Chegadas e saídas #47

Depois de chegar jogo demais, finalmente, vim com a hora da limpeza. Fiz um leilão e foram vários jogos embora. Talvez não no preço ideal, mas foram, né?

Musa (2016)
Esse jogo ficou na coleção tempo até demais, pois eu usava as cartas no protótipo de Dr Pine Test e Alters. Como ambos são jogos finalizados, não vi mais a necessidade de manter e, se por um acaso, eu for precisar testar novamente eu uso as cartas de Dixit mesmo. Musa é um jogo na linha Dixit, só que muito pior. Chega a ser engraçado os esforços de tentar fazer mais com uma mesma ideia e falhar repetidas vezes. Tem alguns jogos que até conseguem algo, como Detective Club, Mysterium e outros, mas esse passa longe. Demorei tanto pra vender que o bichano virou Out of Print e consegui até uma grana em cima. Esse não saiu no leilão, talvez eu devesse ter feito, mas não foi o caso.
Viscondes do Reino Ocidental (2020)
Viscondes foi um desses que chegou, joguei poucas vezes e já vi que não era pra mim. Ainda testei com algumas contagens distintas de jogador pra ver se ficava mais animadinho (1, 2 e 3) mas não serviu muito. O que me fez não gostar tanto do jogo? Ele é mecânico em excesso. Você vê todas as engrenagens do jogo na sua fuça e, para completar, tem um rondel. A vantagem é que o rondel não precisa ser repetitivo, pois você pode fazer a mesma ação repetidas vezes, então não tive o sentimento do rondel me travar ou fazer o fluxo ficar repetitivo: ação A, ação B, ação C, ação A, ação B, ação C. Entretanto, o jogo realmente é pura otimização e não é de um jeito muito interessante. A razão disso é justamente por ser muito situacional. Você quer as cartas certas no momento certo, existe uma certa sorte envolvida no processo. Apesar de ter uma mecânicas redondas (ba dum tss!), não tem nada que se destaque muito no jogo ou que empolgue. Ele é o que o pessoal chamaria de Another Souless Euro Game. Expressão que casa perfeitamente aqui, parece que foi um jogo criado apenas para a trilogia ter os três títulos. O pior é que essa troca foi cada vez piorando, sabe quando você só vai trocando um jogo por um mais barato? Viscondes foi meio que a quarta troca de uma série de trocas bostas. Triste, mas agora o ciclo foi quebrado. Tive prejuízo? Claro… Mas faz parte.
Cuzco (2018)
Esse foi o contrário, não tive prejuízo nenhum, apesar de ter vendido bem barato. Entretanto, isso não fez eu gostar mais do jogo. O fluxo foi parecido com o Viscondes: joguei com várias contagens de jogadores antes de bater o martelo, mas na primeira partida já tinha sentido um desgosto. O problema maior aqui é o Analysis Paralysis. Rola muito, culpa dos 6 pontos de ação. Não é incomum você fazer umas jogadas e querer voltar, o que deixa o jogo ainda mais atrasado. E aí você inventa de dizer: “não pode voltar jogada”, aí o povo pensa 500 vezes se vai funcionar ou não, o que gera o AP. E ainda gera briga, pois em algum momento alguém vai cagar e vai querer voltar. Pronto. Não gostei, apesar de ser um jogo abstrato. Tem também um esquema esquisito de sorte no jogo com os rituais. Parece uma mecânica completamente deslocada. Ah, e outro problema que quando eu li achei genial: Area Control ocorrendo no final da partida, mas no final do seu turno e não no final de um único turno. Me parece a solução perfeita para o último jogador ter vantagem, mas só funciona no papel. O que fez aqui foi praticamente torna a pontuação de final de jogo irrelevante ou pouquíssimo relevante. Pois, você sempre vai ter o direito de resposta e vai meio que conseguir o mesmo que o seu oponente conseguiu, salvo raros casos que o jogador provavelmente abdicou de uns bons pontos durante a partida pra se posicionar… O que não vai ajudá-lo tanto assim. Bom, foi-se e não fará falta.
Stella (2021)
Acho que criaram Stella pra quem não gosta de Dixit. Todos que eu conheço que gostam do Dixit e jogaram Stella acharam ruim ou, no mínimo, pior. Eu até entendo, talvez queira atingir outro público? Mas aí, é contra intuitivo, pois quem vai comprar é quem gosta de Dixit. Em suma, o jogo perde toda a parte criativa do Dixit (pensar na própria dica) e se transforma em um jogo de dar match com o raciocínio do amiguinho. Até aí, nada de novo ou demais, pois existem outros jogos assim. Só que o jogo resolve colocar umas mecânicas para evitar avacalhação e termina deixando o jogo mais frustrante que divertido. Esse eu vendi sem as cartas, basicamente transformando em uma expansão pra Dixit. Motivo? Em protesto só pra dizer que Stella nem merece as cartas que tem. Brincadeira, o jogo tem seu mérito, mas não é pra mim.. Além do mais, usa aquelas malditas canetinhas porcas em tabuleiros que você começa a não conseguir mais apagar direito, fica tudo manchado, uma lambança.
Imagine (2015)
Ao contrário de todos os jogos que se foram, Imagine é mais uma atividade que um jogo. Então, mantive enquanto via sentido manter. Acho uma boa atividade, mas já joguei tanto que sabia a maioria das respostas. Então, foi perdendo a graça gradualmente com o passar do tempo e das jogatinas. Tenho “apenas” 21 partidas dele, mas teve várias vezes que joguei quase que o baralho inteiro e contei como apenas uma partida. Então, por isso eu tinha uma boa noção do que existia no baralho. Entretanto, mesmo que eu não soubesse, depois de tanto tempo, a atividade perdeu boa parte de graça.
District Noir (2016)
Peguei esse no Diversão Offline, eita arrependimento… Melhor teria sido ter feito igual ao ano passado e não ter comprado nada. District Noir é um jogo para apenas dois jogadores mas muito sem graça. Ele tenta inserir uma tensão e dinâmicas diferenciadas com dois tipos de vitória, mas simplesmente não funciona e deixa o jogo muito a mercê da sorte. É possível blefar? Claro… Mas é sempre melhor otimizar as jogadas do que tentar blefar ou pegar o blefe do outro. O jogo é tão esquisito que no começo achei que fosse quebrado, mas depois vi que não era, mas ainda assim, muita sorte envolvida em algumas partidas.
Space Cadets: Dice Duel (2013)
Esse aqui deu pena me desfazer, gosto bastante dele. Pode parecer esquisito, eu gostar de um jogo tão zoneado e avacalhado quanto esse, pois é um jogo em Tempo Real em que cada time controla uma nave e deve explodir o outro time. Entretanto, esse jogo é extremamente divertido e exige um grau de cooperação muito interessante por conta da correria toda. Todos os jogadores tem um papel essencial para o sucesso da equipe e para mim é isso que faz um jogo de times (ou cooperativo) ser bom. O problema é que o jogo tem muitas regras e detalhes. A explicação é demorada e, costumeiramente, as pessoas vão jogar mal a primeira partida. Mesmo a partida não demorando muito, ela cansa e as pessoas não vão querer repetir por frustração. Já rolou de repetir e foi uma das melhores partidas que joguei, momentos memoráveis e altas emoções, mas é algo que ocorre a cada milênio. Outro problema é que o jogo funciona melhor com 6 ou 8 jogadores, o que são quantidades bem específicas. Então, terminava que eu mal conseguia botar na mesa. Então apesar da pena de me desfazer, é melhor do que ter um jogo que passa anos sem ser jogado.
Menara (2022)
Pensei que poderia ser divertido um jogo de destreza cooperativo. Até é, mas só nas primeiras 3 partidas, depois enche o saco. Foi essa a história de Menara, chegou rápido e saiu rápido. Aguentei cinco partidas e pronto. Talvez eu tenha exagerado, pois todas essas cinco partidas foram no mesmo mês. Só que depois disso eu não consegui mais enxergar razões para voltar ao jogo. Aumentar a dificuldade não deixava o jogo mais legal, só mais difícil mesmo. Fora que em jogos de destreza de empilhar não há meio termo, ou a estrutura tá lá em pé ou caída. Não dá pra ficar no meio do caminho. Então, apesar de enxergar momentos difíceis e haver alguma tensão com o crescimento de estrutura, não existem momentos de “ufa quase perdemos”, pois o “quase” não existe, a estrutura simplesmente cairia. Em todo caso, o jogo não é ruim, mas talvez fosse bom ficar em uma luderia e não em uma coleção pessoal.
Tower of Babel (2005)
Esse aqui é um jogo diferentão do Knizia. É um jogo de negociação que eu gosto, pois não é muito de conversinha, os jogadores dão proposta o outro avalia e fecha ou não negócio. Eu não gosto daquelas engabeladas que o povo claramente dá em jogos de negociação. Talvez por eu não conseguir enrolar os outros. Em Tower of Babel é bem perceptível ver o que tá acontecendo e tomar (na maioria dos casos) a melhor decisão. Ainda há margem para erro e enganar o coleguinha, mas é menos na saliva e mais na matemática. O que pra mim é mais legal. Vendi, pois é um jogo grande demais para o tanto de componentes que tem e tá ocupando muito espaço pra o que se propõe. Sim, estou me desfazendo de alguns jogos que gosto, pois a coleção tá muito abarrotada.
King Me! (2004)
História desse jogo é engraçada. Eu peguei por conta de um usuário do BGG que estava doando jogos. Sim, rico é outra história. Ele pagou o frete e tudo mais dos EUA pro Brasil. Eu, claro, como péssima pessoa, vendi. Bom, o propósito de jogo era estudar o design dele, pois tem várias similaridades com Regicida. Eu até achei o jogo legal e melhor do que eu esperava lendo as regras, mas não o suficiente para manter. Então, repassei e foi isso.
Caverna (2023)
Eu já conhecia Caverna quando comprei na pré-venda a nova versão pela Galápagos. Imaginei que iriam vender mais caro depois e queria ver se eu gostava do jogo em repetidas partidas. Não gostei. Achei o jogo muito parecido a cada partida, meio enfadonho, repetitivo e roteirizado. Passei até a entender melhor o motivo das pessoas preferirem o Agricola, apesar de eu não gostar por achar a alimentação irritante (aqui também, apesar de ser menos irritante). Comprei também a expansão, essa eu sequer abri e revendi lacrado mesmo. O que foi bem útil, pois compensou a perda que tive com o Caverna na grana. Por sinal, um exagero esse jogo caber até 7 jogadores. Não entendo até hoje essa decisão, pessoal diz que é por conta do valor que não muda tanto, mas acho que mudaria… Seriam vários papelões a menos, barateando produção e custo de envio.
Meadow (2021)
Mais um que foi embora mesmo eu gostando. Meadow é um jogo de Set Collection cheio das restrições e com um quebra-cabeça gostoso de jogar. Só que: é melhor para apenas dois jogadores. E aí, para jogar 1×1 eu prefiro bem uns 10 jogos antes dele. Tem um impacto meio chato da sorte, pois a ordem que as coisas entram influencia bastante no que você vai fazer. E tem uma jogabilidade similar a cada partida. Apesar de você montar um tableau completamente diferente toda partida, o fluxo para chegar até ele foi parecido. Então, apesar de gostar, acho que o jogo não tinha tanta vide útil assim.

Depois de tantos jogos vendidos, ainda restam 52 na coleção. Bom, declaro a partir de hoje que meu novo teto serão 60 jogos. Em breve vou ultrapassá-lo novamente e vejo aumentando para 70. É muito difícil manter apenas 50 jogos quando você conhece mais de mil jogos e acha uns 500 bons o suficiente para se ter numa coleção. Tem que ser muito desapegado. Eu sou, mas nem tanto. Ainda ficaram uns outros jogos para sair, mas os safados do leilão não honraram com o lance.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Scroll to top