Desafio 100N (2017) Março

Chegamos ao terceiro mês do desafio. Depois do fiasco de Fevereiro, esse mês foi bem mais produtivo. Se você perdeu os meses anteriores, você pode visitar as postagens de Janeiro ou de Fevereiro, ou seguir uma lista que fiz no Ludopedia. Vamos a listagem do mês.

15. Through the Ages: A New Story of Civilization (2015)
Apesar de não gostar de todos os jogos que joguei, acho o Vlaada um ótimo game designer, em especial pela sua versatilidade. Então, eu estava bem curioso em como ele abordaria um jogo de civilização. Infelizmente, o jogo não me agradou, pois apesar de ser uma versão revisada e nova, parece datado. O jogo usa um sistema de action points, o que proporciona turnos longos, deixando o downtime muito grande. Tem uma grande quantidade de detalhes que devem ser lembrados, o que atrapalha bastante o fluxo de uma primeira partida, por exemplo. Muito provavelmente não jogarei novamente, pois ao final da partida não me pareceu que fiz muita coisa. O jogo não passa nada épico, é muito seco, não cria uma história ao final da partida, é cansativo e você fica morgado esperando seu turno chegar. E olhe que nossa partida foi até rápida, apenas 4 horas e meia com 3 jogadores.
16. Discoveries (2015)
O jogo tem uma pegada puxando para um puzzle, pois o jogador precisa completar umas viagens gastando os ícones corretos na ordem correta e preferencialmente cumprindo duas cartas por vez. Eu gosto disso, mas acho que o jogo se perdeu um pouco no uso dos dados, uma rolagem boa pode lhe ajudar demais, enquanto que uma rolagem ruim pode lhe atrapalhar demais. Ficou desconexo a influência da sorte em um puzzle. A parte mais interessante do jogo é adquirir os dados dos oponentes e usá-los antes que eles sejam tomados de volta.
17. Elysium (2015)
Jogo leve com mecânicas interessantes de set collection. Você tem duas áreas no seu tableu, a parte de cima, nos quais as cartas possuem seus poderes; e a parte de baixo, chamada de Elysium, no qual suas cartas perdem o poder, mas passam a compor sets que darão pontos no final do jogo. Essa ideia de ter a carta como poder ou como ponto é bem legal, sendo que achei mal aproveitada no jogo. Os poderes não eram tão interessantes e na maioria das vezes a decisão é de enviar para o Elysium. Acho que as cartas deveriam ser bem poderosas, pois além de deixar o jogo mais dinâmico com combos diversificados, a decisão de colocar a carta no Elysium ou não seria um momento bem tenso e interessante. Gostei do jogo, infelizmente é “apenas” bom, quando poderia ser um jogão. Eu joguei o setup básico, talvez as cartas dos outros deuses deixem o jogo mais apimentado.
18. Sheriff of Nottingham (2014)
Eu já conhecia Robin Hood, Sheriff é basicamente uma versão “modernizada” do antigo jogo do Halaban. A maioria das mudanças melhorou o entendimento do jogo, ficou mais fácil, mas isso não implica que ficou tudo melhor. Talvez regras mais livres, para o jogo fluir melhor em uma atmosfera de party game mesmo. Em todo caso, é um dos poucos jogos de blefe que eu acho interessante. Infelizmente, como a maioria dos jogos de blefe, existe uma possibilidade (relativamente grande) do jogador vencer sem mentir. Isso pra mim diminui bastante a experiência do jogo, pois jogadas seguras e fáceis. Acho que Robin Hood é melhor nesse aspecto, pois nessa nova versão é possível descartar cartas todo o turno, ficando muito mais fácil juntar vários tipos de uma mesma mercadoria.
19. Spectral Rails (2011)
A cada jogo de pick-up and delivery que eu jogo, percebo que não sou fã da mecânica. O tema desse jogo é bem diferente, você está coletando almas com um trem. Basicamente é uma justificativa para sua linha ir se desfazendo aos poucos. A ideia é até boa, mas só perceptível após a primeira rodada do jogo, como se ela fosse uma fase de setup extra. Como as trilhas vão mudando durante a partida, o jogo vira muito tático, no qual o jogador deve otimizar suas ações de acordo com a configuração do tabuleiro naquele momento. Para quem gosta do estilo, deve ser uma boa pedida, pois é diferente da maioria dos outros jogos, da mesma mecânica, que joguei.
20. Codenames: Pictures (2016)
Já tem um tempo que conheço o Codenames original, que usa texto. Nessa versão a única diferença é que em vez de texto são figuras. A ideia é boa, pois a atmosfera de Codenames: Pictures é mais de um party game. Ao contrário do Codenames original, que é quase que um party game sommelier. Não sei se é o caso de outras mesas, mas achei mais difícil criar dicas conectando muitas cartas, o máximo que vi foram dicas de 3. Enquanto que eu Codenames já vi dicas de 5. Talvez seja o fato de que joguei essa versão apenas duas vezes. Em todo caso, prefiro a versão original, mas acho essa versão também um jogão. Vlaada foi genial em criar esse sistema que pode ser implementado com outros diversos temas e modificações sem modificar a mecânica central do jogo.
21. Abyss (2014)
Tenha visto, deste seu lançamento aqui no Brasil, o pessoal falando muito mal do Abyss. Os motivos são variados: preço, produção exagerada e até mesmo as mecânicas. Eu não sou muito fã do Bruno Cathala, juntando com as reclamações, não fui com muita expectativa. Pois não é que esse Abyss é o melhor jogo do Bruno Cathala? Tem um sistema de push-your-luck bem interessante, que apesar de não existir o bust (perder o turno por pressionar demais a sorte) há uma interação muito boa com os jogadores durante o seu turno. Achei a dinâmica do jogo muito bem bolada, não esperava mesmo. Downtime nulo. Não é um jogo excelente, mas com certeza é um bom jogo.
22. Istanbul (2014)
Que jogo rápido. Acho que a partida com 3 jogadores demorou apenas 30 minutos, talvez 40 minutos. Istanbul é basicamente uma corrida, no qual cada jogador tem que otimizar o uso de sua “pilha” de trabalhadores de acordo com a configuração do tabuleiro, que muda a cada partida. Não sou fã de jogos leves para família, que é o caso deste jogo, mas achei Istanbul bem resolvido para sua proposta. Minhas reclamações vão para o fator sorte da rolagem dos dados, rolam-se poucos dados e a variância do resultado é muito grande, pode custar a partida facilmente; e também acredito que o primeiro jogador tenha vantagem sobre os demais, mesmo com os outros jogadores começando com mais moedas. Gostei da mecânica central dos trabalhadores, mas acho que o jogo pecou em inserir os dados na obtenção de anéis e moedas. Parece que foi uma decisão forçada, para os dados não servirem apenas para mover os NPCs.
23. Macao (2009)
Tenho Macao na minha wishlist há muitos anos. A ideia de gerenciamento de recursos usando a rosa dos ventos e a aquisição de recursos com os dados me pareceu ótima, e de fato é. Entretanto, uma mecânica boa não, necessariamente, gera um bom jogo. Tirando a parte de gerenciamento de recursos, Macao falha em quase todos os outros quesitos. Jogo demorado para a profundidade estratégica que proporciona, cartas desbalanceadas nitidamente por nenhuma razão aparente, decisões extremamente táticas e com poucas possibilidades de estratégia, entregar recursos juntamente com as cartas de dobrar pontuação são extremamente poderosos, pontuação pelos aglomerados da sua cor são pouquíssimos comparado ao esforço necessário para formá-los. Em suma, um jogo de uma mecânica só. Eu até imaginei que talvez fosse meu hype pessoal que evitou que eu gostasse do jogo, mas a decisão foi unanime na mesa.
24. 7 Wonders Duel (2015)
Eu gosto dos jogos de 2 jogadores do Cathala. Então, fazia um bom tempo que eu queria conhecer 7 Wonders Duel. Joguei, gostei, mas esperava mais. Existem três maneiras de ganhar o jogo: militarmente, chegando até o final do militar; cientificamente, coletando os 6 tipos de cartas de ciência; e por pontos, se a partida não for vencida das outras duas maneiras os pontos são contatos e vence o jogador com mais pontos. Apesar dos três caminhos de vitória, não é muito viável alterar a estratégia no meio da partida e as estratégias que encerram o jogo antes do final parecem meio brainless (não requer pensar), especialmente a militar. Assim, quando o jogador vence de um desses dois modos não parece que mereceu a vitória, mas sim que foi sorte na disposição das cartas.
25. Masterline (2015)
Jogo abstrato simples de ter 5 engrenagens da sua cor em sequência. Achei que seria infinito, mas graças às engenhocas coringas não é. Sendo que o problema do jogo também vem das engenhocas coringas, pois como elas são muitos fortes e os jogadores compram cartas do mesmo baralho, quem pegar mais coringas tem uma chance maior de vencer. Em todo caso, gostei do jogo. Rapidinho e requer algumas táticas para vencer.
26. Caçadores da Galáxia (2015)
Jogo muito bonito, tanto em termos de arte como de graphic design (tirando os ícones inventados para coisas bastante específicas). O manual original é terrível, mas para minha sorte consegui o jogo bem tardiamente… Então, aprendi o jogo pelo novo manual de regras, que está muito melhor. Caçadores de Galáxia é um Eurogame com roupagem Ameritrash, eu não gosto muito dessas abordagens, pois vende ao jogador um tema (luta de robôs gigantes), mas as partes que deveriam ser temáticas não possuem a emoção ou simulação necessária para transmitir o tema, como as lutas contra os monstros que é basicamente gastar recursos para ganhar outros tipos de recursos. Eu gostei do jogo, achei bem bolado e parece balanceado. Sendo que achei problemática a forçada de barra com o tema, a repetição constante de ações de atacar e reparar durante todo o jogo e a duração elevada para um jogo que metade das ações são repetidas.
27. On Her Majesty’s Service (2015)
É um jogo abstrato com Take That, achei uma combinação bem esquisita. Os componentes são sensacionais, mas me pareceu uma produção exagerada para o que o jogo precisava. Algumas das cartas são claramente desbalanceadas, em especial a que permite roubar um Artefato. Eu sofri pouco ataque dos outros jogadores, então achei o jogo tranquilo, mas a impressão que passou é que pode ser extremamente frustrante ser roubado e existem muitas cartas para roubar todos os “recursos” existentes no jogo. Jogaria novamente, em uma mesa mais sangue nos olhos, para verificar o nível de frustração.
28. Mexica (2002)
Os zigurates são um dos melhores componentes que já vi em um jogo de tabuleiro, são pesados e tem uma pintura que dá um aspecto bonito e rústico. Tirando os componentes, temos mais um jogo de controle de área com pontos de ação da dupla Kiesling e Kramer. Existem reclamações sobre muito AP durante as partidas, mas acho que tive sorte na mesa que joguei, pois o jogo fluiu bem. Achei extremamente vantajoso ser o último jogador, eu pude “decidir” quando aconteceria a pontuação. Deixar esse tipo de poder nas mãos de um jogador em jogos de controle de área é muito problemático, pois é possível ganhar muitos pontos ao encerrar a partida sem que os outros tenham chance de reagir.

Para minha sorte eu não joguei muito dos lançamentos nacionais. Estou aproveitando esse desafio para me atualizar. De acordo com minhas contas eu consegui retomar o ritmo e até passar da quantidade esperada (25 jogos em 3 meses). Se eu conseguir manter esse ritmo, acho que consigo cumprir esse desafio, o problema é que estão acabando os jogos que os amigos possuem e que eu não conheço. Em todo caso, vejamos como vou me sair em Abril.

4 Comments

  1. Cássio
    6 de abril de 2017

    Amigo, estou acompanhando seu blog, ótimo conteúdo!

    Sobre Abyss, quando entrei no hobby há poucos meses, fiquei maravilhado com essa arte, mas achei que era um jogo mais pra praia temática. Quando vi que era um dos “chatos jogos sem miniaturas” deixei de lado. Ao evoluir meus gostos sobre jogos, voltei a ver algo sobre o jogo, vi um gameplay e fiquei bastante entusiasmado. O que pude análisar disso foi que a questão do Hype atrapalhou bastante o estabelecimento do jogo na comunidade. Pelo preço, talvez as pessoas esperavam outra coisa, pela arte também. Quem não queria pagar “rebaixou” o jogo, quem jogou e gostou ficou quieto porque achava que tinha algo errado com a própria opinião.

    Sobre Caçadores da Galáxia, também peguei mais tardiamente com manual v2 MUITO MELHOR que o original hahaha
    Existe também uma espécie de FAQ no grupo do Facebook. Consegui jogar apenas uma partida, gostei do jogo, te abre um leque muito grande de possibilidades, mas depois de algumas rodadas você já consegue traçar estratégias e tal.
    O jogo é bom.
    Meu único contra fica por conta do Setup. Adquiri um Insert MDF dito oficial mas não é tão eficiente em termos de armazenamento, apesar de diminuir o tempo de preparação. Ficar colocando os tilezinhos de evolução/upgrade do piloto/robo em cima do tabuleiro não é das atividades mais legais. Penso em alguma solução em acrilico para colocar sob esses tabuleiros e deixar sempre os tiles já encaixados. Por hora quando chamo alguém pra jogar preciso já deixar o jogo montado sob a mesa com antecedência.

    Responder
    1. Roberto
      6 de abril de 2017

      Oi Cássio, seja bem vindo ao blog e que bom que está gostando.

      Pois é, o Abyss coloca tanto investimento na arte e produção para vender um jogo simples de cartas. Daí o pessoal fica frustrado por não receber o que esperava (um jogo épico, talvez).

      A questão do Caçadores da Galáxia é que eu tenho outros jogos que prefiro com a mesma mecânica. Como o tema de robôs gigantes não é um atrativo para mim, ele não tem nenhum diferencial para me manter interessado. =)

      Responder
      1. Cássio
        24 de maio de 2017

        Só voltando pra comentar. Acabei adquirindo o Abyss + Kraken por um preço abaixo do justo pra um jogo tão bem produzido. Ele começam chamando atenção pela arte da capa, depois arte dos componentes, e depois as mecanicas que prendem a atenção de todos o tempo todo. Uma coisa legal que vi na entrevista do Bruno Cathala e o parceiro designer dele, é que o cara que cuidou da arte gráfica sugeriu que cada componente do jogo tivesse um formato diferente, o que auxilia ainda mais no entendimento e aprendizado. Existem cartas pequenas, grandes, localidades, monstros, moedas… achei uma ótima lição de game design (disponível no site oficial do jogo legendado).

        Responder
        1. Roberto
          24 de maio de 2017

          Sim, teve uma promoção bem interessante (os dois saiam por uns 200 reais) mas deixei passar… Interessante esse esquema dos formatos diferentes, o problema é o acréscimo no custo (talvez). Mas de fato, é um jogo muito bonito e bem pensado graficamente.

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