com dados. Bom, eu não gosto de deck-building, mas gosto de dados. Daí tentei esse. O problema é que as possibilidades nesse jogo. É como se você pegasse 5 cartas do seu deck, mas pudesse descartar ou trocar com outras cartas do seu deck. O potencial para Analysis Paralysis é gigantesco para um jogo que deveria ser simples, leve e rápido. |
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Earth Reborn (2010) Provavelmente o jogo de maior avaliação que já tive e vendi (dei nota 8 no BGG). Earth Reborn é um jogo do designer megalomaníaco Christophe Boelinger (o mesmo de Archipelago). Para ter uma noção da dimensão do jogo, você tem a opção de jogar uns 10 tutoriais para aprender todas as regras do jogo. Foi o que fiz e não me arrependo. O problema é que joguei apenas os 4 primeiros cenários. Cada cenário adicionava mais mecânicas e regras, deixando o jogo muito complexo sem deixá-lo melhor. Chegou um momento que eu vi complexidade sendo adicionada apenas pela complexidade, e foi nesse momento que preferi parar. Joguei vários cenários de tutorial mais de uma vez, pois eram de fato divertidos, mas eu não me empolguei em conhecer o jogo completo, pois se no 4º cenário já era aquela quantidade de regras, preferi não avançar mais. |
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Havana (2009) Mais um que foi vendido por conta do daltonismo. Havana é um Euro com seleção de papeis bem interessante. A mecânica base é bem diferente, pois você seleciona dois personagens e baseado nos dois você define a ordem que vai jogar na rodada. A interação é fortíssima e a ordem é extremamente relevante. É como Citadels, só que muito bom. Sendo que tem recursos marrom e vermelho, que eu sempre confundo e precisava perguntar direto. |
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Lost Cities (1999) Reiner Knizia é gênio demais. Apesar de ser um pouco mal amado hoje em dia, esse game designer já fez tantos jogos de sucesso e na época que jogos modernos ainda estavam engatinhando. Tenho muito respeito por ele, apesar de não gostar dos jogos grandes dele. Em todo caso, joguei Lost Cities um bocado, mas foi substituído por sua versão melhor: Battle Line. |
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Mr. Jack Pocket (2010) Um dos meus primeiros jogos. No começo eu não gostei muito, pois achei desbalanceado (o assassino muito difícil). Depois eu entendi que não tem muito problema ser mais difícil. É só jogar duas vezes. O jogo é rápido o suficiente para jogar duas partidas ou jogar apenas uma mesmo, pois é divertido. O negócio é que como eu tinha poucos jogos, eu terminava jogando muito. Enjoei e vendi, mas joguei um bocado (27 vezes). |
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Revolution! (2009) Único jogo que já gostei da Steve Jackson Games. Tive também a expansãoRevolution, que permite jogar até 6 pessoas. Sendo que quanto mais pessoas, pior o jogo fica. Como qualquer jogo de blind-bidding, com mais jogadores fica extremamente difícil calcular os possíveis acontecimentos. Então, termina que o jogo fica caótico demais e frustrante demais, pois os jogadores entram no caminho uns dos outros sem querer. |
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RoboRally (1994) Provavelmente o único jogo que vendi por conta do grupo. Todo mundo que apresentei RoboRally odiou, e olhe que joguei com mais de 12 pessoas diferentes. Na realidade uma pessoa gostou, mas como ele raramente frequentava o local que eu jogo, optei por desistir de RoboRally. Inclusive, foi lançada a segunda edição do jogo, que pelo visto melhorou bastante as mecânicas. Afinal, RoboRally é um jogo datado, como o Magic. Em todo caso, se você tem a nova edição, me chama que eu vou. |
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Saboteur (2004) Eu já tive Saboteur duas vezes. Na primeira vez eu tinha a versão básica, comprei a expansão e resolvi vender. Motivo? Eu jogava pouco. Depois eu comprei novamente, uma versão que vinha Saboteur 1 e 2 na mesma caixa. Mantive por algum tempo, pois é um dos poucos jogos sociais que tolero jogar e comporta muita gente. Sendo que depois de um tempo cansei, Saboteur tem uma série de problemas. Alguns são corrigidos no Saboteur 2, mas outros são criados no processo. Larguei mão e toquei dos jogos de identidade secreta. |
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The Speicherstadt (2010) Mais um jogo de Stefan Feld. Foi lançado recentemente no Brasil com uma temática Viking. Como eu não gosto de leilões tradicionais, sempre gosto quando alguém dá uma mudada e faz algo diferente. Então, achei a ideia de leilão desse jogo, com nome particularmente difícil, bem interessante. O problema é que como toda partida usa todas as cartas, elas são muito parecidas. Fica um esquema bastante repetitivo e como o leilão pode ser um pouco frustrante, o jogo se desgasta. |
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Thebes (2007) O primeiro jogo que joguei com a mecânica Time Track, peguei em uma dessas trocas na doida. Infelizmente, o jogo já veio com um cheirinho esquisito que despertava minha alergia. Eu não sei se era mofo ou se adiantaria lavar, para evitar maiores problemas preferi vender. Não sinto vontade de adquiri-lo novamente, pois ele é um Euro Light, um estilo que não sou tão fã atualmente. Em todo caso, saiu uma versão card game desse jogo, esse eu estou interessado em conhecer. Sendo que não tenho coragem de comprar. |
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Ugg-Tect (2009) Um party game de times, no qual um dos jogadores do time é o construtor chefe e deve guiar os demais à montagem uma construção com blocos de madeira. O detalhe é que o chefe precisa transmitir essas informações usando gestos e barulhos esquisitos, como um homem das cavernas. E como todo bom homem das cavernas, o chefe tem uma clava para bater nos outros jogadores. Como isso podia dar errado? Bom, o jogo é legal, mas totalmente dependente da mesa. Vendi, pois o grupo que “destinei” o jogo, não curtiu. Opa, ta aí outro jogo que vendi por conta do grupo. |
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Walnut Grove (2011) Uma das mais recentes compras que fiz, e venda também, pois saiu faz pouco tempo da coleção. Walnut Grove é um Euro com pegada bem puzzle, meu maior problema com o jogo é que ele é “seco” demais, até pra mim. Falta tema, falta interação, falta emoção. A ideia do jogo é bem interessante, mas todo esse aspecto multi-player solitaire me morga. |
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Valley of the Kings: Afterlife (2015) Minha última tentativa com deck-building. Gostei da dinâmica estilo drafting de compra das cartas e também da mecânica de enterrar as cartas para pontuar. É um dos melhores deck-buildings que já joguei, mas isso não foi o suficiente para mantê-lo na coleção. Apesar de gostar do jogo e achar interessante, não despertou a vontade de jogá-lo várias vezes… É, deck-building não é minha praia mesmo. Para mim, essa mecânica tem uma tendência de criar jogos repetitivos, não importa quantas expansões ou cartas tenham. |
Foram 20 jogos, admitidamente não gostei tanto assim de todos os listados. Mas achei que seria uma boa opção falar de aquisições prévias, pois o fluxo de jogos está lento nos últimos anos, tendo em vista o valor do dólar e taxações recorrentes.
28 de outubro de 2017
Adorei a lista e o site. Parabéns.
29 de outubro de 2017
Que bom que gostou, Luiz Carlos. =)
4 de maio de 2021
Por que, exatamente, um jogo é datado? O que faz um jogo ser datado? Acho que esse é um tema sobre o qual é possível falar bastante. Pois deve haver “datações” de todos os tipos. Sugiro que você escreva um artigo sobre esse tema. Se é que já não o fez. Ainda não conheço todo o blog.
Para mim essa história de jogo envelhecido é um pouco intrigante. Porque, em primeiro lugar, conheço muito poucos jogos. E meus estudos sobre esse tema são muito recentes. Então tudo para mim é um mistério.
E em segundo lugar porque meu jogo do coração é o xadrez. Cujas regras foram inventadas lá por 1475. (Embora sua consolidação/unificação final só tenha se dado em 1851.) Minha perspectiva temporal é outra. 😀 Do meu ponto de vista, Reversi (1883) é um jogo recente; xadrez é um jogo com uma tradição respeitável, já razoavelmente antiga; shogi é um jogo antigo (século VIII); e go é um jogo antiquíssimo (2000 anos de história, pelo menos).
Com esse tipo de mentalidade, um jogo de 40 anos apenas começou a provar que merece um lugar na história. Já merece ser olhado com atenção e respeito. (Rummikub?) E qualquer jogo de 8 ou 10 anos apenas ainda está lutando para não ser um jogo natimorto. Isso é uma realidade cada vez maior nos dias de hoje. Em que dezenas/centenas de jogos são lançados todo ano. Me lembra a corrida dos espermatozoides para fertilizar o óvulo. Para mim, um jogo só provou que em qualidade a partir do segundo print.
Bom, acabei fazendo muitas digressões. Gostaria muito de ler as suas sobre jogos datados.
4 de maio de 2021
Datado não tem a ver com a época de sua criação. Eu tenho Survive que foi criado em 1982 e não acho ele datado.
Para mim, um jogo é datado quando ele não acompanha a “evolução” (entre aspas, pois isso é bem relativo e coisa de gosto) dos jogos.
No caso de Robo Rally, por exemplo, ele tem vários problemas que já existem jogos lançados depois dele que resolveram. Inclusive, a nova versão do Robo Rally (2016) tem várias dessas correções mais modernas.
Não é algo que eu parei para refletir muito ou elaborar uma “definição” bem clara, é mais o feeling de: se esse jogo fosse criado hoje em dia, ele seria diferente E melhor.