Teve viagem, perdi o evento do mês e as jogatinas foram curtas. Resultado: mês fraquinho, fraquinho. Vamos aos jogos!
066. Elfenland (1998) Jogo antigão do mesmo criador de Ticket to Ride. É possível ver algumas similaridades no jogo: Draft aberto (de tiles, não de cartas) e construção de rota. Na verdade, Elfenland tem o mesmo feeling do Ticket to Ride, só que em um design muito mais antigo e datado. Esse jogo, para sua época, deve ter sido totalmente excelente. Entretanto, trazendo-o para a realidade atual, eu acho que perdeu muito do brilho. Existe um elemento Take That meio que perdido no jogo. Em 1998, esse tipo de mecânica era utilizada para nivelar melhor a partida com relação a sorte, mas para mim é uma solução muito fraca e que só serve para gerar frustração e Kingmaking. Alguns jogadores da mesa já conheciam o jogo e diziam que ele é injusto (desbalanceado) para 6 jogadores, pois como a partida tem apenas 4 rodadas, dois jogadores nunca serão primeiros jogadores. Isso é, de fato, uma desvantagem, mas não me incomodou e eu fui um dos jogadores que nunca foi primeiro durante a partida. O que me incomodou foi o o caos gigante e a impressão de que o jogo me jogava. No primeiro turno eu coletei mais locações do que qualquer outro jogador. O mérito não foi meu. Foi mero acaso da minha mão ser boa (leia-se diversificada) e os jogadores colocarem as peças que me serviam no meu caminho. No segundo turno, eu coletei menos locações do que qualquer outro jogador. Primeiro pelo elemento Take That e outra também pelo mero acaso do jogador colocar um tile que eu não tinha na mão. Claro que o jogo tem lá suas qualidades: eu fiquei engajado durante boa parte da partida, pois ele é um puzzle (por mais caótico que seja) e prende sua atenção. Existem momentos emocionantes e divertidos. Entretanto, em termos de qualidade mecânica, acho que o jogo não entregou. Consequentemente, a experiência de um modo geral foi bem razoável. |
067. Dominant Species: The Card Game (2012) Nunca joguei o Dominant Species original, mas sempre tive curiosidade. Como um amigo tem a versão Card Game, achei que seria uma boa oportunidade para ter o gostinho do jogo sem a longa duração. A questão é que esse jogo não tem lá muito a ver com o original. O jogo parece um trick taking ou um jogo de leilão com cartas. Duas dinâmicas que não gosto muito. Entretanto, apesar dos pesares, achei a ideia do jogo boa. Os problemas para mim não foram as mecânicas, foi o jogo mesmo. As cartas são claramente desbalanceadas, não precisa nem calcular para verificar isso. O que gera uma dupla rodada de sorte: não basta torcer para sacar as cartas de maior valor, também é necessário torcer para sacar as cartas que sirvam para a rodada atual. O jogo também tem uma boa dose de Take That, sendo que a pontuação é completamente visível e estimável. Então, é possível manipular os pontos e escolher suas batalhas com base nisso. Afinal, para que gastar cartas com esse jogador que é o último e não tem chances de vencer? Obviamente, por conta disso, também pode ocorrer Kingmaking (não rolou na minha partida, mas está lá para sua desapreciação). Outro fator que me incomodou foi a ordem do primeiro jogador. É um fator de extrema importância e o pino rodando entre os jogadores não é lá muito justo. Acho que foi uma oportunidade perdida de ter uma mini-mecânica de Catch Up, pois o jogo precisa, já que o jogador que perde as competições não ganha pontos nem nada e só faz ir ficando para trás. Minha ideia seria basicamente colocar o jogador mais na frente da pontuação como o primeiro da rodada. As cartas de eventos (que são jogadas pelos jogadores) parecem deslocadas, talvez se o jogo fossem apenas cartas dos animais (balanceadas) o jogo se tornaria muito mais estratégico. Resumindo: não gostei, pois achei o jogo extremamente problemático do ponto de vista mecânico. Dá para melhorar com house rules? Sim, mas eu não sou muito fã delas… Não faz sentido para mim “desenvolver” um jogo publicado. |
068. Peloponnes Card Game (2015) Talvez minha avaliação sobre esse jogo seja injusta, pois minha experiência foi terrível. Eu não me incomodo em perder. Na verdade, às vezes, perder me faz até ter mais vontade de voltar ao jogo e me sair melhor. Nessa partida eu levei uma surra, mas o problema não é levar surra dos oponentes… O problema é levar uma surra do jogo. Para ter uma noção da situação, se eu não tivesse jogado a partida eu teria feito mais pontos do que quantos eu fiz ao final da partida. Peloponnes é desses jogos bem punitivos que você precisa alimentar sua população e enfrentar catástrofes. Eu não sou fã de jogos assim. Esse elemento me afasta de jogos como Agricola e Stone Age, por exemplo. Para completar, o jogo é praticamente um multiplayer solitaire. Então, não basta ter que enfrentar o “computador”, você literalmente enfrenta só ele e compara pontuação no final com os demais jogadores. A única interação que existe é na hora do leilão para adquirir uma carta no turno, mas parece uma mecânica extremamente forçada e fora de lugar. Achei terrível, não jogaria novamente nem pelo desafio da coisa, pois não é meu estilo mesmo. O jogo tem até umas boas sacadas, apesar de ser bastante fiddly por tentar converter um jogo de tabuleiro em um card game, mas me perdeu nos aspectos negativos já citados. |
069. Castles of Burgundy: Dice Game (2018) Só joguei esse jogo sozinho, então as impressões serão focadas nesse único aspecto. Já é o segundo spin-off do famoso Castles of Burgundy, sucesso de 2011 pelo Stefan Feld. Meu jogo preferido do autor. Deixei as impressões do Card Game em Maio. Basicamente, não gostei, pois tentaram fazer o mesmo jogo só que com cartas. Essa reclamação não cabe agora. Inclusive, acho que o jogo não foi criado pelo Stefan Feld (apesar do nome dele estar na capa). Acho que foi criado pelo outro nome presente na capa: Christoph Toussaint, pois é perceptível que o jogo não é um clone do Burgundy original, mas um jogo inspirado no original. Isso para mim foi bom, pois pude ter uma outra experiência. Obviamente, essa versão do jogo tem um maior elemento de sorte, pois você rola 4 dados (dois de cores e dois de números) e deve fazer uma combinação de uma cor e um número. Muitas vezes, você fará jogadas guiadas meramente pelo dado. É nesse momento que entram os modificadores, tanto de dado quanto de cor. Como só joguei sozinho, não sei o quão parecido ficam os tabuleiros após o final de uma partida, mas acredito que como todo Roll & Write, eles ficarão bem diferentes. Existem várias estratégias para seguir, mesmo com o engessamento causado pelos dados. Como cada rolagem abre 4 opções de escolha, deve gerar algo bem diferente no final para cada jogador. Eu gostei pouco da experiência solo, minha reclamação e até uma dica para quem estiver pretendendo criar jogos assim: não use demarcação de turno para indicar o andamento da sua partida, especialmente se seu jogo tiver muitas rodadas como esse. Uma partida solo de Burgundy Dice são 24 turnos. Então são 24 vezes que você precisa se lembrar de marcar um X para dar andamento correto na partida. Isso é demais e com certeza você vai esquecer de marcar um ou outro, deixando sua pontuação completamente louca. O manual diz que 50+ pontos é uma boa pontuação e na minha segunda partida fiz mais de 80. Óbvio que eu devo ter pulado uns 2 ou 3 turnos nessa brincadeira. Quero jogar com mais jogadores para ver o quão solitário ele é, pois não acredito que manteria o jogo apenas para jogar solo. |
070. Rhino Hero: Super Battle (2017) Joguinho de destreza, bem focado para o publico infantil. Jogos de destreza em geral tem essa roupagem, o que costuma até afastar alguns jogadores. Entretanto, eu, como amante de jogos de destreza, não me abalo por uma capa bobinha. E não me arrependi de ter adquirido. O jogo é bastante divertido. Basicamente, estamos construindo um castelo de cartas com cartas dobradas para fazer o suporte e você precisa mover seu meeple o mais alto possível nessa estrutura, enquanto enfrenta os demais jogadores no meio do caminho. Após duas partidas, tenho três críticas ao jogo. A primeira é algo conceitualmente impossível de resolver: não dá para jogar esse jogo em um ambiente ventilado. O motivo é simples: o vento vai derrubar a estrutura. Isso é um ligeiro problema para quem mora no Juazeiro do Norte. Que além de quente, precisamos fechar as janelas para o jogo não desmoronar. Apesar do calor, jogamos duas partidas! Então, temos um bom indicativo aqui. A segunda crítica que é o tamanho da caixa. Ela é grande demais para os componentes. E a terceira crítica, é que existe uma regra que você não pode “fechar” o meeple de um jogador, mas essa regra é um pouco vaga, afinal o que é fechar? Se tiver uma brecha vale? Precisa ser o espaço de um dedo? O espaço de dois dedos? Em todo caso, em uma mesa não tão faca na caveira de competitiva, o jogo fluiu de maneira excelente. Aprovadíssimo e ficará na coleção por enquanto… |
Acho que o desafio já era… Jogar 30 jogos em apenas 2 meses não é viável, até mesmo com o Spa dos Jogos eu diria que seria complicado, mas factível. Então, juntando com a falta do Spa e com meses de confraternização (poucas jogatinas) eu acho que 2018 será uma falha no Desafio 100N. Entretanto, insistirei! Tentar conhecer o máximo de jogos nesses meses que faltam.
2 de novembro de 2018
Eu gosto muito dessas analises. Uma dica pra por no glossário: trick taking.
2 de novembro de 2018
Valeu, Matheus. Opa, bem lembrado. =D
5 de novembro de 2018
Sou responsável pelas suas 3 decepções… rsrsrs.
5 de novembro de 2018
Eita, veja por esse lado: conheci mais jogos e não me arrependo de tê-los conhecidos (ok, talvez o Peloponnes eu tenha) hehehehe
E não foram bem “decepções”, pois eu não conhecia nenhum deles antes para ter alguma expectativa. =)