Sim, chegamos na era D.R. (não é discutir relação, é depois de Roberto). Se você perdeu a primeira postagem dessa série do Desafio x3, recomendo dar uma olhadinha aqui para entender o contexto. Hoje veremos os jogos que eu considero Top (bacanudos), Bottom (uma tristeza) e Want (quero jogar) de 1986 até 2000. Então, vamos conhecer agora o restante do Século XX do meu ponto de vista boardgamístico.
Começar já salientado que a quantidade de jogos será muito maior agora, pois são jogos mais contemporâneos. Na postagem de hoje vai entrar desde clássicos até jogos realmente modernos. Porque não dividi em períodos menores? Simples: eu comecei esse Desafio igual aos antigos 5×3 e não estava sendo viável fazer um Top e Bottom com um período mais curto que esse. Então, resolvi ir juntando anos até ser possível. No final das contas, eu mudei o formato, mas achei boa essa divisão.
Jogos de 1986 à 2000: 56 jogos
Comparando os 22 jogos listados da postagem anterior, é bastante, né? Então, vamos cobrir esses 15 anos começando pela parte boa: Battle Line. Meu jogo favorito do Reiner Knizia. Essa belezura é de 2000. Então, por um triz não entra nessa postagem. Sendo que sem ele eu não teria um Top digno. Se você não conhece Battle Line não sabe o que está perdendo. Ainda mais considerando que poderia adquirí-lo aqui no Brasil mesmo pelo nome de Schotten Totten. É o mesmo jogo, só que com outra arte e talvez uma cartas especiais diferentes. Nada demais, especialmente quando é possível jogar o jogo sem essas cartas. Outro fator interessante, é que com Battle Line dá para você jogar Parade. Então, é dois jogos em um e são dois jogos bons, viu?
Claro que esse fim de Século não se resume à Battle Line. Reiner Knizia tem vários jogos publicados nesse período que são jogados até hoje. Infelizmente, nenhum deles me apetece o suficiente para ficar destacando. Na verdade, já posso adiantar que odiei High Society (1995) e Money (1999). Dois jogos de leilão do Knizia, mecânica que geralmente abomino e ele usa do jeito mais cru possível. Joguei esses jogos tem muito tempo. Então, talvez eu até desse uma nova oportunidade ao High Society, pois sua ideia parece boa.
Mas vamos falar de jogos bons… Para mim uma surpresa é Mamma Mia! (1998) do Uwe Rosenberg. É um jogo de cartas e de memória do Game Designer que é, atualmente, conhecido por jogos de Worker Placement gigantes ou jogos com poliominós (aquelas pecinhas estilo Tetris). Nessa época o Uwe era um cara simples com jogos simples (vide Bohnanza). Mamma Mia! deve ser o único jogo que eu já tive duas vezes e já me desfiz as duas vezes. E pior ainda, não nego a possibilidade disso acontecer uma terceira vez. Provavelmente é o melhor jogo de Memória que já joguei na vida e merece esse destaque. Ainda mais por ser bem desconhecido, tanto por sua idade como pela mudança radical no estilo do autor.
Nesse período, eu ainda poderia destacar Timbuktu (1993), um jogo de dedução bem inteligente. Seu único problema é ficar se repetindo demais. Compreensível para a época. Bausack (1987), um excelente jogo de Destreza que mesmo colocando um leilão no meio eu gostei de jogá-lo. E, claro, Robo Rally (1994) que deveria estar na lista de qualquer cientista da computação que se preze, pois é um dos primeiros jogos (bom) com ação programada.
Infelizmente, o Richard Garfield não criou apenas o Robo Rally nessa época. Teve também a desgraça do Magic (1993) que é um fenômeno mundial até hoje. Eu posso até agradecer ao Magic pela sua capacidade de manter lojas abertas e, quem sabe, trazer uns jogadores para os jogos de tabuleiro. Entretanto, toda essa linha competitiva e comunidade tóxica não me parece acrescentar muita coisa. Na verdade, só corrobora pro estereótipo nerd cuzão machista na maioria dos casos. Claro que não foi só Magic que ilustrou o circo de horrores dessa época. Conheci muitos jogos ruins. Spellfire (1994), como já citei em um Desafio 5×3, é um jogo colecionável ainda pior do Magic, é um jogo bem ruim mesmo.
Um outro que merece destaque é Werewolf (1986). Deveria ter surgido um ano antes ou depois, essa coisa nascer no mesmo ano que eu prejudica o ano. Werewolf é um jogo muito conhecido, alguns podem até conhecê-lo como Máfia. Basicamente, é um pseudo-jogo no qual as pessoas vão sendo eliminadas uma por uma sem nenhuma razão clara. As coisas começam a fazer sentido na metade da partida, mas aí você já está a meio caminho da derrota ou vitória pelo mero acaso de decisões prévias aleatórias. Um outro pseudo-jogo é o Ricochet Robots (1999) que é basicamente um quebra-cabeça com pontos de vitória. Chatíssimo como jogo, mas admito que pode ser uma boa opção para trabalhar um pouco de algoritmo.
Entretanto, joguei apenas 56 jogos publicados nesse intervalo de 14 anos. Ficaram muitos fora do meu conhecimento, alguns até famosos. Como o consagrado El Grande (1995), que toda vez que vou no Spa dos Jogos me planejo para jogar, mas nunca tenho coragem de formar uma mesa. Tem também o Torres (1999) que tem um Game Designer em comum (Wolfgang Kramer). Esse eu gostaria de conhecer pela vibe mais abstrata. Como amante dos jogos de Destreza, gostaria de no mínimo ver uma partida de Hamsterrolle (2000), pois aquela roda gigante me parece interessante. E, apesar de não curtir negociação e Take That, sou muito curioso com o I’m The Boss! (1994), do Sid Sackson, que já me mostrou ser um gênio que sabe criar bons jogos de estilos que eu normalmente não gosto.
É isso, pessoal. Consegui fechar o Século XX aqui e agora. Deixando os próximos anos já no outro Século. Como vai ser a divisão a partir daqui? Aguarde um pouquinho só.