Mais um mês do Desafio, tirei a poeira de um dos jogos que eu tinha faz muito tempo e conheci alguns 1×1 nesse mês. Fato que raramente acontece, já que normalmente joga-se uma galera. Acho que foi um mês bacana em qualidade mas regular em quantidade. Confira você mesmo.
047. Junk Art (2016) Demorou oito meses, mas finalmente joguei Junk Art. Não sei bem a razão da demora. Talvez eu quisesse jogar com meu antigo grupo, pois foi o último jogo que adquiri por lá e ainda foi um presente; ou talvez eu estava com medo das peças se destruírem, pois são de madeira e algumas parecem frágeis. Bom, o que importa é que finalmente joguei. E aproveitei o embalo para jogar várias vezes. Junk Art é um jogo de destreza com vários “cenários” com regras diferentes. A vantagem disso é que você pode jogar vários jogos diferentes com uma única caixa, aumentando a rejogabilidade. Isso é bom, já que jogos de destreza sofrem com baixa rejogabilidade. Entretanto, a desvantagem é que existem cenários que são um tanto sem graça. Então, nesse momento inicial eu estou jogando cada cenário pelo menos uma vez para descobrir os mais interessantes. Até o momento joguei quase todos. No início eu devo ter dado azar com os cenários e joguei apenas 1×1, fiquei com uma má impressão do jogo. Entretanto, agora que conheci a maioria dos cenários, posso afirmar que o jogo é bacana sim. Existe um mix muito bem vindo de tática, destreza e sorte em um jogo tão simples. A maior desvantagem é o sistema de pontuação. Achei que é meio esquisito de cenário para cenário, fora que pode acontecer de jogar o último cenário de uma partida (usam-se 3 cenários por partida) sem a perspectiva de vitória por parte de alguns (ou vários) jogadores. No final das contas, o legal de Junk Art é a jornada, que é muito divertida, com momentos de tensão e engraçados. A pontuação é um mero acaso. Talvez eu teste fazer uma Copa Junk Art, usando todos os cenários em uma única partida. Acho que assim deve funcionar legal o sistema de pontuação, já que serão muitos cenários para mitigar os pontos. Só não sei se ficará longo demais. Em todo caso, jogo aprovado e ficará na coleção até bater aquele enjoo costumeiro dos jogos de destreza (espero que demore). |
048. Twilight Squabble (2016) Versão card game do jogo que uma vez foi Top #1 no BGG: Twilight Struggle. Este jogo também é 1×1 e envolve a mesma temática, mudando as mecânicas de uma maneira substancial. Os elementos que ficaram foi o cabo de guerra e a trilha espacial. Achei a jogabilidade bem diferente do original e, obviamente, muito mais rápido. A dinâmica ficou um pouco confusa, mas talvez tenha sido um problema de explicação. No final da partida eu estava entendendo todos os conceitos. A temática é meio que colada a cuspe, mas isso não me incomodou. Na realidade, quando eu jogo esses card games 1×1, eu foco mais as mecânicas e as decisões que você pode tomar. Esse jogo tem uma boa dose de decisões e você consegue fazer jogadas interessantes durante a partida, sendo que como as cartas são jogadas simultaneamente ele baixou um pouco no meu conceito. Não que jogadas simultâneas sejam ruins, mas como o impacto dessas jogadas é muito importante e são decisões que você faz “às cegas” (você tenta, mas não pode entrar na cabeça do oponente). Então, ficamos naquela leitura do oponente: eu sei que ele pode fazer isso, e ele sabe que eu sei, então ele fará ou não fará? Eu prefiro jogos que a leitura do oponente possa ser feita com base no blefe, neste jogo não há tanto blefe, só se o oponente ficar lhe interrogando. |
049. Haru Ichiban (2014) Mais um jogo do Bruno Cathala, pense em um Game Designer para lançar jogos. Dessa vez, o jogo é um abstrato com aquele tema básico por cima para render uma arte bacaninha. Vai parecer que estou implicando com o Cathala, mas esse jogo é mais um exemplo de Lazy Design. O negócio, é que Bruno Cathala é muito esperto e consegue fazer jogos rapidamente justamente por isso. Ele não faz tanto esforço para balancear um jogo ou para torná-lo interessante/dinâmico. Ele deixa todos esses aspectos na mão dos jogadores. E é justamente isso que acontece com Haru Ichiban. O negócio é que, convenhamos, o cara é bom. Para quem gosta desse estilo de jogo (que tem alta dependência dos jogadores da mesa), os jogos do Cathala são um prato cheio. Como não é meu estilo favorito, eu termino empacando em vários jogos dele, pois a sensação que me passa é justamente essa de que não houve um desenvolvimento do jogo e que minha vitória (ou derrota) está mais nas mãos dos meus oponentes do que na minha. Haru Ichiban é um jogo para 2 jogadores, no qual existe um leilão cego para definir como será o seu turno naquela rodada. Se você jogar o maior número, você fará X coisas, se você jogar o menor número fará Y coisas. X e Y não são necessariamente um forte e outro fraco. Tudo vai depender da situação do tabuleiro e das jogadas anteriores. Os jogadores vão jogando até formar algum padrão de Vitória Régia e ganhar alguns pontos. Vence o jogador que fizer 5 pontos primeiros e, para isso, podem ser necessárias algumas rodadas. No final das contas, apesar de toda a reclamação sobre a metodologia do Cathala, eu acho que funcionou bem nesse jogo. Primeiro por ser 1×1 e segundo pelo simples fato de que eu gosto de abstratos. Não compraria, pois existem abstratos muito melhores, mas jogaria novamente tranquilamente. |
050. Score Four (1967) Finalmente! Metade do Desafio alcançada com um jogo de antes de eu nascer. Este é basicamente jogo da velha 3D mas o tabuleiro com 4×4 e com a possibilidade de ficar com até 4 de altura. A ideia do jogo é justamente pontuar 4 peças suas. Seja na horizontal, vertical ou diagonal em qualquer direção que você conseguir, até mesmo fazendo uma espécie de escadinha na diagonal. A ideia do jogo é bem simples e funciona bem. Não é um jogão, mas joga rápido e dá algumas boas decisões. Como qualquer abstrato, é comum você perder por falta de atenção. Entretanto, é possível sim você elaborar uma jogada xeque-mate, isto é, que o oponente não consiga impedir sua vitória independente da jogada que ele faça. Joguei seis partidas em um mesmo dia e devo dizer que isso ocorreu apenas uma vez (e eu nem tinha reparado que tinha conseguido hehehe), todas as outras cinco partidas foram desatenção. Distrai e diverte, mas é aquele negócio: eu sou fã de abstratos. Talvez a maioria das pessoas não achem a menor graça. |
051. Medina (2014) Jogo publicado originalmente em 2001, mas a segunda edição (que foi a que adquiri e joguei) foi lançada em 2014. Medina é um jogo abstrato, mas que comporta de 2 à 4 jogadores no qual os jogadores estão construindo uma única grande Medina. Não é cooperativo, é apenas aquele típico jogo competitivo que os jogadores dividem o espaço de construção e todos pontuam sobre ele. Termina vencendo aquele que conseguiu melhorar aproveitar suas peças (e a dos outros) durante a partida. Seu funcionamento é bem simples: no seu turno o jogador deve colocar duas peças de madeira no tabuleiro. Essas peças incluem palácios, muralhas, estábulos e mercadores. Cada uma tem sua função, sendo a pontuação obtida em sua maioria pelos palácios que os jogadores clamarem para si, sendo as demais estruturas bonificações para esses palácios. A sacada do jogo, é que esses palácios são posicionados sem donos, até que eventualmente algum jogador coloque seu domo sobre ele. Quando ele faz isso, o palácio não pode mais crescer nem ser tomado por outro jogador. Então é um jogo meio que de Push your Luck sobre a mente do oponente: “devo fechar agora meu palácio com 4 ou espero dar mais uma volta na mesa para deixá-lo ainda maior?”. Requer bastante leitura da mesa e entender como funciona a cabeça dos jogadores naquela partida. Alguns jogadores são mais afobados. Então, se você demorar para pegar um palácio, talvez fique sem nenhum em uma boa posição. Alguns são mais lentos, então se você pegar um palácio cedo, talvez ele consiga depois construir um palácio muito maior do que o seu. Me lembrou bastante o Through the Desert, sendo que com uma interação mais forte ainda. Tem espaço para muita jogada marcando outros jogadores, se você for fraco de coração ou levar muito para o pessoal, talvez não seja o jogo para você. Então, é um jogo bastante dinâmico e com interação bem sangue nos olhos. Joguei duas vezes esse mês, ambas com 4 jogadores. Gostei e, por enquanto, ficará na coleção. |
052. Bärenpark (2017) A impressão que tive desse jogo é que poderia ser um Patchwork multiplayer. Como eu gosto de Patchwork, sempre tive a curiosidade de jogar Barenpark. E eles são de fato um pouco similares, mas não o suficiente. Meu problema com Barenpark é seu excesso de simplicidade. O jogo é totalmente focado na construção do parque, de tal modo que seu tudo é sobre otimizar a construção dele o máximo possível tentando. Isto é, fechar suas áreas o mais rápido possível com as melhores peças possíveis. Os objetivos dão um ar diferenciado ao jogo e contribuem para melhorá-lo, mas achei insuficiente. Eu, de fato, não sou fã de Gateways. Dito isto, eu jogaria Barenpark novamente, mas não é um jogo que me empolga. Jogando uma vez eu compreendi como ele funciona e não tenho aquela curiosidade boa de ver como me sairia em outra partida. Por incrível que pareça ainda prefiro minha antiga versão de Carcassonne (Hunters and Gatherers) do que Barenpark. É um jogo menos solitário (a interação de Barenpark é apenas em termos de “corrida” para pegar os tiles e objetivos) e com mais possibilidades para surpresas e jogadas interessantes. |
053. Carcassonne: South Seas (2017) Por falar em Carcassonne, conheci mais um esse mês. O twist dessa versão é que não existe mais uma trilha de pontos, os pontos são todos adquiridos por cumprir objetivos dispostos na mesa (existem sempre três deles). Cada objetivo tem uma série de recursos que você deve dar para conseguir cumpri-lo. A aquisição desses recursos é fechando as áreas, como no Carcassonne original. As estradas viraram pontes e dão conchas. As cidades viraram ilhas e dão bananas. E os fazendeiros nas áreas vastas, agora viraram pescadores e coletam peixes. Como o fazendeiro só pontua no final do jogo, eles resolveram isso inserindo um ícone de barco que “ativa” uma área de mar. Não gostei muito dessa versão, pois tive a impressão que a sorte é muito mais presente neste do que nos demais. Nas outras versões de Carcassonne você ganha ponto por qualquer coisa. Aqui não, você precisa cumprir os objetivos que por ventura necessitam de recursos que você pode não ter ou só conseguir de vez em quando. Como os outros jogadores também estão cumprindo, os objetivos vão mudando. Isso pode lhe ajudar (finalmente algo que você consegue fazer aparece) ou pode lhe atrapalhar (você tentava pegar um objetivo e foram lá antes de você). O pessoal já reclama que Carcassonne tem muita sorte com o sacar dos tiles, não compreendo como não reclamaram ainda mais dessa versão. Para completar existem menos meeples, fazendo com que se você tiver azar e nunca vir os tiles para fechar os locais que você se encontra, você ficará travado muito mais rapidamente. Joguei duas vezes no mesmo dia e deu para perceber que, obviamente, existe uma maneira de jogar bem e uma maneira de jogar mal, mas achei o fator sorte mais forte neste. Apesar dos pesares, é a versão mais bonita que já joguei. |
054. Taboo (1989) Um desses Party Games bem antigos que nunca joguei. É um jogo em times, no qual o jogador da vez precisa fazer com que seu time acerte o máximo de palavras possíveis em um determinado período de tempo (ampulheta medindo). A ideia é que ele pode dar qualquer dica (usando palavras), desde que não use as palavras listadas na carta como proibidas. Esses jogos de palavra são interessantes, com o limitante do tempo a pessoa precisa pensar sob pressão, mas não pode se deixar levar ou vai terminar soltando uma das palavras proibidas. Como a partida era apenas uma “volta” na mesa, jogamos três vezes o jogo, pois é realmente muito rápido. Diverte e cumpre seu propósito, mas como todo Party Game nesse estilo, existe a possibilidade de discussão do que pode e do que não pode. Com isso, tivemos alguns impasses durante a partida a última partida. Uma boa pedida para um grupo grande, mas requer apreciação com moderação. |
Ainda faltam 46 jogos e apenas 4 meses, isto é, 11/12 jogos por mês. Eu duvido conseguir cumprir o Desafio esse ano, mas a gente segue a luta!